Penso que a cidade de Santarém está desencantada e desiludida. Porque acreditou muito num Messias, o dr. Francisco Moita Flores, que arrebatou votos em todas as áreas políticas aproveitando-se do desencanto que causou a gestão do PS durante décadas. Havia uma grande tristeza e desencanto pela gestão do PS e foi fácil a uma pessoa como Francisco Moita Flores, com o prestígio que tinha das telenovelas e dos livros publicados, agregar apoios que levaram à eleição no primeiro mandato e à reeleição para um segundo mandato.
No segundo mandato aproveitando também algumas divisões internas nos partidos da oposição.
Exactamente. Para ganhar votos apresentou algum trabalho feito, cativou as pessoas com as festas, com o fogo artifício e com os artistas. E o povo gosta realmente de gozar a vida e de brincar. É verdade que deixou obras feitas, mas para os outros pagarem. Essa é que é a realidade! A maior parte das obras feitas, como o Jardim da Liberdade, a aquisição da antiga EPC ou do presídio podem ser importantes para a cidade mas o município não tinha capacidade financeira para as concretizar. O concelho está hipotecado durante muitos anos.
Em relação ao negócio de aquisição do antigo quartel da Cavalaria, que são 16 milhões de euros a pagar em nove anos, acha que não devia ter sido feito nesta altura?
Acho que devia ter sido feito, não sei é se não haveria condições de fazer o negócio de outro modo. Porque quem vier a seguir vai receber um presente envenenado. Vai limitar-se a pagar dívidas, que são mais que muitas.
Um dos propósitos do actual presidente da Câmara de Santarém era o reforço da capitalidade regional de Santarém. Foi conseguido?
Santarém passou a estar no mapa com as várias iniciativas feitas, mas a custo do erário municipal. As comemorações nacionais do 10 de Junho, o concerto de José Carreras, tudo isso são coisas que custaram muito dinheiro.
O 10 de Junho foi um evento com retorno?
Tenho muitas dúvidas. Acho que não teve grande retorno. Teve grandes encargos.
Há quem diga que Moita Flores gastou demasiadas energias em conflitos com entidades como o CNEMA ou a Águas do Ribatejo.
Também penso que sim. Já para não falar a nível pessoal. Quem vai às assembleias municipais pode ver isso. Uma pessoa para afirmar a sua autoridade e a sua diferença política não precisa de tratar as pessoas da oposição do modo como tratou ao longo destes anos. Não havia necessidade.
Moita Flores não lhe vai deixar saudades.
A mim não. E penso que nos últimos tempos a sua popularidade tem caído muito."
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