| Era para ser a obra do século com um projecto de 96 milhões de euros. Não passou até agora de uma promessa megalómana de Moita Flores. O ex-autarca de Santarém desapareceu sem deixar rasto e o casario da Ribeira vai-se transformando em caliça. |
Quando Moita Flores chegou à Câmara de Santarém toda a gente acreditou que finalmente a Ribeira ia tornar-se de verdade a Veneza de Santarém. O autarca chegou a confessar que a aldeia era “a menina dos seus olhos” e não faltaram projectos que incluíam a construção de vários equipamentos públicos que nunca saíram do papel.
Moita Flores chegou a anunciar a amigos mais próximos que estava na altura de investirem na compra de imóveis abandonados pois a valorização era garantida com os projectos que estavam em curso. “Vai ser a maior obra do século”, dizia o autarca quando ainda erguia “castelos no ar” e muitos anos antes de abandonar a presidência da Câmara de Santarém para preparar com tempo e estratégia a candidatura à Câmara de Oeiras.
O MIRANTE visitou a Ribeira em tempo de cheias e a melhor frase que ouviu de um morador foi que Moita Flores pode ter muitas qualidades como escritor mas a falar tem uma língua-de-trapos e é um político vulgar que mente como qualquer outro da sua estirpe.
Como já recordamos (ver edição de 05/07/2012) em 30 de Setembro de 2007 foi apresentado em Lisboa um projecto de reabilitação urbana e da frente ribeirinha de Santarém, com um orçamento de 96 milhões, que era para implementar até 2014, mas as promessas estão à vista. Moita Flores deu dinheiro a ganhar aos projectistas, não se sabe quanto, mas o trabalho ficou por fazer e na memória só ficaram as fotos e as promessas que o vento levou.
Na última década a Ribeira de Santarém foi pretexto para as maiores aventuras demagógicas dos políticos principalmente de Moita Flores. O ex-presidente da câmara só não prometeu o céu aos moradores, e a alguns proprietários que têm os seus imóveis literalmente degradados e, com o passar do tempo, a ficarem cada vez mais em situação irrecuperável.
Um passeio pela Ribeira de Santarém logo a seguir às cheias deste ano originou algumas conversas que dizem bem da insatisfação dos moradores quanto às promessas dos políticos. Moita Flores terá dado o último tiro de pólvora seca no ânimo daquela gente que, embora se orgulhe da sua terra, percebe, a cada dia que passa, que a aldeia é um lugar perdido na paisagem para quem vê a lezíria das Portas do Sol ou do miradouro de São Bento.
Muito antes de Moita Flores abandonar Santarém e começar a trabalhar para a sua eleição em Oeiras, os responsáveis pela freguesia da Ribeira de Santarém esperavam uma satisfação do autarca. Há cerca de um ano Fernando Rodrigues, o presidente da Junta de Freguesia de Santa Iria da Ribeira, confessou a O MIRANTE que tinha esperança que o projecto ainda fosse uma realidade.
“Nós apoiámos todas as ideias mas infelizmente os dinheiros ficaram congelados e não houve possibilidade de pôr em acção esse projecto. O presidente Moita Flores devia dar uma palavra de conforto às pessoas antes de se ir embora”, afirmou, na altura Fernando Rodrigues.
A degradação do velho casario e o desprezo a que é votado a zona ribeirinha está à vista de todos e não parece ferir a imagem política nem de Moita Flores nem daqueles que ao longo destes últimos anos prometeram mundos e fundos para recuperar a denominada “Veneza de Santarém”.
Ultimamente, e devido ao estado de degradação da Igreja de Santa Iria da Ribeira, até os seus azulejos centenários tiveram que ser arrancados pois, com a possibilidade de derrocada de parte do edifício, estava em causa a sua preservação.
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