Vasco Pulido Valente, no Publico, sobre Cavaco Silva
«Qualquer que seja a ética jornalista e a importância política (para mim, muito pouca) do WikiLeaks, a coisa serviu pela menos para que o patego da rua visse ao natural os que mandam nele e soubesse o que eles de facto pensam de si próprios e dos seus patéticos parceiros. [...]
Cavaco, por exemplo, mostra, como de costume, toda a maturidade de um adolescente de 15 anos. Nem o Governo, nem Belém conseguiram reduzir a confrangedora vaidade com que saiu do seu buraco em 1980. O homem que raramente se enganava e nunca tinha dúvidas, o homem que trepava ao coqueiro e ganhava os 110 metros de barreiras, continua exactamente na mesma. O episódio da Sala Oval é uma prova definitiva. Vale a pena contar. Parece que o embaixador americano Hoffman disse num telegrama qualquer que o dr. Cavaco se recusara a fazer uma visita a Bush-pai [...] porque Bush-filho não o recebera na Sala Oval, para um daqueles retratos de autopropaganda que se põem em cima da secretária.
Perante esta afronta à sua figura histórica, e, por implicação, à pátria, o Presidente reagiu com toda a rapidez que o caso, como é óbvio, justificava. O embaixador, disse com dureza, mentia. E mentia, porque ele, Aníbal Cavaco Silva, fora com certeza o político português que estivera mais vezes na Sala Oval. Pensar que um torpe socialista (Soares no seu tempo ou depois Sampaio) o excedera na assídua frequência daquele santuário e que ele, por “vingança” como insinuava Hoffman, repelira o velho e carinhoso Bush, não passava de uma fantasia ou de uma intriga diplomática. Restabelecida a verdade, o país respirou de alívio. Ninguém mete tantos golos como Ronaldo e ninguém, por estas bandas, vai tanto à Sala Oval como Cavaco.
«Qualquer que seja a ética jornalista e a importância política (para mim, muito pouca) do WikiLeaks, a coisa serviu pela menos para que o patego da rua visse ao natural os que mandam nele e soubesse o que eles de facto pensam de si próprios e dos seus patéticos parceiros. [...]
Cavaco, por exemplo, mostra, como de costume, toda a maturidade de um adolescente de 15 anos. Nem o Governo, nem Belém conseguiram reduzir a confrangedora vaidade com que saiu do seu buraco em 1980. O homem que raramente se enganava e nunca tinha dúvidas, o homem que trepava ao coqueiro e ganhava os 110 metros de barreiras, continua exactamente na mesma. O episódio da Sala Oval é uma prova definitiva. Vale a pena contar. Parece que o embaixador americano Hoffman disse num telegrama qualquer que o dr. Cavaco se recusara a fazer uma visita a Bush-pai [...] porque Bush-filho não o recebera na Sala Oval, para um daqueles retratos de autopropaganda que se põem em cima da secretária.
Perante esta afronta à sua figura histórica, e, por implicação, à pátria, o Presidente reagiu com toda a rapidez que o caso, como é óbvio, justificava. O embaixador, disse com dureza, mentia. E mentia, porque ele, Aníbal Cavaco Silva, fora com certeza o político português que estivera mais vezes na Sala Oval. Pensar que um torpe socialista (Soares no seu tempo ou depois Sampaio) o excedera na assídua frequência daquele santuário e que ele, por “vingança” como insinuava Hoffman, repelira o velho e carinhoso Bush, não passava de uma fantasia ou de uma intriga diplomática. Restabelecida a verdade, o país respirou de alívio. Ninguém mete tantos golos como Ronaldo e ninguém, por estas bandas, vai tanto à Sala Oval como Cavaco.
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