"Por: José Niza
Um padre-pedófilo norte-americano chamado Stephen Kiesle foi, em 1978, condenado em três anos por abusos sexuais praticados com crianças da sua diocese.
Uma dessas crianças – hoje adulta – foi uma rapariguinha de sete anos que o padre-pedófilo violou, violentou e vandalizou dentro da própria igreja onde dizia missa.
O bispo de Oakland, John Cummins, tentou junto do Vaticano que o padre-pedófilo fosse afastado, invocando a sua “convicção” de que essa solução “não seria um escândalo” e que, pelo contrário, “escândalo maior seria se continuasse a exercer o ministério”.
A primeira carta do bispo Cummins data de 1981 e foi dirigida ao cardeal Ratzinger, então responsável pela Congregação para a Doutrina da Fé, e hoje Papa Bento XVI.
O cardeal-papa levou quatro anos a responder. Quatro anos! Essa resposta – escrita em latim – foi recentemente divulgada pelo advogado das vítimas de pedofilia. E o Vaticano não teve outra saída que não fosse confirmar a sua existência e a sua veracidade.
Nessa carta, o cardeal Ratzinger opõe-se à destituição do padre-pedófilo alegando que, embora reconhecesse a “gravidade” do caso, o melhor seria não fazer nada “para bem da Igreja Universal”. Acrescentava ainda que a condenação do pedófilo pela Igreja “poderia causar graves prejuízos à comunidade dos fiéis de Cristo”.
Quem pensou e escreveu estas terríveis e inqualificáveis palavras é hoje o Papa!
Só dez anos depois o padre-pedófilo foi afastado da Igreja. E, mesmo assim, sem que, nessa altura, nenhum tribunal o tivesse condenado pelos crimes cometidos.
Só em 2001 a Congregação para a Doutrina da Fé foi autorizada a tratar de todos os milhares de casos de pedofilia existentes na Igreja Católica.
Vi agora na televisão – a chorar e a pedir justiça – a “menina” que o padre Kiesle violentou há cerca de trinta anos.
O cardeal Ratzinger – como foi obrigado a reconhecer e a confessar – abafou este caso. Como, aliás, aconteceu com milhares de outros na Igreja Católica dos Estados Unidos.
Este cardeal protector de pedófilos é hoje o Papa Bento XVI que dentro de dias será recebido em Portugal com as mais altas honrarias e com pompa, respeito e circunstância.
Tudo isto é tão escabroso, tão sórdido e tão nojento, que o melhor é ficar-me por aqui. Até porque, mais palavras, são desnecessárias. "
( O Ribatejano)