Falam, falam, inventam, para não ser avaliados
"O novo ministro, por quem tenho estima pessoal diga-se a título de declaração de interesses, bem se esforça por realizar a quadratura do círculo, ou seja, agradar a professores e sindicatos mantendo a avaliação. O que, como se sabe, é uma impossibilidade matemática já que os professores pura e simplesmente não querem qualquer tipo de avaliação. Toda a conversa sobre metodologias, sistemas, quotas, alunos, excesso de trabalho, burocracias, etc., só tem um único e muito preciso objetivo: inviabilizar qualquer processo de avaliação séria. Aliás, basta olhar para as "contrapropostas" da Fenprof. Remetem invariavelmente para a autoavaliação, ou seja, para avaliação nenhuma. " (JN)
1 comentário:
Começo por louvar a Administração deste blogue por permitir que aqui chegue todo o tipo de opiniões sobre as mais diversas questões. Depois agradeço por também os meus comentários poderem passar por este espaço.
Penso que não deixa de ser útil o confronto de pontos de vista quando o que se escreve possa estar, pelo menos de um dos lados, imbuído de boa intenção e contribuir para elucidar quem, eventualmente, esteja menos esclarecido sobre este ou aquele tema.
Sobre a questão presente, aqui aposta na linha do que vem de antes, o que vou anotar não é mero ponto de vista, como o não foram os comentários que há alguns dias aqui deixei, mas sim informações que espero venham a ser úteis a quem tiver a boa vontade de as ler.
O autor do texto com "JN" indicada no final, como fonte, e quem o encimou com a frase «Eles nunca quiseram a avaliação e continuam a não querer», deixam escapar uma de (pelo menos) três hipóteses:1 - não sabem do que falam; 2 - servem-se da questão para estimular reacções de um ou de outro lado; 3 - estimular reacções de ambos os lados. Neste último caso, sobretudo, até poderão ser profícuas as suas intenções.
Pela parte que me toca, sinto-me à vontade para abordar o assunto, pois nunca estive afecto a sindicatos (excepto ao S.T.S. que não tinha que ver com o Ensino, a cuja fundação estivera ligado após o 25 de Abril, mas do qual me desvinculei, pouco depois, por discordar de certas formas de actuação). É, pois, por estar por dentro da questão que sinto a obrigação de deixar aqui mais estes esclarecimentos.
Os professores querem, sim, ser avaliados. Sempre quiseram, sempre sentiram necessidade disso, para que "o trigo e o joio" não resultasse em "transgénico". Não concordam (e eu, que já lá não estou, também não concordo), por várias razões, é com o tipo de avaliação que nos últimos anos lhes quiseram impor. Razões legítimas, a principal das quais a falta de credibilidade de uma tal avaliação.
O actual Ministro da Educação mostrou um olhar diferente sobre a questão, e estou convicto de que, se pudesse, ele melhoraria as coisas. O problema é que ele tem de se regular pelo que também a ele é imposto. Daí que não possa fazer muito em favor de uma instrução/preparação/educação de verdade, na qual a maioria da população não está interessada para não ter de assumir as inerentes responsabilidades.
Como alvitrei anteriormente, aos governos não interessa a avaliação, no que ela encerra de fundamental. Se assim fosse, a imporiam àqueles que, no que respeita a colocações, estão acima dos professores, começando pelos seus ditos colaboradores directos... O que importa, para quem governa, é diminuir os gastos com a classe docente, enganando a opinião pública (que não tem opinião) com falsos argumentos e impedindo que os profissionais da educação progridam nas suas carreiras, como têm direito.
Depois vem este ou aquele cidadão com argumentos, alguns sem cabimento como o que diz que nas outras carreiras não sobe toda a gente.
É verdade, mas essa torna-se uma falsa questão quando trazida para esta ribalta.
Cingindo-me aos trabalhadores do Estado, como são os professores, e aludindo aos que integram diferentes classes e carreiras profissionais (com as designações existentes no tempo em que por lá passei, pois não conheço as actuais), direi que um escriturário não ganha tanto como um oficial e este ganha menos do que um chefe de secção e este menos do que um chefe de repartição ou de um técnico superior e estes menos do que um director e por aí adiante. Todos concordarão que assim seja, penso eu. Importante é ter-se em conta que se trata de diferentes lugares, em diferentes carreiras e com responsabilidades também distintas, inerentes a cada função.
Relativamente aos professores, o trabalho e a responsabilidade, em cada patamar de ensino, é igual para todos.
Então pergunto: porquê a imposição de cotas?
Fico por aqui.
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