Não há razão para suspeitar de que, desta vez, Passos Coelho esteja a mentir: «por acaso foi uma ideia minha» que desbloqueou o acordo com a Grécia. Segundo o próprio, é da sua autoria o destino a dar ao fundo de 50 mil milhões de euros que Schäuble exige que seja constituído com o recheio das privatizações na Grécia.
No entusiasmo juvenil de se pôr em bicos de pés, Passos Coelho perdeu uma oportunidade única de se fazer passar por estadista. Bastaria ter questionado, em lugar do palpite avulso, como é que a Grécia vai arranjar 50 mil milhões de euros. Vendendo as seis mil ilhas? Leiloando o Partenon?
Mas Passos Coelho é um homem que se deslumbra com pouco, porque não discute o que julga ser a ordem natural das coisas: «Foi justamente uma ideia que eu sugeri e que acabou por ser utilizada pelos negociadores com o primeiro-ministro grego». Ao reclamar a autoria do palpite, nem passou pela cabeça ao (alegado) primeiro-ministro português que a circunstância de ter estado 17 horas numa sala à espera que os «negociadores» chegassem, no compartimento ao lado, a um entendimento com Tsipras não o prestigia. Aproveitar uma ida de Merkel à casa de banho para se mostrar um aluno aplicado só reforça a posição subalterna a que é votado nos corredores do poder.
Com a aposentação de Barroso, o novo caniche de Angela Merkel dá pelo nome de Pedro.
14 julho, 2015
Pedro - O caniche
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