15 março, 2011

Doutores calceteiros

"...Dá uma volta por Lisboa e dá com uma manifestação de jovens, não percebe muito bem o que é isso de enrascanço mas depressa conclui que o problema mais grave deste país é não conseguir ter 50 mil vagas para jovens jornalistas, 70 mil para jovens especialistas em relações internacionais, 100 mil para futuros especialistas em marketing, 30 mil técnicos de multimédia, cem mil juristas e outras profissões que estranhamente abundam neste país. Tropeça nos buracos, corre o risco de atravessar em passadeiras que há dez anos não levam tinta, pica-se em matos de urtigas e interroga-se porque razão este país não tem cursos de doutores calceteiros, doutores pintores ou doutores jardineiros."

1 comentário:

Anónimo disse...

Triste país que se orgulha de ter menos licenciados do que os seus parceiros europeus. Triste gente que parece defender que quem está mal são os jovens que pretendem ter mais formação e ascender socialmente, quando esse é o apanágio até...do 'grande timoneiro que pensa por nós'. Triste gente que defende tudo o que o 'timoneiro+ fez de mal, desde que alguém se atreva a pensar diferente dele e, ousadia exagerada, pretender ser doutor. Tristes pais que preferem filhos calceteiros ou jardineiros, do que formados em marketing, jornalismo, ou engenharias. Porque sempre que alguém contestar a 'situação' é de condenar e enxovalhar. O Timoneiro não pode nunca ser criticado e nunca, nunca, é culpado de nada. É crise 'internacional'. Pensava eu que este era um país democrático onde as opiniões diferentes eram bem vindas. E que era legítimo aspirar a ter mais formação e ter melhores condições profissionais, sociais e pessoais...resignemo-nos pois e aceitemos a miséria que o Grande Timoneiro nos oferecer, Pior, aos nossos filhos e netos. Pois se os avós eram jardineiros, porque não podem ser todos os descendentes até à vigésima geração?