Encontrei-me, por acaso e muito longe do meu habitual habitat, com um antigo companheiro da Guerra de África.
Fomos muitos, hoje já somos menos, mas sempre nos vamos encontrando.
Curiosamente, nem da Guerra falamos.
Conversamos sobre alguns dos nossos antigos camaradas, dando notícias um ao outro de algo que sabíamos sobre este ou aquele.
A troca de notícias sobre a morte de algum de nós, é sempre um tema doloroso e que nos trás à recordação passagens desses tempos de Angola, nos anos de 69, 70 e 1971.
Este camarada, já foi para a Guerra com um enorme trauma. Um seu irmão, mais velho tinha morrido por lá em combate uns anos antes.
Essa situação transformou o nosso homem num revoltado, sempre disposto a vingar a morte daquele.
Nunca largava a "sua MG", um pente bem comprido de munições cruzava o peito e o tronco e sempre , igualmente à mão, não fosse que elas faltassem, um cunhete de balas prontas a serem utilizadas.
Para nossa sorte e talvez também, para o IN (inimigo), nunca se confrontou directamente com aqueles que por razões óbvias odiava.
Regressou são e salvo.
Hoje, como todos nós, estamos velhos, uns mais cansados que outros, mas cansados.
No fundo, bem no fundo dos nossos espíritos, soube muito bem o encontro .