De há uns tempos a esta parte o Deutsche Bank tornou mais agressiva a sua campanha para captação de poupanças dos portugueses. Recusar tais ofertas será neste momento o mais sensato.
O investir contra o orçamento português por parte de personalidades da nomenclatura da EU também pareceu estar a esconder outra coisa por tão despropositado que era.
Para compreender as razões desta atitude, recuemos a algum tempo atrás, com a ajuda do Blog de Marco Antonio Moreno, em posts dos últimos dias.
O Maple Bank, alemão, seria quase desconhecido internacionalmente se não tivesse desempenhado um papel numa das batalhas de aquisição mais espetaculares na história da Alemanha: a tentativa, que acabou por fracassar, do fabricante de carros desportivos Porsche engolir a sua muito maior rival Volkswagen, em 2008.
Os gerentes financeiros da Porsche fizeram transações complexas e fraudulentas com derivados financeiros para a empresa com sede em Stuttgart para se apropriarem da empresa com sede em Wolfsburg. Este fato foi considerado uma criminosa manipulação de mercado. A investigação ainda está em curso.
Se bem que o Maple Bank não tenha "importância sistémica" e, portanto, não constitua uma ameaça para a estabilidade financeira, vai afetar milhares de clientes, principalmente institucionais, que não podem retirar de lá o seu dinheiro. Cerca de 2.600 milhões de euros de passivos representam apenas uma pequena parcela dos depósitos de clientes individuais.
Se a BaFin (autoridade reguladora financeira federal) determinar a compensação, o dinheiro é protegido pelo Fundo de Protecção de Depósitos da Associação de Bancos Alemães até 100.000 euros por cliente. Isso pode significar uma perda de impostos para a Alemanha de mais de 1.000 milhões de euros.
O encerramento do Maple Bank é até agora a ação mais dura na Alemanha contra um banco em virtude de operações duvidosas, e passa a ser um aviso para outros bancos e fundos que têm manipulado o mercado inflacionando o valor de algumas acções ou afundando outras.
Depois disto o Deutsche Bank começou a tremer: O maior banco privado na Europa tem 80 biliões (milhões de milhões) em derivados financeiros que se vão afundar como um castelo de cartas.
Desta vez, sim, haverá risco sistêmico: é mais de 20 vezes o PIB da Alemanha e quase cinco vezes o PIB dos EUA e o Deutsche Bank pode desencadear um novo caso Lehman Brothers.
As ações do banco caíram 40 por cento, até agora neste ano, e mais de 95 por cento desde 2008, ficando à vista as nuvens negras e as tempestades que pairam sobre a Europa.
Os problemas do Deutsche Bank não vieram à tona em 2013. Ficaram escondidos, porque o que importava para os dirigentes da UE salientar era a crise grega, "a mãe de todos os problemas europeus", com a troika (FMI, BCE, CE), e mais recentemente também Portugal.foi atingido.
As autoridades financeiras da zona do euro começaram a fechar bancos por fraude e lavagem de dinheiro, logo o Deutsche Bank é abanado nos seus próprios alicerces.
O maior banco privado na Alemanha, e também o maior da Europa, teve de confessar perdas de 6.890 milhões de euros em 2015 (dos quais 2.000 milhões foram no quarto trimestre) e anunciou que irá despedir 35 mil trabalhadores!.
O Deutsche Bank foi multado em 2.500 milhões de dólares pelas autoridades do Reino Unido e dos EUA, na sequência de uma investigação de sete anos sobre o seu papel na manipulação das taxas de juro.
A empresa alemã vai ser forçada a abandonar vários países e o seu novo presidente teve que reconhecer que só um milagre (uma guerra?, digo eu) poderia salvar o Deutsche Bank.
Por esta altura, e depois de sete anos de apoios do BCE, as metástases do problema têm-se expandido.
Tudo o que algumas teorias económicas negaram durante décadas que pudesse acontecer, aconteceu nestes oito anos de crise.
Se em 2013 os media preferiram ignorar o colapso do banco alemão para dar prioridade à crise grega, era apenas para dar tempo para o Deutsche Bank recuperar. Mas a realidade económica e o passado criminoso do banco agravaram a situação que se torna impossível de recuperar.
O Deustsche Bank é talvez o exemplo mais claro do antes e depois de um banco depois da crise financeira. À euforia de empréstimos fáceis, seguiram-se as trevas da deflação e estagnação do crédito.
Se as injeções de liquidez bilionárias do BCE não recuperarem o banco e derem dinamismo à economia real, é porque o sistema entrou em colapso. E então há que o assumir, em vez da Alemanha disparar contra os riscos de não cumprimento dos déficites de outros países de economias mais débeis.
Os derivados financeiros não só distorceram toda a economia por via dos preços, como incubaram bolhas financeiras para cobrir posições e ganhar tempo. Mas eles não esperavam pela armadilha deflacionária porque, de acordo com o atual modelo económico, esse termo não existe.
O que hoje o Deutsch Banca representa é um enorme esquema Ponzi, com o desmoronamento da pirâmide criada nos anos 90 com a desregulação financeira mundial que nunca levou em conta os riscos reais.
A crise, fermentando, estava sob os narizes de todos, porque enquanto Merkel, Schäuble, Juncker Lagarde e Dijsselbloem argumentavam que o problema era dos bancos na periferia (Grécia, Irlanda, Portugal e Espanha), eles não queriam revelar o verdadeiro problema da enorme dívida tóxica do Deutsche Bank, o maior banco privado da Europa!.
O colapso do Deutsche Bank está a agitar todo o sistema financeiro mundial. Nas primeiros seis semanas do ano, o Deutsche Bank perdeu 40 por cento do seu valor mas não ficou sozinho nas perdas. O Citibank caiu 25 por cento, o Bank of America, o UBS e o Crédit Suisse 23 por cento, o Goldman Sachs 20 por cento e o JP Morgan 18 por cento. O sistema financeiro está em queda livre.
Só que desta vez, nem os bancos centrais nem os governos têm quaisquer munições, a menos que saceiem raízes e façam desaparecer os fundos de pensões
.A economia mundial parece estar presa numa espiral de morte.