20 janeiro, 2009

Professores - que porca miséria


Comenbtário a um comentário de uma senhora "professora", no Público de hoje

Finalmente, alguém que sabe o que diz (a grande maioria deve ser estúpida)
e que vê o que mais ninguém quer ver...(para alem de estúpidos, são cegos)
Que a escola pública está uma desgraça, ( a culpa deve ser deste Governo e desta Ministra) ( qual tem sido a "ajuda" dos professores?)
os miúdos (pelos menos os meus) chegam ao 8º ano sem saberem escrever, (a culpa deve ser da Ministra e do governo ou não será dos professores?)
sou de ciências e muitos dos trabalhos de casa que mando fazer são de português... O facilitismo tem imperado, (qual facilitismo?)
cada vez é mais difícil chumbar um aluno, ( a ideia desta professora é chumbar os alunos e não os ajudar a passar - claro dá menos trabalho, porque não haverá esforço para puxar pelo aluno)
há decretos a torto e a direito,(que têm os decretos a ver com a qualidade dos professores)
planos de recuperação, de acompanhamento e sei lá mais o quê. ( Claro, trabalhos a mais para os professores, isso é que não)
Os miúdos não sabem nada de nada, poucos são os que têm um mínimo de cultura geral sobre seja o que for... (pelos vistos os professores em nada contribuiram para que tal esteja a acontecer)
e para ajudar à festa vem esta avaliação da treta ( esta é uma avaliação da treta e a outra pseudo avaliação era de quê')
que ninguém entende e que não serve para coisa nenhuma...( Pelos vistos, estes senhores professores, terão que fazer um estágio para aprenderem o que têm que fazer sobre a avaliação - não será este tipo de argumento, uma bela treta?)
Os professores, com as novas alterações, ( com o sistema antigo, para alem de ser a mesma coisa, tem uma outra diferença - bons e maus, subiam sempre na carreira)
só têm aulas assistidas se quiserem e só são avaliados na sua componente lectiva se pedirem Mt Bom ou Excelente... Ora, um mau professor fica no seu canto, (pelo menos, fica-se a saber quem é MAU e não progride na carreira como até aqui )
contenta-se em tentar chegar ao Bom e nunca chega a ser avaliado dentro de uma sala... e eu pergunto: então qual é o objectivo da avaliação? (Não tem moral para dizer que os alunos não sabem nada - não tem capacidade de raciocínio para ver a diferença apenas não quer ser avaliada para que tudo fique na mesma)
não deveria ser avaliar os professores na sua competência para ensinar? (Não é isso que se pretende e que os professores não querem?)
Já sei, temos o Magalhães! (Que têm o Magalhães a ver com a avaliação ?)
Até deve ter corrector ortográfico e tudo... ( Claro que para este tipo de professores, não será necessário um corrector ortográfico - terá que ser um "avaliador" de vocação e de inteligência)

1 comentário:

Anónimo disse...

Não vi o comentário da professora no Público, mas suponho que dele farão parte as frases aqui apresentadas a negro. Se assim é,e não obstante num ou noutro ponto entrar em comntradição, verifico que diz coisas acertadas, mas não as explica, o que dá aso a que a IGNORÂNCIA, que é sempre atrevida, aproveite para também se expressar, e a vermelho para sobressair.
Por isso apetece-me deixar aqui também algumas palavras, como professora que fui, felizmente já aposentada, para que algumas verdades sobre os problemas do ensino possam tomar o lugar a que têm direito.
É, sim, verdade que a Escola Pública está em desgraça.
É verdade que os alunos chegam ao 8º ano, ao 12ª e até à universidade, sem saberem ler e escrever, considerando, obviamente, o grau de exigência em cada um desses patamares.
Mas que não se atribua a culpa desta situação aos professores. A culpa tem sido dos EXPERIMENTALISMOS que de há 20 anos para cá se têm posto em prática, por imposição do Minmistério da Educação. Mas pior do que isso têm sido as estratégias ideológicas, de propaganda e de estatística que os governantes têm impingido, aos docentes, em primeiro lugar, e ao povo, na pessoa dos alunos, em segundo, enganando-os com facilidades e falsos certificados ou diplomas, passados a quem não tem direito a eles.
EXEMPLIFICO: Como professora que fui, cheguei a atribuir, no final da minha carreira, as mais altas notas a alunos que não tinham adquirido mais conhecimentos do que aqueles outros que, 15 ou 20 anos antes, eu reprovara. Apesar de ser bem mais experiente agora do que nos primeiros anos de carreira, ensinando melhor, e tentando ser igualmente exigente, também era obrigada a condescender muito, de contrário, em vez de 4 ou 5 alunos a reprovar em cada turma, como acontecera dantes, teriam de ser quase sempre cerca de duas dúzias, ou seja, quase toda a turma.
MAIS: conheço colegas que foram ameaçadas de processos disciplinares ou coisa que o valha, por atribuírem muitas negativas a Matemática. E eu sabia que para ser honesta para consigo própria e para com os alunos, teria de reprovar muitos mais. ESTOU A FALAR DE PROFESSORES COMPETENTES.
Vamos agora aos PLANOS DE RECUPERAÇÃO: sempre os houve, no meu tempo, elaborei alguns, dei aulas de recuperação a alunos meus e de outros colegas. Mas isso em horários próprios, não nos horários normais em que tinha pela frente 25 a 30 alunos em cada turma, porque aí eu tinha de me virar para todos, não para uns quantos apenas. E quer de uma quer de outra forma eu tinha de trabalhar, e bem, para atingir os resultados pretendidos. Não venham, pois, com insinuações de má fé. Dirijam-nas a vocês próprios, que talvez acertem.
ALUNOS SEM CULTURA GERAL: É bem verdade, nestes últimos tempos, ao contrário do que se possa pensar, poucos beneficiam dela, mesmo que os esforços dos professores nesse sentido tenham sido e sejam de gigante. A automotivação para a biblioteca, era escaça, fossem quais fossem as estratégias para os atrair para lá. Em casa, em vez de um dicionário, uma mini-enciclopédia, um bom livro de prosa ou de poesia, havia revistas "Maria" e outras de idêntico desinteresse. Casos conheci em que, no final do ano lectivo, os livros que tinham sido utilizados eram queimados pelos próprios encarregados de educação. Aparelhos de música não faltavam, mas a verdadeira música dava lugar à pimbalhice que apenas servia para embotar sensibilidades. Nas aulas, a abordagem de questões aparentemente colaterais aos temas das disciplinas, que não só poderiam motivar os alunos para certos "aprofundamentos" como para lhes alargar os horizontes com vista ao futuro indefinido de cada um, só serviam os intreresses de cerca de 20% dos alunos.
Poderia vir com mais exemplos, mas não valerá a pena.
É que o PROBLEMA é complicado e só muito raramente poderá ter que ver com incompetência dos profissionais do ensino. Ninguém é capaz de ensinar quem não quer aprender, como muitos dos autores de comentários que aparecem aqui e ali. E se ensinar dá trabalho, aprender também dá. É aí que os problemas começam. A preguiça mental instituiu-se por força da "evolução" da sociedade. Dantes era preciso lutar para se ter as coisas. Hoje tudo se tem sem esforço.
Depois, a anti-escola tem muito mais poder do que a Escola, e é a essa que os alunos preferem aderir.
Aos próprios professores foi-lhes retirada a autoridade,o que dificulta ainda mais a sua nobre tarefa. No princípio cheguei a dar algumas bofetadas, quando entendi que eram necessárias, por razões de disciplina. Esses que as apanharam ou com quem resmunguei muito, já me agradeceram por isso, e são cidadãos de juizo, alguns com cursos superiores, ocupando cargos de responsabilidade, cá e até no estrangeiro.
Os dos tempos mais recentes não admitiam um ralho,e se os pais eram convocados para serem informados dos problemas ou desinteresse dos seus educandos, pouco ligavam, não acreditavam nas informações que recebiam ou até culpavam os professores pela má educação dos seus filhos.
POR TUDO ISSO OS PROFESSORES ERAM CULPADOS? Respondam senhores comentadores, mas com honestidade.
E hoje a bagunça que por aí vai é culpa dos professores? Respondam, mas com, honestidade.
Quanto à AVALIAÇÃO, que está a pôr toda a gente em polvorosa, aproveito para dizer que aquilo que o Ministério da Educação quer pôr em prática está erradíssimo e tem quatro finalidades: poupar dinheiro, não por causa da crise que o pais atravessa, mas para o meter nos bolsos de quem já tem muito; pôr os professores uns contra os outros; enganar a população, com a demagogia peculiar dos actuais governantes em quem acreditei inicialmente; manter o povo na ignorância.
A propósito desta última, li, há dias, num comentário que anda para aí, uma frase comum mas que fazia muito sentido: «É mais fácil conduzir um rebanho de ovídios do que um só pastor». José Sócrates sabe que é assim. E demonstra-o muito bem com a questão actual da educação, mentindo aos portugueses, ele mesmo ou através da sua ministra Maria de Lurdes, dizendo que os professores não querem ser avaliados. Pura mentira! Eles, governantes é que não querem avaliar os professores, porque não têm competência para tal.