15 setembro, 2011

Pedro Passos Coelho - burlão político


Caiu o pano da tragicomédia em que vivemos. E as máscaras também vão caindo. A começar pela de Passos Coelho, um burlão político – como adiante se comprovará – eleito à custa de mentiras e patranhas.
Pela primeira vez, a denúncia da incompetência e irresponsabilidade do Primeiro Ministro, não vem da oposição. Pelo contrário. As mortíferas críticas a Passos Coelho vêm de dentro do próprio PSD e das suas vozes mais ouvidas. Vêm de gente como Manuela Ferreira Leite, Marcelo Rebelo de Sousa e Marques Mendes, e de vozes e canetas como as de Pacheco Pereira ou Vasco Graça Moura. Ou ainda do CDS: Lobo Xavier e António Pires e Lima. Quando políticos como estes dizem o que dizem e escrevem o que escrevem, bom será que Passos Coelho e os seus ministros os ouçam, que parem para pensar – se isso for possível – e que mudem de rumo.
Antes das eleições, o charlatão Passos Coelho proclamava delícias, travestido de alice no país das maravilhas.
-“Ninguém nos verá impor sacrifícios aos que mais precisam. Os que têm mais terão de ajudar os que têm menos”.
E o que aconteceu?
Os que “têm menos” foram bombardeados com subidas brutais do IVA da electricidade e do gás, de 6 % para 23 %. Nos transportes, a fria insensibilidade não foi menor. Os medicamentos também subiram nas farmácias. E os salários foram congelados.
E, quanto aos que “têm mais”, o que lhes fizeram? Cócegas! Apenas cócegas. Taxar as grandes fortunas? Nem pensar. Onerar os patrimónios? Era o que faltava. Taxar os lucros das bolsas ou os dividendos dos depósitos bancários? Seria perigoso. É que – dizem eles para branquear a má consciência – se fossem aos ricos, o dinheiro fugia de Portugal. Sempre a mesma conversa. As fábricas fugiam? As vivendas, as quintas, as herdades, os hotéis, as clínicas particulares, também fugiam? E os supermercados? E os bancos? E a bolsa? Fugiam todos?
  • - “Se formos governo posso garantir que não será necessário despedir pessoas nem cortar salários”.
Então porque é que a maioria vai fazer aprovar no Parlamento a nova lei dos despedimentos?
  • - “A ideia que se foi gerando de que o PSD vai aumentar o IVA, não tem fundamento.”
Nem sequer é preciso recorrer ao detector de mentiras.
  • - “Já ouvi o Primeiro Ministro (Sócrates) dizer que o PSD quer acabar com o 13º mês, mas nós nunca falámos disso e é um disparate”.
O disparate foi eleger um aldrabão destes.
  • - “O PSD chumbou o PEC 4 porque tem de dizer basta: a austeridade não pode incidir sempre no aumento dos impostos e no corte do rendimento”.
Ao pé do acordo da troika, o PEC4 era uma brincadeira de crianças. Recordo que, em Março passado, José Sócrates tinha conseguido junto da Comissão Europeia um acordo e um empréstimo mil vezes mais vantajoso do que aquele que – por culpa e responsabilidade colectiva do PSD, CDS; PCP, e BE – nos veio a ser imposto pela troika.
Mas infelizmente, as coisas não ficam por aqui.
Temos um ministro das finanças – robot importado de Bruxelas – que não é deste mundo, que olha Portugal com olhos de eurocrata, e que confunde pessoas com algarismos. Vai à televisão para anunciar cortes na despesa do Estado e sai de lá com brutais subidas dos impostos.
Temos um ministro da saúde – cuja única sabedoria é cobrar dinheiro, coisa aliás que faz bem – que criminosamente decidiu reduzir para metade as verbas para os transplantes. O Prof. João Pena – que fez o liceu em Santarém – e até há dias director dos serviços de sangue e transplantações, bateu com a porta sem papas na língua: “não colaboro com uma pessoa que não tem respeito pela vida humana, não posso aceitar que o ministro seja indiferente à morte de pesssoas em lista de espera.”
Há dias Passos Coelho foi à Europa fazer prova de vida. E, babado e sorridente na fotografia para os netos, foi dizer à srª. Merkel que os “eurobonds” não eram precisos para nada. Acontece que os “eurobonds” são instrumentos financeiros que permitiriam resolver os problemas das dívidas de todos os países europeus, e que todos apoiam, à excepção da Alemanha e da França.
Tudo isto – e muito mais – como escreveu Manuela Ferreira Leite, “de justiça tem muito pouco e de eficácia nada”.
  • PS:- Já depois de ter escrito o que antes fica, li num jornal que o ministro Relvas é a quarta pessoa com mais poder em Portugal. Como dizia Salgueiro Maia: “O estado ao que isto chegou”!

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