21 novembro, 2008

Magalhaes - e-escolinha

Por aqui se vê que "eles" não querem fazer mesmo nada.
Quantos "professores sindicalistas", sem darem uma unica aula, anos e anos a fio, estão neste sindicato (http://www.spn.pt/?aba=27&cat=118&mid=115) a receber o seu vencimento pelo Orçamento Geral do Estado, pagos pelos contribuintes a escreverem textos deste tipo?

MAGALHÃES - ou a forma de "promover" os Professores a delegados comerciais
O Ministério da Educação, mais uma vez num registo funcionarizado de encarar a função docente, exige ao professor do 1º CEB tarefas burocráticas que nada têm que ver com o conteúdo funcional da docência, promovendo-o a funcionário administrativo ou, melhor ainda, a delegado comercial. O caso passa-se com o "Magalhães". Seguindo os preceitos da romaria popular, numa espécie de "ó Maria, vou prá festa", com o patrocínio da Intel, o governo e o ME faz de comissão de festas e lança os foguetes, as direcções regionais batem palmas e enviam orientações para as escolas e os professores do 1º CEB apanham as canas e operacionalizam todo o processo, através da realização de todas as tarefas próprias de um delegado comercial.

Assim, ainda que na posse de informações escassas, os docentes têm de informar os encarregados de educação sobre o "Magalhães"; fornecer os documentos de adesão e, não raramente, preenchê-los quando solicitados pelos pais; recepcionar e validar as fichas e os termos de responsabilidade; inscrever os alunos no sítio da net, obtendo do sistema o código de validação de cada um (situação que não se tem revelado nada fácil por inacessibilidade ao respectivo sítio da net),... Como se não bastasse este informar, entregar, preencher, inscrever, verificar e aguardar, ainda temos mais! Sim, o professor tem de assinalar a efectivação dos pagamentos, receber e entregar às operadoras as respectivas facturas... Pausa. Não será estranho também a utilização do NIF do professor em vez do BI?? Continuemos. Compete, ainda, ao professor receber e distribuir os computadores e, finalmente, estabelecer regras para a utilização do computador em sala de aula aquela que (num Estado decente - e não demente!) seria a única de todas as funções que deveria caber ao professor!

Acresce que o ME se esqueceu de estabelecer os tempos e os espaços para estas "novas funções docentes". Com um horário carregadíssimo, resultado do total desrespeito do ME pelo Memorando de Entendimento (fazendo tábua rasa do acordado com os Sindicatos e plasmado em diploma legal), pensará o ME que todo este trabalho de operacionalização do programa e-escolinha será feito à custa das poucas horas que o professor tem para preparar as aulas e à custa da sua vida privada?

É caso para perguntar: onde fica a qualidade que se pretende da leccionação? Ou não se pretende? Pois parece que não! Basta relembrar os últimos acontecimentos. Primeiro, foi o retalhar dos horários, privilegiando as prioridades e os interesses dos promotores das AECs que, de repente, passaram a ser a coisa mais importante da actividade escolar, relegando para segundo plano o próprio horário pedagógico, sublinha-se pedagógico. Depois, o turbilhão de actividades impostas aos professores como o apoio ao estudo, o elevado número de reuniões que raramente duram o estipulado, actividades de supervisão das AECs, atendimento aos pais, acções de formação pós-laboral,... a que se juntam os longos e inimagináveis procedimentos deste inarrável modelo da avaliação de desempenho. E pronto, lá se vai a componente individual do professor. Agora, temos o ?Magalhães? que ameaça acabar com a vida pessoal dos docentes.

Tudo isto está a deixar os professores do 1º CEB indignadíssimos e exaustos, causando um sentimento de desilusão e desespero levado ao expoente máximo. Decididamente, cabe perguntar ao ME o que realmente pretende dos professores portugueses. Em princípio, a sua actividade não deveria privilegiar a docência? Pensando bem, se calhar nem vale a pena, pois a resposta parece óbvia - "Docência? Sim, sim, claro que sim,... nas horas vagas!"...
Não! Definitivamente, assim não se pode ser professor! E porque o queremos continuar a ser, dia 8 de Novembro, vamos, mais uma vez, dizê-lo ao país - Basta! Deixem-nos ser professores!
(Que dirão a maioria dos pais deste texto ? )

Exº(ª) Senhor(a)
Presidente do Conselho Executivo
do Agrupamento ..................
Assunto: Programa e-escolinha – Inserção de dados pelo docente Subsistindo fundadas dúvidas relativamente à inserção destas tarefas no conteúdo funcional do meu/nosso serviço docente, solicito muito respeitosamente a V. Exª que seja servido indicar-me qual o quadro normativo que sustenta a obrigatoriedade do cumprimento da referida função. Com os melhores cumprimentos O(s) Professor(es)
Alguns professores, terão mesmo alguma dificuldade em "escrever" uma carta ou ofício.
De tal forma que o Sindicato sentiu necessidade de "publicar no seu Sitio um espécimen".

4 comentários:

Anónimo disse...

O texto "MAGALHÃES" não é um texto literário, no sentido artístico do termo, nem é necessário porque a sua função é objectiva, directa e informativa.
Bom seria que todos o soubessem interpretar, para que os responsáveis governamentais envolvidos na problemática da educação não se sentissem tão a-vontade para brincarem às "escolinhas".
O texto é elucidativo do que se passa, e só não o entende quem está de má fé.

Alguém, que deve saber bem o que diz, já alertou, noutros locais deste blog, que aos governantes não interessa que o povo português cresça em mentalidade, cultura e saber, factores que conduzem à capacidade de crítica, e não interessa porque assim mais facilmente se mantêm no poleiro.
Ora, assim sendo, porque razão haverão eles de respeitarem os profissionais da educação? Porque motivo terão de valorizar a actividade docente?
E saberão eles o que é a docência?

Coitados dos professores que um dia sonharam em contribuir para um mundo melhor!!! A frustração deles deve ser enorme, desesperante!!!

Para os outros, os tais, que os há, que foram parar ao ensino por não arranjarem outra coisa..., até nem fazem grande diferença as manobras do Ministério da Educação. Porque esses pseudoprofissionais têm sempre tacho garantido, até no Governo. Felizmente que são uma minoria.
POVO PORTUGÊS, ABRE OS OLHOS!

Anónimo disse...

BOA! ISTO É QUE É FALAR!

E QUEM FALA DEVE SABER BEM O QUE DIZ.

SENHORES GOVERNANTES, EXIJO QUE DEIXEM OS PROFESSORES AMAREM A SUA PROFISSÃO. SÓ ASSIM O MEU QUERIDO PAÍS PODERÁ ANDAR PARA A FRENTE. NÃO CONFUNDAM OS PORTUGUESES, SUGERINDO QUE A CLASSE DOCENTE VIVE À NOSSA CUSTA, PORQUE É PRECISAMENTE O CONTRÁRIO: O PAÍS É QUE SE VAI FAZENDO, TEM DE SE FAZER À CUSTA DOS PROFESSORES, DAS ESCOLAS, DA MOTIVAÇÃO DOS ALUNOS NO SEIO DAS SUA PRÓPRIAS FAMÍLIAS.

COMO SE DEPREENDE DO COMENTÁRIO ANTERIOR,COM O QUAL CONCORDO PLENAMENTE, OS MAUS PROFESSORES, AQUELES QUE NÃO SE INTERESSAM POR ATINGIR A EXCELÊNCIA, OS MAUS PROFISSIONAIS,NUMA PALAVRA, SAFAM-SE SEMPRE, NEM QUE SEJA NOS TACHOS COM PAPA GORDA ADENTRO DOS PRÓPRIOS GOVERNOS.

POVO PORTUGUÊS, NÃO TE DEIXES ENGANAR! QUE O GOVERNO GOVERNE, SIM! MAS NÃO COM DEMAGOGIA NEM INJUSTIÇAS.
SÓ A HONESTIDADE LHE DARÁ CRÉDITOS.

Não sou professor nem candidato a tachos.

Anónimo disse...

Não é, mas parece....

Anónimo disse...

NÃO SOU, MAS PAREÇO...

Pois, eu sei que o homem, sobretudo o dito civilizado, julga os outros sempre a partir de si próprio.
Também sei que para a "gente", de que o Caríssino e sintético Comentador faz parte, e muito bem, vale mais o "parecer" do que o "ser". Por isso não me espantam nada as suas breves palavras.
Só que eu não estou nada interessado em ser "gente". Por isso, como poderei candidatar-me ao que quer que seja?
Nunca façamos julgamentos precipitados!