Um diz:
Sendo homem de bom gosto literário, o secretário de Estado da Juventude, Alexandre Mestre, terá aproveitado a viagem de avião que o levou há um mês a S. Paulo, onde falou a representantes da comunidade portuguesa e jovens luso-brasileiros, para ler "A arte de morrer longe". Chegado ao destino, ainda sob o efeito da instigante escrita de Mário de Carvalho, não resistiu a, desvalorizando o receio da "fuga de cérebros", mandar morrer longe os jovens desempregados portugueses: "Se estamos no desemprego, temos de sair da zona de conforto e ir para além das nossas fronteiras".
Outro diz, o contrário
O actual Governo habituou-nos entretanto a dizer uma coisa às segundas, quartas e sextas e o seu contrário às terças, quintas e sábados. E coube ao omniministro Miguel Relvas emitir ontem a declaração de caducidade da posição do Governo em Outubro: "É importante que não retiremos de Portugal a massa crítica e massa cinzenta de qualidade".
É certo que o ministro só se referiu às "massas" (à cinzenta e à crítica, esta mais para o avermelhado) "de qualidade", deixando a porta de saída aberta às restantes; mas que farão todos aqueles, jovens e desempregados (o que, em Portugal, é o mesmo), que já iam a meio da ponte de passaporte na mão?; deverão regressar à "zona de conforto"?, prosseguir viagem?
Voltando a Mário de Carvalho, não "era bom que [os dois governantes trocassem] umas ideias sobre o assunto" antes de falarem dele em público?" ( jn )
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