06 janeiro, 2015

Justiça anda pelas horas da amargura


No DN, Ferreira Fernandes escreve assim e, sem mais comentários, porque neste pedaço de prosa está tudo dito sobre uma boa parte da miséria que é e em que está a nossa Justiça.


Infelizmente, esses raros exemplos criaram o mito de que há jornalismo de investigação em Portugal. Mas alimentar sucessivas capas sobre alegados dinheiros, contas e propriedades, ainda por cima apontados como escondidos, de um ex-primeiro-ministro é tarefa impraticável no miserável jornalismo português. Poderia desenvolver o tema, mas prefiro ir direito à impotência: há um ano, nenhum jornalista sabia dizer o número de porta do famigerado apartamento de Sócrates em Paris (nem se sabia, aliás, que havia um primeiro e um segundo). Isso para concluir o óbvio: não topam prédios de seis andares e dão com um processo fechado a sete chaves! Logo, o que tem sido publicado sobre o processo, a menos que haja um hacker norte-coreano, foi dado por fontes da investigação judicial. Não me interessa o que dizem os códigos, sei o que diz a decência: uma autoridade atacar um preso pela calada - com a cumplicidade vociferante de pombos-correios - é uma cobardia, sobretudo quando a mesma autoridade se serve da lei para calar o preso.»

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