31 outubro, 2009

Godinho – sempre ficou em prisão preventiva

Fica a dúvida porque terá levado tanto tempo a acontecer...

Também é caso para perguntar, porque razão não se sabem mais pormenores da “Operação Furacão”.

Só chegam ao conhecimento público as operações que interessam?

 

“É urgente sanear este país

Independentemente da eventual politização do caso Face Oculta, algo que decorre e práticas do Ministério Público ou de quem lá dentro gere as sistemáticas e cirúrgicas fugas ao segredo de justiça, a verdade é que este processo cheira mal e alguns dos nomes envolvidos não são novos nestas tropelias. A ser verdade aquilo que tem saído na comunicação social este caso revela a urgência em sanear o Estado e as empresas públicas, pondo fim a uma imensa teia que se foi tecendo ao longo de muitos anos e que hoje domina vastos sectores da sociedade.

Esse tal Manuel Godinho um vasto currículo e este processo só surpreende pelo facto de alguém que há muito deveria ter sido escorraçado dos negócios do Estado dá-se ao luxo de oferecer jantares caseiros a altas personalidades e, pelos vistos, até pretende decidir quem gere as maiores empresas públicas.

Recorde-se que este senhor, a quem os jornalistas ainda designam por “empresário” (se fosse italiano pertenceria à Camorra ou à Máfia) esteve em tempos envolvido num carrossel de negócios com a sucata graças ao qual terá conseguiu obter 100 milhões de euros em reembolsos fraudulentos. Acresce-se que na ocasião foi notícia que parte desse dinheiro foi investido num fundo imobiliário de uma empresa chamada Valor Alternativo, o Valor Alcântara, que era gerida por Dias Loureiro, na qual Jorge Coelho detinha uma participação e cujo maior accionista era um tal Rui Vilas, homem que já tinha estado na Fincor, uma corretora que criou o Banco Insular, banco que viria a ficar famoso quando estalou o caso BPN. Na gestão da Valor Alternativo, para além de Dias Loureiro que era o “chairman” (cargo que nalgumas empresas significa que em vez de se trabalhar trata-se da gestão de influências), Rui Tavares da Silva e a ex-chefe de gabinete de Luís Arnault, Rita Marques Guedes.

Temos, portanto, um sucateiro bem sucedido, que se movimenta ao mais alto nível das “elites” políticas e que beneficia de uma imensa teia de dirigentes de empresas públicas. Há muito que aqui se denuncia a existência de gangs que dominam importantes sectores de decisão do Estado, que sobrevivem às mudanças de governo e que, não raras vezes “abatem” directores-gerais e mesmo governantes que os incomodem. Basta ler os jornais com atenção, para se perceber que muitas da informação que alimenta alguns processos duvidosos tem origem nestas personagens.

Esta gente não brinca em serviço, aos poucos não só nomeiam administradores de empresas, directores-gerais, subdirectores-gerais, directores de serviços e chefes de divisão como vão posicionando os seus “amigos” de forma a assegurar que os cargos importantes serão sempre ocupados pelos seus. Quando se pensa que se saneou alguém duvidoso não raras vezes fica no lugar alguém que foi promovido pela mesma quadrilha.

De nada serve adoptar leis que apenas servem para inglês ver, se ao mesmo tempo se permite que o Estado seja infiltrado por mafiosos que ao longo do tempo instalam as suas metástases de tal forma que chegam a dominar importantes cadeias de decisão. Toda a gente sabe como se chega a dirigente em muitos serviços, há subdirectores-gerais que foram chefes de gabinete de conhecidos mafiosos ou cujas esposas foram secretárias de conhecidos banqueiros, toda a gente sabe quais são as empresas que empregam os filhos de altos quadros do Estado E quando aqui se denunciaram alguns destes casos chegou-se ao ridículo de se apresentarem queixas por supostas ofensas ao bom nome das instituições, chegou-se mesmo ao absurdo de vasculharem os mails de funcionários do fisco com o argumento ridículo das fugas para a imprensa.

É urgente sanear o Estado, acabar de vez com a influência de gangs, máfias e camorras que vão ganhando dimensão e, mais tarde ou mais cedo, vão ter poder financeiro para derrubar governantes e governos, tal como agora terão tentado derrubar gestores incómodos. É urgente acabar com esta farsa que muita gente insiste em fazer de conta que não vê e que, não raras vezes, tem sido alimentada pela partidarização dos cargos públicos.” ( O Jumento)

 

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