E... ainda os querem novamente no Governo?""Se não houvesse apoios sociais, cerca de metade da população estaria em risco de pobreza e não tenho dúvida que as crianças e os jovens são os mais afetados pela política de austeridade do último Governo.” A uma semana do Dia Internacional de Erradicação da Pobreza, a afirmação, tendo em conta uma recolha de dados da Pordata, sintetiza a causa assumida por Carlos Farinha Rodrigues, responsável pelos principais estudos sobre o flagelo em Portugal.Entre 2011 e 2013, a taxa de risco de pobreza passou de 45,4 para 47,8%, incluindo neste número, a perda de apoios como pensões de sobrevivência, reformas e outras transferências sociais de suporte à família, educação, habitação, doença ou desemprego. Farinha Rodrigues acredita que, apesar dos primeiros sinais de recuperação económica, a situação da pobreza continuará a agravar-se. “É pior do que há dez anos, o que pede decisões políticas ao mais alto nível”. Exige medidas: “Não basta atribuir esta responsabilidade ao ministro da Segurança Social, porque qualquer assinatura de um ministro das Finanças tem mais poder.” E propõe a criação de um gabinete adjunto do próprio primeiro-ministro, “Sarkozy já o fez e era um governo de direita”.Professor do Instituto Superior de Economia e Gestão, Farinha Rodrigues coordena a preparação, em parceria com a Fundação Francisco Manuel dos Santos, do que deverá ser o mais extenso retrato das desigualdades sociais em Portugal. O estudo será apresentado no início do próximo ano mas, até lá, o economista não desiste de ver o combate à pobreza assumido como causa nacional, retomando a preocupação com os mais frágeis. “Mesmo quando a pobreza diminuía no país, a tendência não foi acompanhada pelos jovens e crianças” alerta.“As crianças não têm rendimentos, logo, se estão em situação de pobreza é porque a família também está. Para tirá-las deste contexto, os apoios têm de incluir as famílias”, propõe. Como? Através, por exemplo, da redefinição do abono de família. Farinha Rodrigues defende o aumento do valor das prestações — “Quando se acabou com a universalidade, mantiveram-se os valores irrisórios. Foi um erro” — e discorda de uma atribuição generalizada. Mas acredita que, “o abono deveria chegar à classe média” e “ser conjugado com medidas de suporte à escolaridade e à saúde das crianças”."" In "Expresso"
12 outubro, 2015
Pobreza de mais de metade dos portugueses
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