25 novembro, 2014

Operação Marquês - pedaços para a história

Mário Soares

“Sábado o país foi confrontado com um acontecimento que deixou todos os democratas imensamente preocupados. O que foi feito a um ex-primeiro-ministro com um enorme aparato lesivo do segredo de justiça não pode passar em vão”, escreveu esta terça-feira Mário Soares na coluna de opinião que escreve no Diário de Notícias,  “O tempo e a memória”.

O ex-presidente da República e figura histórica do Partido Socialista também aproveitou o espaço no diário para apontar o dedo à comunicação social e ao “espetáculo mediático” que tem feito, ao violar, também ela, o segredo de justiça. Mário Soares refere-se à revelação dos factos que só deveriam ser conhecidos quando o juiz se pronunciasse. “Independentemente do que está em causa e da separação de poderes entre a política e a justiça”, escreveu.

Sobre a prisão preventiva de José Sócrates, pelos crimes de fraude fiscal qualificada, branqueamento de capitais e corrupção, o ex-presidente da República disse ainda que ninguém sabe se foi a Procuradoria-Geral da República que comandou a polícia.”

Joao Soares

Considera injusta a medida de coação de prisão preventiva aplicada a José Sócrates, salientando estar preocupado com a “promiscuidade entre política e os negócios e entre a Justiça e a comunicação social”.

“Considero injusta a medida de coação de prisão preventiva aplicada (…) a José Sócrates. Conheço há muito e confio, como cidadão e advogado, em João Araújo, advogado de José Sócrates. Portanto, quero crer que essa medida é, como João Araújo disse, injustificada”, escreveu João Soares na sua conta pessoal no Facebook.

O antigo presidente da Câmara Municipal de Lisboa criticou também toda a situação e condução mediática do período que mediou o interrogatório do ex-governante.

“Desde o momento da sua detenção, e durante três dias, a investigação foi ‘libertando’ para a comunicação social os ‘factos’ que considerou necessários divulgar para ‘fundamentar’, junto da opinião pública, a medida de coacção mais gravosa. A cirurgia foi feita de tal forma que dispensou, no comunicado do Tribunal, a divulgação dos fundamentos da prisão preventiva. Enquanto cidadão, preocupa-me tanto a promiscuidade entre a política e os negócios, como entre a Justiça e a comunicação social”, refere no Facebook

 

PCTP-MRPP

 

O Partido Comunista dos Trabalhadores Portugueses (PCTP/MRPP) descreveu como “rocambolesca e provocatória” a prisão de José Sócrates. Num comunicado de imprensa, disponível na página oficial do partido e intitulado “Sobre a prisão de Sócrates – Contra-revolução em marcha”, o partido de inspiração maoista acusou a Polícia Judiciária (PJ), o Ministério Público (MP), o juiz Carlos Alexandre e a “polícia política” (SIRP e CIS) de estarem a protagonizar um “verdadeiro golpe de Estado (…) que visa directamente os partidos à esquerda do PSD”.

 

Apesar de admitir que “nunca morreu de simpatias por José Sócrates e pelo seu Governo”, o PCTP/MRPP disparou várias críticas na direção dos envolvidos na detenção e posterior prisão preventiva do antigo primeiro-ministro, acusando-os de quererem desviar as atenções de outros casos mediáticos, como a Operação Labirinto.

 

 

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