Numa sequência esmagadora de texto e imagens, repetida na SIC Notícias, a SIC generalista abriu o Jornal da Noite com uma peça em que afirmava que "o Presidente não pode dizer que não foi informado da situação alarmante que lhe foi explicada pelos partidos, até com números", ao mesmo tempo que exibia no écran a página da agenda do Presidente no dia em que recebeu os partidos políticos para marcação das eleições regionais.
Na peça não faltaram as imagens do primeiro ministro durante a campanha para as legislativas a pedir a "responsabilização civil e criminal dos incumpridores", sinalizadas temporalmente pelo repórter com a frase "quando ainda só queria ser primeiro ministro", como que a mostrar a contradição entre as promessas e a prática actual .
Enquanto o Público, com distanciamento e rigor, revelou o "segredo" do Presidente, a SIC, duma "penada, "confrontou" o Presidente e o primeiro ministro com as suas próprias contradições, a saber:
- a agenda dos encontros do Presidente com os partidos madeirenses, como que a apontar a inevitabilidade de o Presidente ter sido informado sobre as contas da Região;
- a ambiguidade das declarações do Presidente, a dizer que "ninguém está imune aos sacrifícios" quando interpelado pelos jornalistas sobre o "buraco escondido" que afinal para o Presidente não era surpresa;
- a contradição entre o discurso pré-eleitoral do primeiro ministro, de defesa de uma ética de responsabilização dos "incumpridores", e a decepção do repórter bem espelhada no título de abertura da peça – "Mais de duas horas de conversa e para o País nenhuma explicação".
É caso para dizer que enquanto o Público revelou o "segredo" mal guardado do Presidente, a SIC encenou o "segredo" no labirinto das suas contradições. "
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