26 novembro, 2014

Sócrates e a protecção da Lei


... não têm direito a nenhum tratamento de favor. Mas também todas as pessoas, incluindo os ex-primeiros-ministros, têm direito a igual proteção da lei, sem nenhuma penalização ‘ad hominem'.

Ora, é lícito duvidar se o tratamento dado a José Sócrates desde a sua detenção obedece a essa elementar norma republicana. Tanto as decisões relativas à detenção e à prisão preventiva, como a escandalosa filtragem seletiva de informação para o exterior (privilegiando a imprensa tabloide de maior audiência), em flagrante violação do segredo de justiça, tudo isso deixa muito a desejar em termos de ‘due process' constitucional-penal, fazendo lembrar as lamentáveis cenas da ilegítima detenção e prisão preventiva do antigo deputado Paulo Pedroso, há uma década.
Começando pela detenção de Sócrates, era ela necessária para assegurar a prestação declarações perante o juiz de instrução? Tinha algum sentido ir deter José Sócrates no aeroporto à saída do avião, quando bastava esperá-lo discretamente à porta de casa, se se temesse pela salvaguarda de elementos de prova? E era mesmo preciso avisar previamente as televisões mais sensacionalistas e arranjar aquele "estardalhaço" mediático no aeroporto de Lisboa para todo o mundo ver?
A PGR apressou-se a esclarecer que a detenção se devia a suspeitas de vários crimes. Mas obviamente não bastava anunciar em abstrato os tipos penais de que Sócrates é suspeito, dando pasto às mais mirabolantes, odientas e assassinas especulações, como se verificou ao longo de vários dias (curiosamente, porém, sem a mínima substanciação da alegada corrupção, o que não deixa de ser intrigante). Era obrigatório saber-se em que atuações concretas consistem as suspeitas, a que época se reportam e nomeadamente se envolvem responsabilidades como governante ou não e se têm a ver com dinheiros públicos ou não. Num Estado de direito, os suspeitos têm pelo menos o direito de não serem expostos à condenação e lapidação sumária em público, antes mesmo de serem presentes ao juiz e muito menos antes de haver acusação.
O mesmo padrão se observa no decretamento da prisão preventiva, que não pode ser uma medida discricionária e que só pode ser aplicada como última instância, quando outras "medidas de coação" de mostrem comprovadamente insuficientes. Ora, as razões invocadas, nomeadamente o perigo de perturbação do inquérito - conceito assaz indeterminado -, estão longe de ser convincentes para justificar a grave privação do direito à liberdade e ao trabalho dos detidos. A comparação com o recente caso da liberdade caucionada de Ricardo Espírito Santo é chocante.
Não surpreende a sede de vingança do sindicato de ódios que o antigo primeiro-ministro concitou com a supressão de regalias profissionais e corporativas, desde os jornalistas aos magistrados. Não admira o desforço da imprensa tabloide que ele olimpicamente ignorou e enfrentou sem nenhuma condescendência. Mas, por maior que seja a sua eventual responsabilidade penal, que está por apurar, nada pode justificar a sua ostensiva exposição à humilhação pública por parte das autoridades judiciárias.

Magistrados - os ofendidos com as verdades

Este cavalheiro, magistrado, devia ter um pouco mais de senso quando profere estas palavras contra a opinião de Mário Soares ou desconhece a opinião que os portugueses na sua maioria tem da gustiça portuguesa e de muitos dos seus executantes.
Se não tivesse emitido qualquer opinião escusava-se de agora ouvir o que não vai gostar, a começar por  aquilo que Mário Soares disse e que não foi nenhuma injúria, nem nenhuma mentira

"O presidente do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público (SMMP) considerou hoje "absolutamente lamentáveis" e "uma vergonha para o país" as declarações do ex-Presidente da República Mário Soares à saída da cadeia de Évora."

Sócrates mal "julgado"?

Para ler com muita atenção, pois assim se vê como anda a nossa Justiça

Suspeitas de crime de tráfico de influência constavam do mandado de detenção de Sócrates. Mas Ministério Público deixou cair este crime, diz advogado de ex-primeiro-ministro.

O Ministério Público deixou cair a indiciação do crime de tráfico de influência que constava do mandado de detenção de José Sócrates, apresentado ao ex-primeiro-ministro na sexta-feira quando foi detido na manga do avião à chegada ao aeroporto de Lisboa.

A revelação foi feita ao Económico pelo advogado de Sócrates que adianta ainda que, quer a defesa quer o seu cliente, desconhecem os factos indiciários de corrupção. Este é um dos três crimes, a par de fraude fiscal qualificada e branqueamento de capitais, que o antigo governante foi indiciado, e cujas suspeitas levaram à sua prisão preventiva, fundamentada por todos os três motivos previstos na lei penal: risco de fuga, receios de perturbação do inquérito e de continuação da actividade criminosa.

"Não conheço, nem o meu cliente, quais são os factos indiciários de corrupção. Também desconheço os factos indiciários de tráfico de influências, que constavam do mandado de detenção, e que desapareceram antes do primeiro interrogatório e no despacho final", revelou João Araújo, advogado de Sócrates, ao Diário Económico, confirmando que o juiz, Carlos Alexandre, invocou todos motivos previstos na lei para justificar a mais gravosa medida de coacção existente no ordenamento jurídico português.

Segundo o causídico, no primeiro momento antes do primeiro interrogatório, onde os arguidos e os seus advogados são informados sobre imputados, "não há elementos de prova, que podem não ser transmitidos para proteger a investigação, mas os factos de corrupção também não foram apresentados".

Recorde-se que, segundo o Tribunal Central de Instrução Criminal (TCIC), o primeiro interrogatório a José Sócrates iniciou-se sábado, pelas 17 horas, tendo sido interrompido logo às 17h08, de modo a dar "tempo ao arguido e ao seu defensor para consultarem o despacho de apresentação, para tomarem conhecimento dos factos e enquadramento jurídico-criminal imputado". Sobre este despacho, João Araújo frisa: "Há factos diversos, mas não há algo que possa concluir pela corrupção. Os factos não estão nem enunciados, nem organizados que permitam julgar indiciada a prática do crime de corrupção".

Questionado sobre se foi feita pelo MP a diferenciação entre corrupção activa e passiva, o advogado garante que "não é feita", e que, no despacho final, "não constam factos suficientes que indiciam corrupção".

Juiz fundamenta preventiva em três riscos

O TCIC considerou não só existir perigo de perturbação da investigação, mas também risco de fuga e ainda a possibilidade de continuação de actividade criminosa.
Numa decisão sem precedentes na história da democracia portuguesa, no âmbito da "Operação Marquês", José Sócrates foi colocado, segunda-feira, em prisão preventiva no Estabelecimento Prisional de Évora com o número 44. No dia em que foi anunciada a medida de coacção não foi conhecida a fundamentação dessa decisão, algo que mereceu ontem a crítica de alguns deputados socialistas à entrada do debate sobre o Orçamento do Estado.

Na sua detenção para interrogatório, sexta-feira, à saída do avião no aeroporto de Lisboa, teve já na base daquela decisão os receios de perturbação de inquérito. Os magistrados do processo queriam evitar que o antigo governante contactasse com alguém mal chegasse a Lisboa e se dirigisse para a sua casa Lisboa, na Rua Braamcamp, que acabou por ser alvo de buscas no sábado, numa diligência acompanhada por Sócrates, segundo a imprensa, por aconselhamento do ex- procurador-geral da República, Pinto Monteiro, com que o ex-primeiro-ministro almoçou, em Lisboa, na terça-feira passada.

Abuso de Autoridade - Vital Moreira explica e bem

Abuso de autoridade (5)


Quer na primeira comunicação pública da PGR sobre a detenção de Sócrates quer no despacho do juiz de instrução, Sócrates é indiciado por crime de corrupção. Todavia, sabe-se agora que ele não foi confrontado com nenhuma imputação concreta relativa a tal crime. O seu advogado é peremptório:

"Não conheço, nem o meu cliente, quais são os factos indiciários de corrupção.»Isso condiz, aliás, com o facto de a imprensa que tem sido alimentada pelas informações filtradas para fora do processo não tenham trazido nada sobre a matéria.
Isto é de uma extrema gravidade. Ou a investigação não tem nenhum elemento de prova ou, se a tem, resolveu escondê-la no interrogatório de Sócrates. Seja como for, manter uma acusação pública por alegados factos que se desconhecem e com os quais o interessado não foi confrontado é um ultraje aos direitos processual-penais de qualquer pessoa. Todo o detido por suspeita de um determinado crime (ainda por cima um crime infamante como este) tem o direito elementar de saber em que factos se baseia a imputação de tal crime.
Decididamente o Estado de direito está ser gravemente atropelado neste processo.

Abuso de autoridade com injúria à vitima

Abuso de autoridade (4)

Publicado por Vital Moreira

Parece que entre motivos para justificar a aplicação da prisão preventiva a José Sócrates, o juiz de instrução incluiu o perigo de fuga. Lê-se e não se acredita!
Como se não bastasse a arbitrariedade da decisão, junta-se a injúria à vítima!

Abuso de autoridade - diz quem sabe


Publicado por Vital Moreira

Este anúncio de que a PGR abriu inquérito para averiguar a violação do segredo de justiça no caso Sócrates seria ridículo se não fosse pouco sério. Se há um crime banalizado e sistematicamente impune em Portugal é a violação de segredo de justiça, perante a escandalosa passividade da PGR. 
Que meios é que a PGR vai agora utilizar para fazer diferente? Vai utilizar escutas telefónicas? Vai fazer buscas às redações e apreender computadores e documentos? É óbvio que não! Isso são instrumentos que só se usam para os suspeitos de crimes comuns, não para os próprios agentes judiciários que abusam das suas funções para envenenar a opinião pública.

Adenda
A pérola cínica desta notícia é que se refere à "eventual violação do segredo de justiça". Eventual!? Isto é de pasmar! Então a violação não é evidente e manifesta, tanto neste caso como noutros anteriores, constante da divulgação reiterada e pormenorizada de dados que constam da investigação? Então os próprios jornalistas não estão vinculados pelo segredo de justiça? Então essas informações não lhes são fornecidas por alguém de dentro da investigação ou com acesso a ela?

Adenda 2
Acusam-me de só protestar contra a violação do segredo de justiça quando ela prejudica os "meus amigos políticos". É uma acusação totalmente falsa. Sempre tenho denunciado, ao longo dos anos, essa chaga da nosso justiça penal. Ainda há duas semanas o fiz novamente, a propósito dos arguidos no caso dos vistos dourados, aqui: http://causa-nossa.blogspot.pt/2014/11/a-saque.html

Justiça a cada cor seu paladar

Será que os procuradores, os juízes e alguma mais gente ligada à aplicação da Justiça querem fazer da grande maioria do Zé Povinho parvo.
Podem tomar as atitudes que quiserem, porque o podem fazer, estão habilitados para isso e essas são as suas funções.
Mas, não quer dizer que as executem bem, que as façam sem que se desconfie que o fazem com outros interesses que não sejam exactamente de as tomarem em igualdade de circunstâncias com situações semelhantes . 
Por outro lado, as explicações que põem a circular, não colhem valor face ao que a população "conhece" duns processos em comparação com outros processos e não são poucos.
Por favor não nos tomem por parvos e estúpidos

Escutas? A quem?


Parque dos Poetas



Banco de Portugal mentiu

Vimos, algures numa televisão ontem pela noite uma noticia em que  alguém terá escrito uma carta em que se dizia algo parecido com o seguinte: sobre um parecer pedido pelo Banco de Portugal, Carlos Costa terá mentido sobre o seu teor.
Disto temos a certeza, mas notícias sobre o tema nos jornais, nem uma

OCDE avisa

OCDE avisa... a Espanha, que não teve a troika a tomar conta dos seus problemas está a regir muito melhor que Portugal
A estagnação irá continuar por muitos anos...se esta política continuar.

"Nas suas previsões para Portugal, a organização repete os números que tinha apresentado em Outubro num relatório que dedicou exclusivamente ao país. Aponta para um crescimento de 0,8% este ano e de 1,3% em 2015, números ligeiramente inferiores aos do Governo. Para 2016 é prevista uma pequena aceleração para 1,5%. A retoma moderada é, de acordo com o relatório, ameaçada pelo crescimento mais lento do resto da zona euro, mas pode beneficiar do desempenho mais positivo da vizinha Espanha."

Justiça? Que Justiça!!!



Comentários para quê?
Esta é a Justiça que anda por aí, por aqui, por acolá!
Não será a Justiça do poder dos cifrões?
Ainda dizem, está na Lei, que a Justiça é igual para todos.
É?  Não!  Deveria ser e não é!



Justiça - confiar nela?

Para ler e melhor entender o que se está a passar com a "Justiça" de alguns

 CONFIAR NA JUSTIÇA?

Sócrates não está condenado e já foi exposto ao pelourinho.

"O homem levou milénios até conseguir separar a Justiça da barbárie. E nesse processo a decisão mais fundamental foi entender que devia subtrair as pessoas, mesmo as mais criminosas, à humilhação pública, ao opróbrio do pelourinho. A civilização procurou eliminar o espetáculo indignificante e subtrair as funções da Justiça aos gostos mais mesquinhos da populaça que, séculos a fio, se deleitou a remediar as suas frustrações maltratando todos quantos arrastados ao pelourinho.
Execuções públicas, autos de fé, pelourinhos e outros nauseabundos momentos de barbárie, para servir o poder ou como castigo, foram banidos no processo civilizacional.
O pelourinho era na praça. Na praça se exibiam os condenados para gáudio de todos. Hoje, o novo pelourinho é a comunicação social, porque ela é a praça global.
Ora, expor condenados no pelourinho é inevitável, já que o crime, num mundo comunicacional, deixou de estar confinado às salas de Justiça e é, por força da vida, comentado à exaustão. Nem poderá ser de outra forma.
Também por causa disso as leis foram limitando o poder arbitrário dos agentes da lei, tendo especial cuidado em limitar as situações em que alguém pode ser exposto ao opróbrio público.
Todos se presumem inocentes até prova em contrário e os agentes da Justiça têm de ter especial recato antes de exporem alguém ao pelourinho. E, se isso é válido para todos, deveria ainda ser mais válido para alguém que teve ou tem na opinião pública uma presença que significou a representação de muitos milhares de portugueses.
Independentemente de se concordar ou discordar de um primeiro-ministro (ou ex), ele é um símbolo do país. E se, sendo condenado, deve ser objeto de especial censura, até esse momento toda a exposição é a evitar, já que não é só a personalidade do próprio, mas a imagem do país em causa.
O que aconteceu com o circo montado em volta de José Sócrates faz medo e faz pensar. Sócrates não está condenado e já foi exposto ao pelourinho. Mais, aparentemente o regresso à barbárie faz parte dos atuais cânones e estratégias judiciárias. Mais, permitir fugas de informação não é crime?
Um ministro demitiu-se no processo dos vistos para não afetar a sua autoridade. Perante as reiteradas fugas ao segredo de justiça não será ninguém responsável? Não deveria o vértice do sistema assumir o incumprimento e ser responsável?
Mais, há fundadas dúvidas se, na detenção do ex-primeiro-ministro, a lei, muito restritiva quanto à perda da liberdade, foi cumprida. Se, como espero, Sócrates for ilibado, quem responderá por tudo o que de desnecessário, humilhante e circense aconteceu?
Sou amigo de José Sócrates e a última coisa que gostaria era que se confirmassem as supostas razões pelas quais foi detido.
Mas, independentemente do que acontecer, uma dúvida tenho: como posso confiar numa Justiça espetáculo, que exibe alguém em pelourinho sem estar condenado, viola sistematicamente a lei do segredo de justiça, não respeita as leis que lhe limitam o pôr em causa direitos individuais e, no caso, se está rigorosamente a marimbar para o prestígio do país? Se alguém pensa que Portugal vai bem no filme, desenganem-se.
É urgente coragem e é urgente refletir.
A separação de poderes não pode ser cobardia. A independência dos magistrados não pode ser autocracia.
Os muitos atores da Justiça que não se reveem nesta “casa dos segredos” em que se transformou tudo isto devem agir para prevenir o futuro e nos devolverem a liberdade – que está em causa.

Cavaco Silva em viagem de "férias"


"A visita de Cavaco coincide com o final da reunião da comissão mista Portugal-Emirados Árabes Unidos, cuja comitiva portuguesa de oito empresários e três secretários de Estado é liderada pelo vice-primeiro-ministro. O Presidente irá participar na assinatura dos acordos e memorandos de entendimento conseguidos na reunião, em áreas como a cultura, segurança interna, educação, defesa, farmacêutica, aviação, turismo, agro-alimentar e segurança alimentar. Não há ainda indicações sobre o conteúdo porque as negociações – trabalhosas, admitem fontes da Presidência e do Governo – ainda decorrem."

Pinto Monteiro investigado pela Procuradoria


Não sabemos qual a actividade actual do antigo Procurador Pinto Monteiro, mas sendo verdade, suscita-se a seguinte pergunta: Sócrates sabia que estava a ser investigado?
E Pinto Monteiro também sabia?
Numa forma ou noutra, é proibido almoçar com quem quer que seja
Para o Jornal de Notícias ter publicado esta informação, não houve mais uma fuga ao segredo de justiça?  Ou o JN está a mentir, para vender mais uns jornais?


Fugas ao segredo de justiça no Youtube



A senhora Procuradora, será que desconhece os efeitos perversos das fugas ao segredo de justiça que veem de dentro da area da sua responsabilidade?

Pedro Adão e Silva escreve assim:

"Depois, o sistema de justiça foi ficando cada vez mais poroso e começámos a ter citações de peças processuais. Mas a tendência era imparável e logo se seguiram as transcrições integrais de escutas. Tudo se passou muito depressa. Pelo caminho, notável coincidência, enquanto os representantes corporativos dos operadores do sistema iam ganhando crescente protagonismo mediático, juízes e magistrados do ministério público, que tradicionalmente estavam entre os profissionais em quem os portugueses mais confiavam, passaram a comparar mal com políticos em estudos de opinião. Na semana passada foi dada mais uma estocada no já frágil prestígio da justiça em Portugal: o áudio de escutas do processo "apito dourado" foi reproduzido integralmente no YouTube.
Neste caso concreto, como em muitos anteriores, a violação do segredo de justiça serve apenas um propósito: compensar com disseminação de informação na opinião pública a incapacidade de produzir prova no lugar adequado, os tribunais. É que uma coisa é consideração subjectiva que cada um de nós pode fazer sobre a culpabilidade de alguém (e naturalmente que tenho a minha opinião pessoal sobre a idoneidade de Pinto da Costa e outras figuras do futebol nacional), outra, bem diferente, é tolerarmos que os julgamentos passem para a praça pública, agora através do YouTube. Ao aceitarmos que este passo seja dado, estamos a aceitar que um inocente perca, de facto, as garantias que lhe são devidas se estiver perante a justiça.
Há, contudo, um outro problema, não menos relevante. A violação do segredo de justiça é por natureza assimétrica. A passagem de informação a conta-gotas serve invariavelmente para que se crie uma percepção parcelar - ou seja, em lugar da busca da verdade e de justiça temos tentativas de construção de culpabilidade com base apenas em alguns elementos processuais. Além de que nada nos garante que a informação veiculada para os media seja factualmente verdadeira.
É por tudo isto que é tão grave a sistemática e indesculpável ausência de investigação consequente de casos de violação do segredo de justiça. O que aliás serve para revelar um paradoxo: ao mesmo tempo que é tão fácil para o nosso sistema escutar alguém (sem que seja garantido que o conteúdo dessas escutas é reservado e não cai no domínio público), continua a ser tão difícil "escutar" se, por exemplo, um juiz, um magistrado do Ministério Público, um funcionário judicial ou um advogado falou com um jornalista sobre elementos de um processo."

25 novembro, 2014

Passos Coelho, falar por falar

Depois de ter feito fortes e injustificados cortes na ciência, investigação e nas universidades, vem com este discurso?
Não haverá por aí alguém que o chame à razão. Falar, por falar... e pelos vistos ainda há por aí gente que gosta e que o suporta em ouvir.
Há gostos para tudo.

Passos Coelho "Dobrámos o cabo das tormentas da disciplina orçamental" na investigação
O primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, considerou hoje que foi dobrado "o cabo das tormentas da disciplina orçamental" em matéria de investigação científica e disse esperar que Portugal consiga obter mais recursos europeus para esta área. (Notíciasaominuto)

Sem vergonha

Um... e... outro.

Depois do que aconteceu em Timor, da maneiro e modo como os portugueses foram postos de lá para fora, o Ministro da Defesa apressa-se a ir a Timor assinar um protocolo com Xanana Gusmão.  Esqueceu-se de que o Ministro da Justiça de Timor veio a Portugal e quase passou como clandestino fosse.
Outro personagem importante e defensor da austeridade, quando se tratar de viajar, esquece a austeridade que aceita para os outros - Cavaco Silva vai de visita ao Dubai. Fazer, sabe-se lá o quê!  Belém consome um orçamento muitas vezes superior aos seus iguais na Europa, em especial aos vizinhos da monarquia de Espanha e não se cuibe de mais uns gastos numa viagem de "férias"
Olha  para o que digo, não olhes para o que eu faço, parece ser este o lema de um e de outro.
Não há mesmo vergonha.

Troika - que ladroagem

Até Outubro deste ano, Portugal gastou 6.487,8 milhões de euros com encargos com a dívida, um decréscimo de 1% face ao período homólogo
O Estado pagou à troika 1.634,5 milhões de euros em juros e comissões até Outubro relativos ao empréstimo no âmbito do resgate internacional, de acordo com os números oficiais hoje divulgados.
De acordo com a síntese da execução orçamental hoje publicada pela Direcção-Geral do Orçamento (DGO), nos primeiros dez meses do ano, Portugal pagou aos credores internacionais 1.616,8 milhões de euros em juros e mais 17,7 milhões de euros em comissões.

Submarinos no estaleiro

Depois dos 4,4 milhões de euros gastos na manutenção do Tridente, Ministério da Defesa vai pagar 5,5 milhões pela do Arpão
O Ministério da Defesa vai gastar mais 5,5 milhões de euros (mais IVA) na manutenção do Arpão, um dos dois submarinos comprados em 2004 por cerca de mil milhões de euros, mas só entregues em 2010 e 2011.
O despacho do ministro da Defesa, José Pedro Aguiar-Branco, ontem publicado em Diário da República, autoriza "a aquisição de serviços de manutenção planeada para execução durante a pequena revisão com docagem do N. R. P. Arpão, a concretizar durante o ano de 2015", no estaleiro da Thyssen Krupp Marine Systems GmbH (TKMS), a empresa que construiu os submarinos.