15 agosto, 2007

Em que ficamos ?

Recordo há alguns anos atrás, ter passado pelos jornais uma notícia que denunciava o desaparecimento de droga apreendida, proveniente de negócio de traficantes, dentro das instalações da PJ. À data, tal terá passado quase despercebido, pelo menos não terá vindo a público, a instauração de qualquer processo de inquérito e muito menos qualquer penalização aos infratores. De tal facto, tambem não recordo que a notícia tivesse sido desmentida.
Nos dias de hoje, voltam à ribalta mais situações de desconforto, passadas no interior e com elementos daquela polícia.
As noticias confrontam-nos com situações que, por se suporem, verdadeiras, deixam o mais comum dos cidadãos debaixo de grande e natural preocupação.
Um elemento da PJ está arguido num processo em que fornece a jornalista informação que contribui para difamar alguem.
Outro ou outros, assobia alguem, a data e a hora que supostamente aquele será chamado a depor. Outro ou outros, em tempos, terão informado a data e a hora, a este ou aquele canal de TV, sobre a possibilidade de alguem mediático vir a ser preso.
O dinheiro dos passadores e alguma droga, são desviados, por responsável dessa área.
Agora, uns suposto agentes, fazem um dossier anónimo, para contrapor a uma situação que se encontra em fase de instrução ou julgamento.
Agentes, dentro da sua própria casa, utilizam o anonimato ?
Em que ficamos ?

1 comentário:

O Cu de Oeiras disse...

RELATÓRIO ENVIADO AO PGR

O procurador-geral da República (PGR), Fernando Pinto Monteiro, é o principal destinatário da longa denúncia efectuada por um inspector da DCITE.

No entanto, conforme garantiu fonte da Procuradoria-Geral da República, “o senhor PGR e o senhor vice-PGR (Mário Gomes Dias) não receberam até agora nenhum relatório. Se vier a ser recebido "ser-lhe-á dado de imediato o destino conveniente”, informou fonte do gabinete de Pinto Monteiro, que ontem entrou de férias.

Ao longo das 78 páginas, o autor das denúncias faz várias referências ao procurador-geral e escreve mesmo que lhe ficará “reconhecido se acabar com esta vergonha”. “Para que não se alastre mais porque vê-se perfeitamente: quando há uma apreensão de droga quase se matam uns aos outros para ver quem são os colegas que vão a essa diligência”, acrescenta o denunciante, ao mesmo tempo que acusa 27 inspectores da secção de combate à droga.

DESVIADOS 300 QUILOS EM 2005

A Judiciária fez uma das maiores apreensões de sempre em (...), no dia (...) de Junho de 2005. “Apanhámos 150 fardos de cocaína, 30 quilos cada, no total de 4500 quilos”, denuncia “um inspector da DCITE”. Foram detidos dois estrangeiros e dois portugueses, mas, “na Comunicação Social vinha noticiada a apreensão de 4200 quilos – foram desviados 300”. Em (...), no mesmo Verão, “foi preso o indivíduo (...) no aeroporto de Lisboa com cinco quilos de cocaína, mas na acusação só foi confrontado com 3,5”. Ainda no mesmo Verão, “foram apanhados três homens no porto comercial de (...) com um total de 1400 quilos de haxixe num veleiro, em fardos. Nessa operação, foram retirados 300 quilos”. Um guarda prisional, detido no mesmo Verão, “viu serem desviados 435 quilos de cocaína entre 1000 com que foi apanhado.

CRONOLOGIA

6 DE JULHO

Vem a público que desapareceram mais de 90 mil euros na PJ. A coordenadora Ana Paula Matos é suspeita.

11 DE JULHO

José Braz, director nacional adjunto e responsável pela DCITE, demite-se na sequência do escândalo do desaparecimento de dinheiro da droga.

13 DE JULHO

Tem início a sindicância à DCITE. O mal-estar está instalado na PJ, devido ao clima de “suspeição”, e a secção está praticamente parada.

25 DE JULHO

A ex-coordenadora Ana Paula Matos é detida e fica em prisão preventiva. O juiz Alfredo Costa entende que há fortes indícios sobre a inspectora.

NOTAS

DENÚNCIA COM 78 PÁGINAS

O documento a que o CM teve acesso descreve, em 78 páginas e ao pormenor, dezenas de operações em que a PJ poderá ter desviado droga apreendida.

POLÉMICA COM INFILTRADOS

Os agentes infiltrados, elementos que conhecem por dentro o mundo do tráfico, podem ser utilizados mas não como provocadores – a incitar o crime.

RESPONSÁVEIS MENCIONADOS

Na denúncia com destino à Procuradoria-Geral da República e ao ministro da Justiça são apontados nomes de altos responsáveis da Polícia Judiciária.

Após esses detalhes começam a vir as perguntas: Em quem confiar ? Será que estamos seguros ? Como se explica isso ? Como se explicam os sinais de riqueza de alguns agentes da PJ à porta da sede nacional ? Será que vão achar os responsáveis ? Quem são os responsáveis ? Será que alguem vai ser punido ?