Por:
José Niza
José Niza
1. Numa recente reunião de banqueiros e de gente da alta finança, Fernando Ulrich, presidente do BPI, investiu contra o Banco de Portugal e contra o Governo: "Deixem-nos trabalhar!"
Isto traduzido para "banquês", significa: "Deixem-nos sacar à vontade! E não nos chateiem!"
Um ou dois dias depois, na primeira página do Diário de Notícias, escrevia-se: "Ter dinheiro no banco nunca valeu tão pouco".
2. Há pouco mais de um ano, os banqueiros de todo o mundo – uns mais, outros menos – quase estoiravam com a economia do planeta: caos financeiro, falências, desemprego, fome. Estamos ainda – e vamos continuar – a sofrer as consequências da crise. A recuperação vai ser lenta e vai custar sangue, suor e lágrimas.
Em Portugal, os escândalos começaram com as roubalheiras no BCP de Jardim Gonçalves. Depois foi o BPN, um banco que – para azar de Cavaco Silva – foi erguido, construído e destruído por ex-ministros seus. E, finalmente, o BPP de João Rendeiro, que ao contrário de Madoff, continua alegremente à solta na sua mansão na Quinta Patiño.
A impunidade endémica, a justiça paralítica e a contratação dos melhores e mais caros advogados do País, conseguem eternizar os processos, adiar os julgamentos, e garantir uma "dolce vita" a essa corja de assaltantes do alheio.
Marimbando-se para os dramas de meio milhão de desempregados, para o encerramento diário de fábricas, para a falência em catadupa de pequenas empresas, os bancos continuam a declarar lucros provocatórios e exorbitantes.
Se bem repararem, eles nunca anunciam prejuízos. O que às vezes acontece é que, com lágrimas de crocodilo, declaram uma "diminuição de lucros", isto é, qualquer coisa que reduz o escândalo para a infâmia, ou o assalto à mão armada para o roubo por esticão.
3. Recentemente, o Banco de Portugal tentou – muito timidamente e muito aquém do que seria justo e necessário – pôr cobro à chamada "usura" da banca nacional. Para isso fixou limites máximos para a cobrança de juros de empréstimos. Para o crédito pessoal o máximo são 19.6%. Para o crédito automóvel, 16,1%. E, para os cartões de crédito, 32.8%. (Sim, não é gralha, são mesmo 32,8%!)
Em contrapartida, quando um cidadão tem uma poupança para aplicar, por exemplo, num depósito a prazo, os mesmos bancos que cobram os juros atrás indicados oferecem-lhe entre 0,5% a 1% ao ano!
Vamos fazer uma simulação: eu tenho 10 mil euros para aplicar num depósito a prazo de um ano. Como me oferecem entre 0.5% e 1%, ao fim de um ano receberei entre 50 a 100 euros. Deduzindo, obrigatoriamente, 20% para o IRS, acabo por receber apenas entre 40 e 80 euros. Mas, como tenho um cartão de crédito, fui pagando despesas que atingiram um total também de 10 mil euros. Como tenho de pagar um juro de 32,8%, o banco vai cobrar-me a módica quantia de 3.280 euros!
Isto é, com os meus 10 mil euros – que são os que eu depositei a prazo – o banco paga-me, de juros, um máximo de 80 euros. Mas, simultaneamente, cobra-me 3.280 euros pelos créditos da utilização do cartão.
Em conclusão: com os meus 10 mil euros o banco, sem nenhum risco e menor trabalho, empochou a módica quantia de 3.200 euros! É como no totobola: "é fácil, é barato e dá milhões". Ou, como dizia o outro: "É fartar, vilanagem!"
4. Acompanhando o que já está a vigorar em países como a França, a Alemanha ou a Inglaterra, o Governo propõe-se aplicar uma taxa sobre os "bónus" que os banqueiros recebem para além dos vencimentos, e que constituem uma espécie de comissão sobre os resultados conseguidos. Os valores destes "bónus" atingem montantes incalculáveis e chocantes. No Reino Unido o valor da taxa vai ser de 50% sobre todos os prémios. É a doer. Esperemos que, neste país de brandos costumes, a nossa taxa não venha a ter um valor simbólico.
Para finalizar:
Não entendo a resistência do PS à "inversão do ónus da prova" em situações de "enriquecimento ilícito". O "meu" PS arrisca-se a ficar isolado no Parlamento, o que constituirá uma vergonha nacional, e entrará em colisão com a defesa dos seus valores mais profundos.
Não é passivamente, nem permissivamente, que se combate a corrupção. Nem para inverter o ónus da prova é preciso ter uma maioria absoluta. O Ribatejo
11 comentários:
O Sr. Dr. José Niza tinha obrigação de botar outros discursos, até pela sua formação Académica! Será que o sol que apanhou na zona do Ambrizete o toldou? Por lá já mandava as suas papaias como Oficial Médico, mas não eram lá muito consistentes! Passados tantos anos, ainda dá uma no cravo e outra na ferradura! O tema que comentou, não é assim tão simples meu caro!
Quem assim escreve, não passou pela Guerra de Angola e por outro lado, nem critica o que aquele escreveu, apenas pretende criar o desabono do seu carácter como homem e como político.
Como Político?! Político de quê?! Abra os olhos e não diga asneiras!
Político?! Essa é para rir!...
Digam o que disserem, José Niza tem razão. Acho até que foi muito brando no que escreveu.
POR CÁ ANDO CAMARADA
Alguem deve andar aí a rir quando se vê ao espelho. Não há dúvida que é para rir... que escreve assim terá que se rir de si próprio. Critica a pessoa e não o que ela escreve. Mal, muito mal.
Alguém explica quem é José Niza e o que faz? Li os comentários mas fiquei a saber o mesmo. Já agora, agradecia.
Manuel Castro
Meu Caro, se não sabe quem é José Niza também não vale a pena apresentá-lo.
Eu apenas queria a "sua apresentação"! Conheço o José Niza desde 1969, meu caro! Conhece Angola? Conhece Ambrizete? Conhece Zau Evua? Conhece Lufico? Sabe o que é um médico? Sabe o que é tocar guitarra? Já agora, sabe quem é José Niza? Pois é, o cavalheiro vai para lá, quando eu já de lá venho!
José Niza foi, tão simplesmente, um grande companheiro militar!
Acha que não sei quem é?!
Manuel Castro
Manuel de Castro, pf va a www.bcac2877.blogspot.com é o blog do Batalhao de Caçadores
Ao que sabemos, Jose Niza está um pouco "reformado" vivdndo proximo de Santarem
O José Niza não está um pouco reformado mas sim reformado. Mas mantém-se activo, claro, como qualquer outra pessoa. Vai dando uns toques com a guitarra e aparando a barba com os dedos, ao seu velho estilo, enquanto escreve uns artigos, como sempre gostou.
Manuel Castro
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