07 janeiro, 2014
Papa Francisco corta nos privilégios de alguns sacerdotes
Cavaco Silva o discurso visto por Mário Soares
”UM DISCURSO INÚTIL
Alguns portugueses quiseram ouvir - e ler - o discurso do início do ano do Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva. Por mim, como já esperava o que ia ser dito, não me provocou qualquer curiosidade nem interesse. Foi, como diz o povo, vira o disco e toca o mesmo.
Assim foi, com efeito, tocou o mesmo. Não disse nada de novo. Líder do partido do Governo, o PSD, ao qual continua ligado e o único com que dialoga. O próprio CDS para o Presidente só conta porque sem ele não haveria maioria...
O Presidente só fala dos mercados, são a única preocupação que tem. Veja-se que para o Presidente da República os mercados sobrepõem-se à política, o contrário do que a Constituição diz. Ou seja: é o economicismo puro e duro. Não se interessa pelas pessoas. Sejam desempregadas, sem pão para dar aos filhos, porque os filhos dos outros não contam. Os portugueses são obrigados de qualquer modo a emigrar, saindo de Portugal, mesmo que sejam grandes cientistas, escritores, académicos ou artistas. Como tem vindo a suceder.
A cultura nunca interessou ao Presidente da República. Só os mercados e consequentemente o dinheiro que deles pode vir - se assim acontecer - venha de onde vier. Ilusão absoluta.””
Papa Francisco - homem do ano
“”O Papa Francisco foi considerado - e bem, quanto a mim - o Homem do Ano. Suponho que só aconteceu com três papas, o último dos quais foi João Paulo II.
O anterior, Bento XVI, teólogo alemão de grande inteligência e de uma preparação cultural invulgar, não foi capaz de pôr na ordem um Vaticano onde a corrupção reinava, bem como a pedofilia.
Foi por essas duas razões, além de outras, julgo, que Bento XVI resignou. Tendo sido eleito o atual Papa Francisco. Eram, aliás, amigos desde há algum tempo, entendiam-se e entendem-se muito bem.
O Papa Francisco (não Xavier, apesar de jesuíta, mas Assis, de franciscano), ao contrário do que se poderia julgar, desde os primeiros passos tornou-se um Papa muito ativo e extraordinariamente popular.
Sendo argentino de nascimento - é o primeiro Papa não europeu - viveu em Itália e fala corretamente italiano.
E também na Alemanha, onde Ratzinger antes de ser Papa o conheceu.
Bento XVI, com a sua argúcia, teve suficiente tempo para conhecer o Vaticano, a corrupção reinante e os abusos pedófilos e outros que por lá se passavam. Mas como grande intelectual achou que não era ele a pessoa indicada para transformar e pôr na ordem o Vaticano e os respetivos cardeais e bispos.
O jornal catalão La Vanguardia publicou um dossiê intitulado a "Geopolítica da Santa Sé", de setembro de 2013, que vale a pena ler. Nele se diz que o Vaticano se chama Santa Sé, que tem 450 funcionários permanentes e é tão importante que poucos Estados podem dar-se ao luxo de a ignorar. São eles o Afeganistão, o Butão, a China, a Coreia do Norte, Omã e a Arábia Saudita.
Recorde-se que foi o Papa polaco Karol Wojtyla (João Paulo II), que eu acompanhei quando esteve em Portugal, que contribuiu para a queda do comunismo. E note-se também que a revolução pacífica que o Papa Francisco está a fazer na Santa Sé vai torná-la muito diferente e melhor. O Papa Francisco é uma personalidade bem-disposta que ama os pobres e gosta de falar não só com os crentes como também com os não crentes, cuidando especialmente dos pobres e sobretudo dos sem-abrigo, que, como se sabe, convidou para um pequeno--almoço.
Gosta igualmente de falar com crentes de outras religiões, sejam judeus, protestantes, muçulmanos ou budistas e também com os não crentes. É, além disso, argentino, sendo a América Latina uma das regiões do mundo com maior número de católicos.
O Papa Francisco tornou-se em poucos meses uma personalidade religiosa excecional. É hoje visto como um dos mais esperançosos Papas da Igreja Católica, desde a última guerra mundial. E talvez por isso haja quem pense, dado o seu dinamismo e popularidade, que alguém o possa querer matar. Não faltarão membros da própria Igreja ou pagos para isso, que estão a ser postos em causa, que pensem nessa hipótese, em consequência da sua ação renovadora. Mesmo no Vaticano, não tenho dúvidas disso.
Sua Santidade tem com ele o povo e muita gente de diferentes classes que o adoram, cada vez mais. É verdade. Mas parece-me óbvio que tem também vindo a fazer, até em algumas igrejas nacionais, vários inimigos. O que pode ser perigoso.
Acho que a Igreja portuguesa, que foi colonialista no tempo de Salazar e com o patriarca Gonçalves Cerejeira, salazarista e seu grande amigo, desde Coimbra, se tornou, graças ao Partido Socialista, uma Igreja aberta. O que não era, exceto talvez no final, quando apareceram os chamados católicos progressistas. Sobretudo após o patriarca ser o cardeal D. António Ribeiro.
O Santo Padre Francisco é não só amigo dos pobres e gosta de falar com cristãos e também com não cristãos como entende que Deus é paz e, por isso, a austeridade é condenável pelo mal que faz às coletividades e aos Estados (como o nosso). O "capitalismo selvagem", com a sua ganância globalizada pelo dinheiro e o manifesto desemprego, não só dos pobres mas também da classe média, "mata". A palavra é de Sua Santidade.
Se juntarmos a estas posições o facto de o Papa Francisco não ser europeu e estar a implementar reformas que julga indispensáveis, mesmo na própria Cúria, e não gosta de que os mercados se imponham à política representa, como é óbvio, um perigo imenso, ao qual Sua Santidade parece não ter dado especial atenção.
“”Há quem diga que o Papa Francisco será o Papa do Vaticano III (veja-se o número especial do Diário de Notícias de sábado passado). Porquê? Porque está a promover muitas transformações na Santa Sé. Tornou-se Papa quando havia ainda - e há - um ex-Papa vivo e conversam entre eles. O que é muito salutar e importante. Tenciona criar um conselho de sábios de oito cardeais dos cinco continentes, ideia que nasceu, ao que diz a imprensa, das reuniões do pré-conclave.
Ao contrário do Papa Bento XVI, que é fundamentalmente um teólogo e um pensador, o Santo Papa Francisco é sobretudo um homem de ação. Apesar disso, proclamou já uma brilhante exortação apostólica intitulada "Evangelii Gaudium". Vale a pena lê-la e não a esquecer.
Evidentemente que o Papa Francisco tem, como toda a gente, amigos (muitos) e alguns inimigos. Foram esses, penso, argentinos, que mal foi eleito Papa, começaram a intriga de que tinha sido apoiante da ditadura militar argentina. O que não é verdade.
Saiu agora um livro traduzido para português por António Maia da Rocha, que já tem, aliás, uma segunda edição, intitulado A Lista de Bergoglio e como subtítulo "Os que foram salvos por Francisco durante a ditadura - a história nunca contada". É um livro cujo autor é Nello Scavo e é prefaciado por Adolfo Pérez Esquível, Prémio Nobel da Paz 1980.
O que diz esse livro? Cito: "Na Argentina, os militares tomam o poder. Rebenta o terror. O exército rapta e mata dezenas de milhares de pessoas, naquele processo trágico que ficou conhecido como o drama dos desaparecidos. Em Buenos Aires, de forma discreta mas heroica, o jesuíta Jorge Mario Bergoglio salva todos os perseguidos que pode." Ao contrário do que sucedeu com outros párocos e mesmo jesuítas que, a bem com o regime, o denunciaram.
Trata-se de um livro que merece ser lido porque esclarece a vida e glorifica o Papa Francisco.
Ontem, o Papa Francisco anunciou a sua ida em maio aos lugares santos (Israel). Quer seguramente falar com judeus responsáveis, mas não deixará de falar também com palestinianos. Porque para o Papa Francisco "Deus é Paz" e Sua Santidade tudo faz para conseguir a paz religiosa, mas não só. Porque "Deus é Paz". “”
EUSÉBIO por Mário Soares
“”UMA PERDA NACIONAL E MUNDIAL
O falecimento de Eusébio, inesperado, comoveu o País inteiro, mas não só. Todo o mundo se emocionou com a perda do futebolista a quem chamaram Pantera Negra.
O futebol é hoje e cada vez mais um desporto que impressiona todo o mundo, independentemente dos países e dos continentes. Poucas pessoas, e eu sou uma delas, não se interessam pelos jogos e campeonatos de futebol, mesmo quando são mundiais. O falecimento de Eusébio, afastado dos relvados há anos, é a prova disso. Ninguém esqueceu Eusébio, mesmo nos países mais afastados. Milhares de pessoas e não só portugueses e moçambicanos desfilaram no Estádio da Luz para lhe prestar a sua homenagem e o seu sentimento de gratidão. Um fenómeno único e impressionante. Não só benfiquistas. De todos os clubes. Eusébio prestigiou Portugal quando ninguém falava no mundo da ditadura de Salazar. Foi um patriota e um futebolista excecional que todo o mundo respeitou. Honra a Eusébio, que fez tanto por Portugal e por Moçambique, onde nasceu.””
Passos Coelho vaiado
GRÉCIA - descalibrou a Troika
Segundo o ministro, "a zona euro não diagnosticou a tempo as causas da crise na Grécia e no sul da Europa" e o programa de austeridade foi aprovado num momento em que o país se encontrava em recessão, "o que provocou dificuldades adicionais, já que (...) os ajustamentos estruturais são mais fáceis de aplicar em períodos de crescimento económico".» [DE]
06 janeiro, 2014
RECALIBRAR
O Governo anda a gozar com os portugueses ao “recalibrar”
RECALIBRAR - É este o primeiro verbo que o Governo terá inventado para “lixar”, novamente, os funcionários públicos e pensionistas, entre outros milhares de portugueses.
Curiosamente no Dicionário Priberam, não existe e, não existe também no Léxico.
Não será que quem deveria ser recalibrado era o governo?
Cavaco, Passos e companhia
Cavaco Silva, Passos Coelho e mais alguns “artistas” da política, aproveitaram a “boleia” para se mostrarem ao Zé Povinho sem serem vaiados e assobiados.
Por outro lado, parte desta “gente” presta muito pouco ou nada.
O porta voz semi oficioso do governo, Marques Mendes, que perdeu uma boa oportunidade para estar calado.
Talvez o seu “piar” pelas televisões seja pago à palavra. Então o homem, fala pelos cotovelos.
N’ O Jumento escreve-se, assim:
“”Talvez seja tempo destes rapazolas irem recalibrar as mãezinhas que os fez, podiam mesmo começar a recalibrar o Marques Mendes para que o homem deixe de ser pequenino e oportunista, isso de apresentar o Eusébio como um destacado militante do PSD, mais do PPD do que do PSD e sempre disposto a apoiar as causas laranjinhas é mesmo de alguém que ficou descalibrado à nascença.”” In “ O Jumento”
Cavaco - Saramago-Eusébio-Ronaldo
Cavaco Silva
Faço parte dos muitos que gostavam de Eusébio e não nutriam simpatias especiais por Saramago, mas os sentimentos de simpatia não podem iludir a realidade e não é pelo facto de as massas serem mais dadas a ver chutos na bola do que a ler os livros do prémio Nobel que devemos valorizar o primeiro em relação ao segundo.
Eusébio tinha um dom físico natural e a importância do futebol à escala nacional e internacional deu-lhe uma importância e protagonismo que outros dotados não têm. Acresce a isso a personalidade bondosa de Eusébio e a sua dedicação em décadas a Portugal e ao seu clube.
Mas de um Presidente da República-se espera-se mais do que de um vulgar fã do futebol e é impossível não comparar o comportamento de Cavaco Silva aquando da morte de Saramago e a forma como se aproveitou da morte de Eusébio para aliviar a sua pobre imagem política.
Enfim, tanto Eusébio como Saramago mereciam melhor, muito melhor do que este provincianismo cheio de ódios e oportunismos, mereciam ser tratados com classe e com a dignidade que a dimensão de ambos exigia.
PS: Tenho de confessar que a comunicação de Cavaco me ia levando ás lágrims, com comunicações destas e condecorações ao Ronaldo o condómino da Quinta da Coelha ainda me transforma num dos seus maiores admiradores.
Eusébio 3 - 2 Saramago
Saramago teve dois dias de luto nacional, Eusébio tem três. Mas Saramago não ficaria zangado, era benfiquista.
Símbolos nacionais
Há poucos dias era Cavaco a dizer que Ronaldo é um símbolo nacional, agora é Seguros e mais alguns a atribuírem a Eusébio esse estatuto. Não será leviandade a mais usar o estatuto de símbolo nacional para elogiar seja quem for? Com uma vénia a “ O Jumento”
05 janeiro, 2014
Eusébio fez esquecer Passos Coelho
Passos Coelho, vai tem um ou dois dias de descanso.
A morte prematura de Eusébio, veio lançar uma nuvem de fumo sobre a actividade do Governo de Passos Coelho.
O futebol, desde há muito que serviu e serve para esconder, de camuflar as misérias de Portugal.
A dor dos seus familiares, amigos e antigos companheiros do futebol é trazido à nossa lembrança a todo o momento, em todos os meios de informação e nas conversas de família e amigos, deixando no esquecimento, embora temporariamente, as grande dificuldades e misérias porque passam hoje a grande maioria dos portugueses.
Depois deste tempo passado, a realidade volta, nua e crua.