16 janeiro, 2011

Cavaco Silva visto por outros

In " Camara Corporativa

'Com um sorriso nos lábios - que às vezes até parece de gozo, tal é o caricato e o absurdo das situações -, Cavaco vai lançando farpas ao Governo, em alternativa a comer queixadas. A deriva demagógica permitiu já que deixasse usar a sua campanha por manifestações de professores do ensino privado, em protesto contra uma lei que ele mesmo, na qualidade de Presidente, tinha promulgado, publicitando então que a negociara com o Governo e levara o executivo de Sócrates a alterá-la. Afirmando até aos representantes dos professores que o problema da lei era a rápida regulamentação, claro, da responsabilidade exclusiva do Governo. E, num arrombo de sibilina solidariedade para com os movimentos anti-Sócrates, juntou-se a um grupo de agricultores para defender os interesses destes e bramir aos ventos que é necessário salvaguardar a agricultura.

Como disse no início, se calhar o meu problema em relação a esta campanha tem a ver com a idade. Isto de meio século de vida não perdoa e, às vezes, parece-me que ando um bocado esquecida. Mas quem foi mesmo o primeiro-ministro que negociou com a então Comunidade Económica Europeia o suicídio da agricultura portuguesa, a perda das quotas de produção de tomate, o pagamento de verbas para abater oliveiras, vinhas e pomares, sob o argumento que os outros países europeus produziam mais barato e que era melhor comprarmos lá fora?
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..e mais:

'Cavaco Silva, que insiste em colocar-se num patamar de superioridade moral, que não tem, e a distanciar-se milhares de léguas da política, como se não tivesse sido parte activa dela cerca de 20 anos (…), o que é caricato e ridículo. Que passa da pose de estadista ao lado do Governo pela salvação do País - como a que mostrou na entrevista a Judite de Sousa -, para a de candidato de dedo em riste que alerta contra uma grave crise política num dia importante de colocação da nossa dívida pública nos mercados, o que revela o seu lado mais tortuoso. Que quer fazer crer que é um ingénuo e casto cidadão que, apesar do currículo público na área, não percebeu nada de como foram aplicadas e rentabilizadas em 140% as suas aplicações via BPN, o que mostra uma inadmissível tentativa de atentar contra a inteligência dos portugueses.'

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