Já não querem julgar o Sócrates?
Logo a seguir À realização das eleições houve quem tivesse tido a brilhante ideias de julgar o José Sócrates por todos os males que atingem o país, os idiotas do costume correram às televisões dar conta da sua imensa sabedoria em leis e nessa coisa que agora designa por ciência política, os doutorados em direito vasculharam as leis e a jurisprudência e apareceram exaustos depois de tanta trabalheira lamentar que não encontraram o raio de um artigo por onde pudessem pegar no malfadado ex-primeiro-ministro. Esgotados os esforços dos idiotas mais crescidos foi a vez dos pirralhos, paspalhos e burros irem ao Procurador-Geral apresentar queixa. Ficava tudo em águas de bacalhau mas sempre dava para mais umas notícia, ainda por cima como naquele tempo estavam com um a fome ao Pinto Monteiro que até a baba lhes corria pelos caninos abaixo mal o processo fosse arquivado podia pedir a cabeça do Procurador-Geral acusando-o de protecção a um perigoso criminoso.
Passados poucos meses já ninguém quer julgar o Sócrates, os crescidos ou já foram devidamente remunerados ou esperam ansiosamente que os chineses os convidem para um lugar num qualquer conselho da REN, se não der para todos ainda podem ir para adjuntos do Relvas ou, quem sabe, para um dos altos cargos de motoristas pagos segundo o acordo colectivo de trabalho de uma escuderia de Fórmula Um, nestes tempos difíceis qualquer coisinha serve. Até os pirralhos desapareceram, devem ter pouco tempo pois já devem estar empossados em administradores de um qualquer hospital deste imenso Portugal dos Pequeninos, onde os idiotas crescidos só se distinguem dos pequeninos pela altura pois a idade mental parou no mesmo ano..
Compreendo que tenham desistido do processo Freeport e que o caso Face Oculta se arraste consumindo o dinheiro dos contribuintes, mas não aceito que até o latifundiário Palma tenha desaparecido, talvez ande a cuidar dos sobreiros e dos seus porcos enquanto o Sócrates se enfia na filosofia. Não aceito que tenham desistido de condenar Sócrates, num tempo em que a Constituição está a ser reciclada pelos papeis Renova, em que a presunção da inocência teve o mesmo fim que os subsídios e em que quem ganhar mais do que o ordenado mínimo ou tiveram menos do que muitos milhões terá de provar a sua honestidade se não quiser ir para a pildra, não teria custado nada à nossa brilhante ministra da Justiça fazer aprovar uma lei com efeitos retroactivos para poder levar Sócrates à barra do tribunal.
É uma pena porque não teríamos a oportunidade de condenar Sócrates ou outros responsáveis políticos do passado, como a lei poderá será aplicável, já sem efeitos retroactivos, ao governo em exercício. Seria interessante saber o que é mais criminoso, se apostar no ensino e na inovação ou desmantelar todo o ensino e investigação para apostar na pelintrice, se apostar no crescimento económico para enriquecer os portugueses apostar na recessão e para o conseguir empobrecer os portugueses. Seria muito interessante saber se deveríamos condenar Sócrates pelas consequências de uma crise financeira a que nenhum país europeu escapou ou condenar Passos Coelho e o Gaspar pelos portugueses que foram forçados ao suicídio, pelos que foram obrigados a viver debaixo da ponte, ou dos que tiraram os seus filhos da escola para que os ricos fiquem mais ricos e talvez decidam investir no país em vez de fugirem com o dinheiro para a Holanda.
É uma pena que Sócrates fique impune, Sócrates mais os que o antecederam e os que lhe sucederam, é uma pena que tenham desistido de o julgar na barra de um tribunal e que agora o juiz seja um qualquer Relvas que trata os jornalistas como se fossem testemunhas num tribunal plenário, ou dizem o que ele quer ou são postos no olho da rua e ainda levam um par de bofetadas se não se apressarem a dar de frosques. In " O Jumento"
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