Somos um país onde a terra acaba e o mar começa.
Somos um estado de espírito, um estado de alma. Temos dias.
Somos força, coragem, invenção, inteligência, criatividade.
Somos um pequeno país europeu com 866 anos de História encravado entre a Espanha e o mar. Os espanhóis entraram cá, mas corremos com eles. Napoleão também tentou, mas aconteceu-lhe o mesmo.
Que países – além de Portugal – tiveram navegadores que dessem tantos mundos ao Mundo como, Vasco da Gama, Pedro Álvares Cabral ou Fernão de Magalhães? Nenhum!
É um erro fatal esta nossa doentia obsessão de olhar para o Passado, só para o Passado, como se não houvesse, nem Presente, nem Futuro.
Falemos então do Presente.
Um Presente em que – como escreveu Manuel Alegre – já “não é possível suportar tanta mentira, tanta gente de esquerda a viver à direita: falta aqui o verbo ser/ e sobra o ter”.
Criou-se – por miopia e mal-dizer – a ideia de que os nossos políticos não prestam.
E então Durão Barroso, presidente da Comissão Europeia?
E então Mário Soares, o mais conhecido e reconhecido líder político português em todo o mundo?
E Jorge Sampaio, representante do Secretário-Geral das Nações Unidas para as questões mundiais da saúde?
E José Cutileiro, secretário-geral da UEO – União da Europa Ocidental?
E António Guterres, Alto Comissário das Nações Unidas para os refugiados?
E Vítor Constâncio, vice-presidente do Banco Central Europeu?
E Freitas do Amaral, presidente da Assembleia Geral da ONU?
Ou será que santos de casa não fazem milagres?
Que pequenos países têm artistas da dimensão universal de uma Amália, de um Zeca Afonso, de um Carlos Paredes?
Que países têm na sua História poetas como Luis de Camões ou Fernando Pessoa?
Quantos pequenos países do mundo têm prémios Nobel como Egas Moniz ou José Saramago?
E, para além de Siza Vieira e Eduardo Souto Moura, quantos arquitectos do mundo ganharam o prémio Pritzker, o Nobel da arquitectura, há dias entregue por Barak Obama ao criador do estádio de Braga?
E o futebol? E os Jogos Olímpicos?
Eusébio, Figo e Cristiano Ronaldo, os melhores do Mundo.
Carlos Lopes, Rosa Mota, Fernanda Ribeiro, Nelson Évora, só para falar em medalhas de ouro.
E o Mourinho?
E os campeões europeus de futebol, o Benfica e o Porto, duas vezes cada um?
E que país – além de Portugal – tem mais Patrimóno classificado pela UNESCO em todo o mundo? Nenhum!
E que país da dimensão de Portugal vê a sua língua falada por 270 milhões de pessoas – a quinta mais falada em todo o mundo – 27 vezes mais do que a sua população? Nenhum!
E que outro país do mundo – hoje como há 500 anos – tem tantas e valorosas gentes espalhadas “por toda a parte”, da Tailândia e do Japão, ao Canadá e aos Estados Unidos, da Índia ao Brasil, de Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, Cabo Verde, S. Tomé e Príncipe e Timor-Leste, à França, à Suíça, à Alemanha, ao Luxemburgo? Nenhum!
Como se vê, não somos assim tão maus como nos pintam. Ou como nos pintamos.
Precisamos de olhar para nós, olhos nos olhos. Com coragem.
Precisamos de mais juízo, de mais esperança e de mais paciência.
Precisamos de trabalhar melhor e de rabujar menos.
Precisamos de tudo isto. Urgentemente.
Temos de ser capazes. V
Vamos ser capazes.
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