Para ler com paciência e atenção.
É esta "agremiação de suicidas" que quer ter a confiança dos portugueses para governar o país?
António Nogueira Leite poderia ter citado os dois primeiros parágrafos da crónica de ontem, no Público, de Vasco Pulido Valente, intitulada Os suicidas:
'Pedro Santana Lopes diz que se sente cada vez mais distante do partido. Porquê? Em primeiro lugar, por causa do oportunismo, do bando a que ele chama "técnicos de representação permanentemente disponível". Em segundo lugar, porque o PSD não pensa no que é importante para o país, mas no que interessa a "alguns que nele militam" (em nomes Santana infelizmente não fala ). E, em terceiro lugar, porque "os dirigentes" fazem "mais guerra a companheiros do que a adversários". Como condenação, ninguém até agora foi mais longe: nem companheiros, nem adversários. Mas Santana não parou aqui. Propôs também a substituição de Pedro Passos Coelho, eleito há poucos meses, por Rui Rio, garantindo que "o perfil de gestor austero, frontal e rigoroso" de Rui Rio iria com certeza "suscitar muito maior entusiasmo".
E esse "gestor austero, frontal e rigoroso" não perdeu tempo. Começou por recusar. E, a seguir, explicou que já não chega "trocar de Governo" para pôr fim à profunda "decadência" do país. Segundo ele, só uma clara "mudança" de regime nos pode salvar e, sem essa mudança, a bancarrota é certa. Pior ainda: este génio do Porto e candidato a salvador da Pátria não se coibiu de revelar que o Estado não tinha força, que a justiça estava pior do que "no tempo da ditadura" e que a própria democracia não era mais do que a expressão de uma vontade minoritária. Donde se depreende que pelo menos parte do PSD deixou de ser um partido pacífico e legalista e passou a ser um partido "revolucionário", com Rui Rio e Pedro Santana Lopes por chefes. Convém tomar nota e boa nota desta pequena metamorfose.'
Mas o conselheiro de Passos Coelho preferiu chamar a atenção para o terceiro parágrafo da crónica, na qual Valente assegura que "a guerra civil voltou ao PSD":
'Entretanto, Pedro Passos Coelho tenta aguentar as coisas e descobrir uma via média entre as dezenas de notabilidades que pretendem correr já com o PS e as que pensam que é melhor esperar até Outubro de 2012. O inevitável Luís Filipe Menezes, que vem sempre à superfície quando há sarilhos, pensa que o país precisa de um "refrescamento" eleitoral. Aguiar-Branco quer a "remodelação" de Sócrates, Ângelo Correia, com a sua famosa lucidez, concorda. Mas Pacheco Pereira pede que Sócrates governe até 2013. Rui Rio pede que não se precipite a "revolução". E Capucho hesita. De qualquer maneira, a guerra civil voltou ao PSD e a cada episódio - seja ele a megalomania de Santana e Rio ou a despropositada paciência de Pacheco Pereira - a maioria absoluta com que ele desde Cavaco sonha fica mais longe e duvidosa. Aquela é de facto uma agremiação de suicidas.'
Se Nogueira Leite o diz, quem somos nós para o contestar?
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