04 maio, 2011

Trombilómetro

"Há anos, na tevê, um especialista em crimes resolvia a culpabilidade de Kate McCann, assim: "Uma mãe a quem se raptou a filha não tem cara impassível!" Ontem, na SIC, um especialista em economia, depois da intervenção de José Sócrates com Teixeira dos Santos ao lado, também resolveu um mistério: "Viram as caras dos dois? Cada um para o seu lado..." Esse é um dos problemas de Portugal: especialistas que analisam ao trombilómetro. Como sabem pouco da sua especialidade, recorrem demasiado à prova do algodão, passando-o no trombil dos protagonistas, tentando ler pistas. "Hmm, quanto ao défice, não sei, mas aquele piscar de olho diz-me que aqui há gato..." Um conhecido trombilometrista (e esse cito-o porque é contumaz, Marcelo Rebelo de Sousa) decretara, ainda ontem: "O desaparecimento de Teixeira dos Santos não dá para perceber." Horas depois, aparecia o ministro, ao lado do primeiro-ministro, que anunciou: vai haver 13.º e 14.º, não haverá despedimentos na função pública, não haverá cortes nas pensões acima dos 600 euros... - tudo contrário ao que antes fora fartamente noticiado, às vezes em manchetes. Pouco depois, sabia-se que o empréstimo era de 78 mil milhões (os jornais e tevês tinham apostado no quem dá mais: 105 mil milhões! 115 mil milhões!...) Afinal, já dá para perceber o que andou a fazer o ministro: estava a apagar falsas notícias." No "DN" Ferreira Fernandes


 

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