O “sucesso” do resgate português é uma história de crianças
Junho 28, 2015 por
No momento em que todos reconhecem que a Europa vive um momento histórico, correndo o risco de desmembramento com a possível saída da Grécia do euro, e quando está à vista o fracasso dos programas de resgate aplicados àquele País e também a Portugal, impor-se-ia uma reflexão profunda sobre o que falhou e porque insistem a Europa e o FMI numa receita que, como eles bem sabem, conduz os países onde é aplicada a mais pobreza, mais desemprego e mais dívida.
A verdade é que sabemos pouco sobre o resgate português. Sabemos, isso sim, o que sofremos, os cortes nos rendimentos – vencimentos ou pensões – as coisas de que abdicámos, os sonhos que deixámos para trás, a esperança perdida em dias melhores.
Agora que o “sucesso” de Portugal passou a ser instrumentalizado como arma de arremesso contra a Grécia – porque nós nos portámos bem, e eles se portaram mal – seria útil fazer a história destes anos de chumbo vividos sob a troika, de que ainda não nos livrámos apesar de o governo dizer o contrário (vidé os relatórios ameaçadores do FMI).
Seria bom analisar os documentos, cartas, emails, telefonemas, video-conferências (terão sido gravados?) trocados entre os governantes portugueses e os funcionários da troika, que em Lisboa, Bruxelas ou Nova York ditavam as regras a Passos Coelho, Vítor Gaspar, Maria Luís Albuquerque e aqueles que os acolitavam.
Essa história vai ter que ser feita um dia e quanto mais depressa melhor, antes que as secretárias se esvaziem e os arquivos sejam apagados, como tem acontecido em momentos importantes da nossa hstória.
Os portugueses sabem melhor que ninguém que a história do “sucesso” português é uma história de crianças (para usar as palavras de Passos Coelho sobre a Grécia).
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