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05 dezembro, 2009

O circo da Justiça e da Informação




Exigiu-se a Vara que abandonasse o BCP debaixo de acusações graves que não se confirmaram.

Quando rebentou nos jornais o caso ‘Face Oculta’ e apareceram nas primeiras páginas personalidades como Armando Vara, José Penedos e outros, apodados de corruptos, com notícias, textos de opinião e transcrições de escutas telefónicas, aparentemente comprometedoras, a generalidade dos portugueses convenceu-se que a situação era grave e que o envolvimento em acções como as que vinham descritas só podia redundar num castigo exemplar, que todos subscreveriam.
Quando a poeira assentou, depois da refrega nos jornais, apareceu um cenário completamente diferente a exigir nova meditação e conclusões distintas. Talvez o caso que emergiu com maior nitidez seja o de Armando Vara, que optou por se afastar da administração do BCP ao mesmo tempo que ia afirmando a sua inocência. Aqui chegados, olhamos para as discrepâncias entre o que se dizia e o que realmente o juiz de instrução decidiu.
O Ministério Público pretendia uma caução superior a cem mil euros. O juiz decretou 25 mil. A "acusação" inicial era a de corrupção, associação criminosa, tráfico de influência, etc., etc..
A decisão final ficou-se apenas por "tráfico de influências".
Foram caindo por terra, uma a uma, as principais acusações a Armando Vara. Recebeu um saco de Manuel Godinho, afinal o saco continha um equipamento do Clube de Futebol Esmoriz. Numa outra ocasião "arrecadou" uma "prenda" suspeita. O que era? Uma caixa de robalos frescos.
Sobre José Penedos, que preferiu manter-se em silêncio, preservando o recato da sua defesa, anoto o que disse o seu advogado, esse grande senhor da advocacia, José Manuel Galvão Teles: "Em praticamente 50 anos de exercício de advocacia, dificilmente se encontrará decisão judicial tão distante e contraditória com a realidade dos factos e com os elementos probatórios constantes do processo."
A montanha parece ter parido um rato. Mas não é isso que me constrange. O que de facto me violenta como cidadão é constatar que é possível enxovalhar nas primeiras páginas dos jornais qualquer pessoa, para menos de um mês depois se verificar que o "crime" foram uns robalos e um equipamento de futebol. Exigiu-se a Armando Vara que abandonasse a vice-presidência do BCP debaixo de acusações graves que não se confirmaram.
Está tudo reduzido ao "tráfico de influências" sem se saber bem quem foi influenciado por Armando Vara e em que condições.
Arre que é demais!

29 novembro, 2009

Operação Paella

Quem são os arguidos? Não se pode conhecer as suas identidades? Segredo de Justiça? Só para quem interessa?
Mas então, sabe-se quem é o sucateiro (Armando Vara está no meio ?) e não se conhece que é "marisqueiro"?
Há diferença entre sucata e marisco para o segredo de justiça e para os jornalistas?

"Operação Paella: Prisão domiciliária para um dos oito arguidos" .ionline