29 janeiro, 2009

Segredo de Justiça por onde andas?

Ontem a partir do meio da tarde, com uma metodologia estudada e programada ao pormenor, enquadrada numa eficiente estratégia de marketing comercial e político foi posta a circular a notícia. Armou-se a tenda.

Serviu para "tapar" a notícia do envolvimento de altas e gradas figuras nacionais e estrangeiras na área da finança, empresarial e política, no Banco Privado Português e no BPN este, em desenvolvimento no Parlamento.

A Operação Furacão, que pelos vistos, "envolve meia dúzia de pobretanas deste país que, quando apanhados no furacão da operação à fuga ao fisco, mais não fizeram que ir "pronta e voluntariamente", liquidar a falta dos seus deves fiscais.

Até agora, pouco ou mesmo nada de importante se sabe - valores, nomes de pessoas ou empresas.

Na Op. Furacão, não há fuga de informação ao segredo de justiça. Nada.

Por mais néscio que se seja, estúpido ou até sofrendo de uma dessas doenças "loucas" e com nomes esquisitos que por aí vão proliferando, não se pode acreditar só nas tais coincidências que aos ventos se vão explicando.

Os pormenores que constam desta e doutras notícias, relacionadas com o Freeport denunciam que "a garganta funda" que vai soprando as informações confidências, não só sabe o que faz, mas também, sabe como fazer, no espaço e no tempo.

O PGR e alguns dos seus subordinados, vão ter alguma dificuldade em explicar como é que ontem pela manhã, diziam uma coisa e no mesmo dia, com origem nos serviços de que são os máximos responsáveis, saíram informações que os desdizem, isto é, dizem exactamente o contrário.

Atente-se bem nos pormenores que estão com um sublinhado nosso.

Para Sócrates – é suspeito de , para Manuel Pedro e Charles Smith, apenas apontam os dedo.

Então que justiça é aquela em que o "corruptor", nem sequer é suspeito, mas tem motivos razoáveis para acreditar em "alegações de suborno" por parte de Sócrates. Isto é, acredita, mas não tem provas.

Charles Smith, que até disse que não conhecia Sócrates, confessou o pagamentos corruptos. Então este cidadão de sua Magestade nem sequer é argüido? Em Portugal ou no Reino Unido? A quem, como, quando, onde procedeu aos pagamentos?

Uma nota mais – a carta ficará para sempre anexa ao processo.

O conhecimento do número de volumes e de apensos ao processo é duma minudência que indicia até a possibilidade de quem cede ou faculta as noticias e informações tem acesso aos autos.

Alguém aí se lembra das diatribes da polícia Inglesa no caso Maddi?

A propósito, convém não esquecer que a Visão e SIC, onde foi longamente debatido o tema ontem pela noite dentro, é pertença do grupo onde o maior accionista é também um dos maiores accionistas e depositantes do BPP ( não será também do BPN ? – São da mesma família)

Vamos esperar, mas que é muito estranho, é.


 

Caso Freeport 

Polícia inglesa suspeita de José Sócrates 

A polícia inglesa considera que José Sócrates é suspeito de ter «solicitado, recebido, ou facilitado pagamentos» no âmbito do licenciamento do Freeport. Conheça os detalhes de um processo escaldante na VISÃO desta semana

O pequeno envelope continha uma grande bomba. No passado dia 19 de Janeiro, chegou a um gabinete do Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP), na Avenida Alexandre Herculano, em Lisboa, uma carta rogatória enviada pela polícia inglesa. Nesse documento, diz-se, explicitamente, que o primeiro-ministro José Sócrates é suspeito de ter «solicitado, recebido
ou facilitado pagamentos» no âmbito do processo relativo ao licenciamento do empreendimento Freeport, em Alcochete.

A carta foi enviada pelo Serious Fraud Office – a unidade da Justiça inglesa que averigua o crime económico mais complexo e que, desde 2007, investiga alegados desvios de dinheiro relacionados com a aprovação da construção daquele outlet. Os investigadores também apontam o dedo a Manuel Pedro e Charles Smith – consultores contratados pela Freeport PLC para ajudarem a concretizar as diligências conducentes ao licenciamento do projecto – e, ainda, a quatro responsáveis ingleses ligados à empresa promotora, e a dois outros portugueses envolvidos na operação, que a VISÃO apurou tratar-se de um outro funcionário da Smith&Pedro e de um técnico de uma organização da área do Ambiente. No que respeita a todos estes protagonistas, a polícia inglesa diz ter «motivos razoáveis» para acreditar em «alegações de suborno e de corrupção», prática que, remata a carta, entra «em contravenção com as leis de Inglaterra e do País de Gales». Contactado pela VISÃO, o gabinete do primeiro-ministro escusou-se a comentar a existência desta carta, que ficará para sempre anexa ao processo. O que demonstra um desejo claro, da parte da polícia britânica, de que as suas suspeitas fiquem devidamente registadas nos autos que já levam 12 volumes e mais de cem apensos.

Os magistrados que leram o documento, e que conduzem a investigação desde Setembro de 2008, ficaram estupefactos com a informação chegada de terras de Sua Majestade. Esta não era a primeira vez que as autoridades inglesas implicavam José Sócrates. A 17 de Novembro, Cândida Almeida, directora do DCIAP, viajou para Haia, acompanhada por Pedro do Carmo, subdirector da Polícia Judiciária (PJ) e Moreira da Silva, responsável pela unidade da PJ que investiga o crime económico. À sua espera estavam alguns elementos da polícia inglesa para uma reunião com vista a concertar estratégias relativamente ao caso do outlet.

Foi nesta altura que as autoridades portuguesas foram confrontadas com o teor de um DVD, que contém um registo áudio de uma conversa entre um administrador da Freeport e o intermediário Charles Smith. Nesse diálogo, Smith terá confessado pagamentos corruptos, durante a fase de licenciamento do empreendimento, em 2002, tendo o nome de José Sócrates – que, na altura, era ministro do Ambiente – sido mencionado. Cândida Almeida torceu de imediato o nariz perante esta exposição, alegando que, à luz da lei portuguesa, aquele material nunca seria admitido no processo. Para isso, a gravação da conversa deveria ter sido autorizada por um juiz. A directora do DCIAP recusou, também, a criação de uma equipa mista, com o propósito de investigar a conduta do primeiro-ministro português. Indignada, terá mesmo afirmado que jamais admitiria a interferência de uma polícia estrangeira numa investigação a um chefe de Governo.


 


 

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