15 maio, 2009

Meninos bem comportados

Os meninos bem comportados, coitadinhos

;Um rapaz de 15 anos saiu de uma instituição onde está internado, por ordem do tribunal, e atacou de noite uma mulher com o objectivo de a roubar. Mas como a vítima não tinha dinheiro, acabou por ser violada sob a ameaça de uma faca. A mulher, de 26 anos, seguia para o emprego sozinha, numa zona isolada de Coimbra, quando o menor consumou os crimes

A violação aconteceu em Abril, ao fim da madrugada, junto à Guarda Inglesa. Segundo a PJ de Coimbra, o rapaz, estudante, começou a seguir a vítima, acabando por abordá-la numa "
"zona isolada",
entre a Escola Silva Gaio e o Fórum, na Margem Esquerda do Mondego.» [Correio da Manhã]

Baptista Bastos dizia assim:

«Os incidentes no Bairro da Bela Vista repõem, de novo, a questão da identidade instável. Não é só a fome, a miséria, o desemprego, a promiscuidade, a ausência de perspectivas, o conceito de cerco que criaram as tensões e os conflitos. Embora essas formas de agressão social fossem mais do que suficientes para os explicar. Aqueles jovens, em última instância, não sabem quem são, e moldaram novas dimensões identitárias

Quem são os excluídos? Quem se excluiu? Nós. Abandonámo-los. Nasceram em Lisboa mas não são lisboetas; têm a pele escura mas não se sentem africanos; as músicas de que gostam procedem dos Estados Unidos; vestem-se, falam e comportam-se de molde a reivindicarem a "diferença" a que os temos obrigado. A sua comunidade é "outra" porque essa escolha foi-lhes rudemente imposta pela nossa escabrosa indiferença.» [Diário de Notícias]

" O Jumento diz assim:

Com este artigo Baptista Bastos esquece e desvaloriza muitos portugueses que tendo menos dinheiro que os jovens sobre quem escreve e que fazem pela vida sem roubar ou armarem-se em marginalizados. Roubar um carro e destruí-lo contra uma parede, como é assinatura desses jovens, tem alguma justificação racional.

É esta lamúria social de uma esquerda complexada que deu lugar a este fenómeno.

3 comentários:

Sérgio O. Sá disse...

Talvez Baptista Bastos não esqueça nem desvalorize os portugueses que... Acredito mesmo que não os esqueceu.
Mas quanto ao que escreve sobre os outros..., o jornalista tem razão.
Faz-me lembrar dos indígenas africanos no tempo da nossa colonização. Criaturas que não eram tidos como gente, que não faziam parte da Nação Portuguesa, mas também não eram considerados cidadãos das suas próprias nações. Eram apátridas nas terras que eram as suas.
Meditemos, pois, nas palavras de Baptista Bastos, não para se dar razão ao MAL FEITO, mas para tentarmos compreender a questão.
Só assim se poderá actuar em consciência.

Anónimo disse...

Quem conhece a realidade africana não pode pensar assim desta forma.
Os africanos e os seus filhos, estarão aqui muito melhor que em suas terras de origem.
Mas, não há razão para se comportarem como muitos deles se comportam.
Tambem há muita miséria e fome entre os "brancos" e não é por isso que passam de gente séria e honesta a arruaçeiros e assassinos.
Falar por falar, não é honesto.
Demagogia fora da ponta da caneta.
Para além de mais, não sei se quem assim fala, gostaria de ter em sua "casa" pessoa conhecida ou amiga que não respeitando os hábitos e os costumes de quem lhe franqueou a porta, se tranformava em criminoso ou zaragateiro!
Da mesma forma que os portugueses foram "corridos" de África, pode ser que um dia os africanos sejam corridos de Portugal.
Não venham depois dizer que a culpa é dos brancos. Será assim?

Sérgio O. Sá disse...

Fim de semana. Mais tempo para uma vista de olhos pela net, acabando de verificar que que todos os comentários deste blogue são anónimos. Não sei porquê, mas enfim... Cada um sabe de si.
Quanto a este Sr. Comentador que parece pretender contestar o que eu disse ontem no meu comentário, desejo responder-lhe, esperando que entenda a intenção do meu ponto de vista ontem exposto.
Sr. Comentador anónimo, é precisamente por ter conhecido a realidade africana (antigas colónias portuguesas) que penso como penso, e, modéstia à parte, julgo que penso bem.
Releia o meu comentário anterior e repare na clareza com que o produzi. Não dei razão ao MAL FEITO, nem poderia fazê-lo, pois considero-me pessoa de bem. Apenas sugeri que se pense, que se medite sobre a realidade social de que fazemos parte, para que possamos compreender o muito de errado que se comete, muitas vezes sem que se dê por isso. Daí ter dito: «meditemos nas palavras de Baptista Bastos».
É que só compreendendo os fenómenos desta ordem se poderá agir - pedagogicamente, se possível - em conformidade com o que se nos impõe, independentemente dos factos e actos caberem a negros ou a brancos, pois acontecimentos negativos sempre surgiram, surgem e infelizmente poderão continuar e continuarão a surgir. E é necessário saber e poder evitar que se transformem em realidades.
«Também há muita miséria e fome entre os "brancos"», diz o Sr. Comentador. Infelizmente é bem verdade. Mas não era nem é necessariamente dessa miséria que eu falava e falo agora.
Porque falar, como diz o povo, "vai dos queixos", e nesse capítulo prefiro agir em vez e falar.
Lamento que não tenha sabido interpretar o meu comentário. Como compreenderá, os comentários são sempre pequenas sínteses do que se tem em mente, e às vezes nem tudo é dito. Daí talvez a sua dificuldade.
Lamento mais ainda quando diz que «falar por falar é desonesto» e fala em demagogia.
Poderia perguntar-lhe se sabe o que é honestidade e demagogia, mas não o faço. Seria demasiado atrevimento da minha parte.
Do seu comentário há um ponto que me surpreendeu quando afirma «que os portugueses foram "corridos" de África», e que «pode ser que um dia os africanos sejam corridos de Portugal».
De facto, os portugueses vieram corridos de África, mas foramm (e se não sabe fica a saber)os próprios portugueses que os correram. Conheça o ACORDO DE ALVOR em relação a Angola. Leia-o, pois estou certo que o Sr. Comentador anónimo o subscreveria. O que aconteceu é que esse acordo foi desrespeitado, inclusive (para não dizer sobretudo) pelos responsáveis do nosso país. Se fosse realmente considerado, ninguém tinha vindo de lá corrido.
Já agora, lembro-lhe que foram os portugueses que assaltaram as ditas antigas colónias no final do séc. XV, não foram os africanos que invadiram Portugal cinco séculos depois.
Quanto aos «africanos e seus filhos» estarem aqui «muito melhor do que em suas terras de origem», embora nem sempre assim seja, ainda que a sua opinião possa conter alguma verdade, essa verdade só reforça o que no no meu comentário anterior afirmei. Afinal, que estiveram os portugueses a fazer mais de quatro séculos em África?
Não quero, com esta interrogação, referir-me ao português comum, anónimo, que deixara o seu torrão natal rumo a Angola ou a Moçambique na procura de uma vida melhor, desde que honesta. Refiro-me, sim, ao regimen, ao sistema político, colonialista. Procure, Sr. Comentador, conhecer a história das relações sociais, culturais, económicas e políticas entre Portugal e as gentes das antigas colónias, para ter mais certezas quanto ao que comenta.
E não pomha a hipótese de que «um dia os africanos sejam corridos de Portugal». Esse seu ver, que espero não seja um desejo, poderá deixar no ar a ideia de racismo, o que penso que também não será o caso.
Para terminar, recordo-me do que escrevi em 1996, numa crónica intitulada «A Verdadeira Justiça não condena,Liberta!» (in. LARGADA DE POMBOS BRAVOS). Dizia eu que é fácil julgar e bem mais fácil condenar. Difícil é compreender as razões subjacentes aos actos condenáveis. Ainda hoje sustento este pensamento, pois ninguém tem o direito de julgar e muito menos de condenar sem compreender o que seja objecto de condenação. Só que compreender dá trabalho, às vezes muito trabalho...
Daí ter considerado o ponto de vista de Baptista Bastos. Ele tem razão.
Que fique, porém, aqui bem claro. A apologia do crime não faz sentido.É necessário dizer não à violência, à delinquência, à anarquia, à marginalidade maligna,
tenham elas origem nas comunidades negras, brancas ou de outra cor qualquer. Mas não nos esqueçamos que é o todo da sociedade que dá origem a tais situações infelizes.
Meditemos nisto!