O medo e a mentira
Estrutura capitalista está a desfazer-se, por imoral e autoritária.
Baptista-Bastos
06.07.2016
Maria Luís Albuquerque chegou, falou e disse: "Se eu ainda estivesse no Governo, a questão não existiria." Referia-se, a senhora, à ameaça de sanções a Portugal, por "incumprimento das regras". Acontece um porém: esse "incumprimento" é devido a políticas de que ela é responsável no anterior Executivo, acusa o PS.
Por outro lado, o ministro alemão Schauble afirmou que Portugal solicitara um resgate; depois, emendou a palavra, esclarecendo que Portugal, de facto, não solicitara nada, mas, se precisasse do tal resgate, tê-lo-ia. Este chuvisco de palavreado parece ser comum quando há decisões importantes a tomar, disse Marcelo Rebelo de Sousa.
É uma floresta de enganos, um acumular de aldrabices que se tornaram lugares-comuns, como a banalidade da torpeza. As declarações de Maria Luís Albuquerque não só fornecem a expressão de grande soberba como, sobretudo, denunciam a cumplicidade ideológica entre o PSD e os que realmente mandam na 'União' Europeia. Também revelam o verdete destes pelo actual governo português. E, igualmente, os processos de intimidação e de medo aplicados aos países mais frágeis.
Esta poderosa estrutura capitalista está a desfazer-se, por imoral e autoritária, e não há remendo que a rejuvenesça. Recentemente, o presidente da República Checa anunciou ir proceder a um referendo ao país, a fim de apurar se os checos querem ou não permanecer nesta organização e, também, na NATO. A comunicação social portuguesa manifesta, pelo silêncio ou pela minimização absurda dos factos, um desprezo absoluto. Presume que essa criminosa omissão beneficia um dos lados. Pelo contrário. E, hoje, é difícil sonegar a real natureza dos acontecimentos.
Luís Marques Mendes disse, na SIC, que a verdadeira oposição a este governo português é feita em Bruxelas, e que Maria Luís Albuquerque devia era estar calada. Realmente, não se pode mentir sempre.
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