Ferreira Fernandes no DN
"A porta abriu e dela saiu, disparado para a proclamação ao país, o
primeiro-ministro. Infelizmente não há, como para mentirosos os detetores de
mentiras, máquinas para detetar os dead men walking. Se houvesse tal máquina,
tal como a rapidez de responder apanha os mentirosos, aquela precipitação para
os microfones mostraria o morto em pé, o condenado a caminho do cadafalso. Não
interessa qualquer análise ao discurso, tudo é tarde para Passos Coelho,
primeiro-ministro. O País já não o espera mais. A 6 de junho de 2011, dia
seguinte a Passos Coelho ter ganho as eleições, escrevi aqui que, dada a crise,
era este o caminho: "as obrigações de hoje (e do resto dos dias da nossa dívida)
exigem uma larga maioria", um Governo comprometendo todos, PSD, CDS e PS, numa
responsabilidade comum. Cínico, eu reconhecia na crónica que ela era para ser
lida "daqui a seis meses"... Hoje, nem diria "daqui a quase dois anos" porque
sei que protagonistas como Passos não entenderam nada. E é ele que apela, agora,
à responsabilidade conjunta dos "partidos do arco da governação"! Ele que não
entendeu que a política conjunta teria servido para que uns vigiassem os outros,
porque política é isso, acordos. A ter havido política, o cortar a direito à la
Gaspar não teria existido. Continuando a crise, e até com ela piorada, a
solução, sim, é a mesma, de conjunto. Mas há que passar por eleições, para lavar
os partidos das nódoas reveladas."
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