Treinadores (2)
Não é fácil pegar numa equipa feita por outro treinador e transformá-la numa equipa ganhadora, mesmo que no momento em que se chega crie boas expectativas e apresente propostas de mudança do modelo de jogo que pareçam representar uma mudança para melhor. Quando se chega com uma nova equipa de adjuntos, com novos hábitos de treino, com promessas de jogar ao ataque ou a garanti de que se resolverão os problemas da equipa os adeptos vêm renascer a esperança.
Mas quando começa o campeonato a sério descobrimos que os jogadores são os mesmos, os novos não chegam para implementar o modelo de jogo e no banco estão os suplentes do costume começam as dificuldades. Se ainda por cima a equipa joga mal e aparece um dos velhos jogadores a atirar as culpas para o treinador as coisas complicam. Afinal, o treinador mudou, mas a equipa é a mesma, com os mesmos vícios, os mesmos indispensáveis, os mesmos a mandar no balneário.
Como se isso não bastasse nem sempre as novas tácticas se revelam tão eficazes como pareciam quando foram estudadas, poderão agradar a alguns adeptos que querem ver golos a qualquer custo, mas a maioria dos adeptos não se revê na forma de jogar da equipa. A equipa começa a soçobrar.
Pedro Passos Coelho começou bem, trouxe algumas caras novas consigo mas tem e vai continuar a ter grandes dificuldades em mudar uma equipa que só sabe jogar de uma única forma, que é incapaz de mudar de modelo de jogo, que conta com os jogadores do costume e tem no banco os indispensáveis do costume.
De pouco serve definir uma nova estratégia se Pacheco Pereira vem a público questionar a estratégia e se acaba, como no caso da comissão parlamentar de inquérito, por fazer o que o velho balneário quer. A comissão de inquérito é um bom exemplo de como Pedro Passos Coelho não consegue mudar a equipa, ele bem quer um jogo mais inteligente mas os seus jogadores preferem continuar a jogar como dantes, atirando bolas para a área na esperança de marcar um golo de um ressalto ou, pior ainda, na esperança de o árbitro assinalar uma grande penalidade inexistente.
Uma coisa é ter treinado putos com sucesso e até ter ganho campeonatos nos escalões juvenis, outra é mudar uma equipa com vícios, jogadores cansados e enriquecidos, com figuras de peso que se julgam mais importante do que o treinador. Uma coisa é juntar um grupo de experts e definir uma táctica, outra é implementá-la e ganhar a confiança dos adeptos. É fácil dizer que se vai criar emprego, a dificuldade está em convencer os eleitores de que a melhor forma de promover a criação de emprego é alterar as regras do mercado de trabalho com o objectivo de facilitar o desemprego.
Pode ser muito difícil conseguir à fase final e liderar a equipa no campeonato do mundo, trambolhão aqui, rasteira acolá lá se chegou à fase final. O problema é que agora é mesmo necessário provar que os supostos conhecimentos técnicos farão com que a equipa jogue melhor. Não estou a ver Pedro Passos Coelho chegar à final continuando a ter Manuela Ferreira Leite na defesa, Pacheco Pereira no meio campo e Marques Mendes no ataque, mesmo que conte com os conselhos de um Marcelo Rebelo de Sousa armado em treinador de bancada.
Com uma equipa destas nem mesmo com Cavaco Silva a marcar faltas que ninguém viu e grandes penalidades que só ele imaginou Pedro Passos Coelho terá condições para ganhar qualquer campeonato, promete muito mas ficará pela primeira fase. Um pouco o que está acontecendo a Carlos Queiroz. (
OJumento)