Os canídeos dos jardins de Belém
Os conflitos entre Presidência da República sempre existiram, principalmente quando se aproximava o final do segundo mandato dos Presidentes. Só que com Cavaco Silva esses conflitos não resultaram da proximidade do final de qualquer mandato, mas sim da oportunidade eleitoral provocada pela crise financeira.
Aquele que deveria ser imparcial deixou de o ser quando sonhou ter em São Bento uma figura menor, alguém que sempre foi uma ajudante de Cavaco. O resultado das próximas eleições legislativas serão fortemente marcadas pela actuação de Cavaco Silva, o presidente tudo tem feito para interferir no curso político do país em favor das suas ambições políticas caudilhistas. O que Cavaco pretende não é levar Manuela ao poder, é lançar o país na instabilidade política para chamar todo o poder a Belém.
Mas as diferenças entre Cavaco e os seus antecessores não se fica pela ambição pacóvia do actual presidente, enquanto os seus antecessores eram homens frontais, Cavaco Silva prefere manter o ar sonsinho em público lançando os seus assessores como se de fieis canídeos se tratasse. Desde há meses que a equipa de assessores de Cavaco Silva marcam a agenda política, ora ajudando Ferreira Leite a chegar à liderança do PSD, ora lançando intrigas na comunicação social, como sucedeu mais uma vez.
Tal nunca tinha sucedido em Portugal, os presidentes sempre foram presidentes, nunca tremeram das mãos, disseram piadolas sem sentido ou fizeram afirmações de inocência de banqueiros suspeitos. Partindo do princípio razoável de que Cavaco manda nos seus assessores (ainda que cada vez mais me pareça que o que sucede é o contrário) teremos que concluir que a intriga promovida por estes canídeos cinzentos foi ordenada pelo próprio Cavaco Silva.
Nunca a Presidência da República desceu tão baixo, ao ponto de começar a parecer que o presidente serve para meter os comentários nos bolsos do casaco enquanto a gestão política da Presidência da República.
De qualquer das formas há um aspecto positivo nas últimas insinuações lançadas pelos assessores, significam que as sondagens que Cavaco tanto consulta, as tais que lhe permitiram concluir que a maioria dos portugueses preferia as eleições autárquicas e legislativas na mesma data, o estão a incomodar. Só isso explica que evite comentar a situação económica, mas mande os assessores ocupar a primeira página do Público com insinuações que parecem saídas da mente irrequieta de algum colador de cartazes da JSD.<<In O Jumento>>
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