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25 abril, 2009

Cavaco Silva

Será desta que Cavaco Silva se deixa do palavreado ambiguo de economista e lê um discurso que seja entendido pela maioria dos portugueses?
Já é tempo de se apresentar aos portugueses como, politico e não como economista


As atenções estão hoje centradas no Presidente da República. A troca de recados entre Belém e São Bento, na última semana, fez aumentar como nunca a expectativa em relação às declarações de Cavaco Silva, que discursa hoje de manhã na sessão solene comemorativa do 25 de Abril, no Parlamento.

11 março, 2009

11 de Março de 1975

À distãn para se compreender melhor

Vasco Gonçalves pouco mais tempo esteve no Governo. Em Almada "terminou" como Primeiro Ministro

Há 34http://barnabe.weblog.com.pt/arquivo/078352.html anos, o General Spínola tentou um golpe de Estado. Seria derrotado e dessa derrota nasceria um contra-golpe. É dos dias mais confusos que Portugal viveu nos últimos 30 anos. E dos mais contraditórios.

Deste dia resultaria um início do processo de nacionalizações, que seria fundamental para contrariar a descapitalização e o abandono das empresas e alguns fenómenos de sabotagem económica por parte de uma oligarquia protegida durante décadas pelo Estado Novo, habituada a viver num ambiente de monopólio que concentrava a economia nas mãos de meia dúzia de famílias. As nacionalizações, como garantia de uma efectiva mudança de regime, não eram uma novidade na Europa. Em França, com De Gaulle, e em Itália, elas seriam o instrumento fundamental de regeneração de um tecido empresarial intimamente ligado ao poder colaboracionista e fascista, que resistia ao processo de democratização.

Mas, com o 11 de Março, começaria também o afunilamento do processo revolucionário, a concentração de poderes políticos nos militares e o reforço do poder do PCP nos sucessivos governos e nas chefias militares. O Pacto partidos/MFA garantiria que os resultados eleitorais que saissem das eleições de 25 de Abril de 1975 não criariam uma nova legitimidade democrática. O PCP já sabia, nesse momento, que o seu peso eleitoral dificilmente lhe daria a legitimidade de que precisava para comandar o processo revolucionário que então se vivia.

Com o 11 de Março, a extrema-direita foi definitivamente derrotada, as tentativas de regresso ao passado também. Algumas das conquistas fundamentais, que hoje temos como adquiridas, foram institucionalizadas. Mas também foi ali que a revolução deixou de ser apenas uma festa. E foi então que começou a preparar-se o inevitável 25 de Novembro.

Há 29 anos deu-se um importante facto histórico. Contraditório, como quase todos. Há quem prefira rescrever a história e procure em cada data a bandeira que não teve então. Durão Barroso diz hoje que não é do 11 de Março. A questão é esta: qual 11 de Março? O de Spínola? O do PCP? O dos que, estando longe do PCP, resistiram a um golpe que contava, entre as suas fileiras mais activas, com uma extrema-direita que viria a mostrar, no Verão quente, até onde estava disposta a ir na violência e no assassinato como armas políticas? Recorde-se que o então PPD não só condenou violentamente a tentativa de golpe spinolista como apoiou as acções militares para o deter. Como se vê, houve muitas esquerdas e direitas, muitos erros e acertos, nestes tempos conturbados. Escolher, agora, é um processo de desonestidade política.

Por mim, que tinha cinco anos e tenho desses dois anos as memórias contraditórias de outros, prefiro pensar que tanto o 11 de Março como o 25 de Novembro foram indispensáveis. Cada um deles travou os perigos que o outro transportava. Recuso-me a escolher datas e refazer a história. Limito-me a achar que Portugal viveu, naqueles dois anos, um dos mais empolgantes momentos históricos do seu Século XX. Um sobressalto cívico de quem vivera 48 anos de mediocridade e repressão. E recordar que tudo isto aconteceu sem que uma guerra civil tivesse começado. E sentir que, se há coisas que ainda hoje não aceitamos, se há abusos e prepotências que não toleramos, se há direitos que temos como inatacáveis, é porque os conquistámos, enquanto povo, na rua. Ninguém os deu a ninguém. E não aceitar, por parte daqueles que são sempre tão benevolentes para com uma ditadura de 48 anos, dedos apontados a todos os que, nos vários quadrantes políticos, procuraram o caminho nos primeiros dias de liberdade.

Não, o PREC não foi uma infelicidade. Foi uma inevitabilidade. Como canta Sérgio Godinho, que deu o nome ao nosso blogue, «só quer a vida cheia quem teve a vida parada».

Para rever o dia, segue no link em baixo uma cronologia dos acontecimentos de há 29 anos.

00:00: (Tancos) Começam a chegar à B.A.3 mais elementos conspiradores que se reúnem em casa do major Martins Rodrigues.
08:00: O coronel Moura dos Santos reúne alguns oficiais e sargentos da unidade, aos quais dá conhecimento do que se vai desenrolar. Simultaneamente o mesmo é feito por alguns oficiais, comandantes esquadra, major Mira Godinho, major Neto Portugal, e capitão Brogueira em relação aos pilotos das suas esquadras, atribuindo-lhes em seguida as missões respectivas.
09:00: O general Spínola faz uma alocução aos pilotos dos helicópteros e dos T-6, em que se afirma estar a assistir-se à prostituição das Forças Armadas e ser necessário intervir para manter a continuidade e a pureza do processo desencadeado no 25 de Abril. Os meios aéreos destinados a atacar o R.A.L.1, aviões T-6, helicópteros e helicanhões começam a ser municiados.
09:40: (Montijo) Por ordem do comandante da B.A.6, coronel Moura de Carvalho são postos de alerta todos os meios aéreos.
10:45: (Tancos) Começam a descolar os primeiros meios aéreos destinados a atacar o R.A.L.1.
11:30: (Monte Real) Aterra o avião Aviocar vindo de Tancos (B.A.3), o qual transporta o coronel Orlando Amaral e o tenente-coronel Quintanilha. Estes vão à presença do comandante da B.A.5 a quem, na presença dos majores Simões e Ayala, anunciam a existência de uma operação comandada superiormente pelo general Spínola e pelo C.E.M.F.A., no caso da Força Aérea, a qual pretende repor a pureza do espírito do 25 de Abril. O tenente-coronel Quintanilha revela que a operação já se terá iniciado com um ataque aéreo ao R.A.L.1 e pede então ao coronel Velhinho que envie aviões F-86F para fazer passagens baixas de intimidação sobre o R.A.L.1, Avenida da Liberdade e COPCON. O comandante da base hesita, telefona para os seus superiores em Lisboa donde não obtém esclarecimentos.
Entretanto o major Simões faz uma sessão de esclarecimento aos pilotos da esquadra dos F-86F, explicando-lhes por sua vez aquilo que ouvira no gabinete do comandante da base. Nessa sessão alguns oficiais manifestam-se abertamente desconfiados e descrentes do que lhes é dito, opondo-se a colaborar naquilo que consideram um golpe da direita.
11:50: O R.A.L.1 é atacado e são atingidas as casernas dos soldados e os principais edifícios do aquartelamento, resultando na morte do soldado Joaquim Carvalho Luís e 14 feridos.
12:00: (Aeroporto de Lisboa) É encerrado o tráfego civil.
(Quartel do Carmo) Oficiais da G.N.R. no activo e outros já afastados do serviço, comandados pelo general Damião, prendem o comandante-geral e outros oficiais.
12:20: (Tancos) Descolam 3 Allouette, transportando 12 elementos para uma acção armada contra as antenas do R.C.P., em Porto Alto.
12:50: (Lisboa) A 5.a Divisão do E.M.G.F.A. emite a seguinte mensagem a todas as Unidades do Exército, Armada, Força Aérea, G.N.R., P.S.P. e G.F.
"O COPCON, a Comissão Coordenadora do M.F.A. e a 5.a Divisão do E.M.G.F.A. alertam todas as unidades para se colocarem em estado de mobilização para destruir forças rebeldes contra-revolucionárias que neste momento atacam unidades do M.F.A.."
13:00: (Porto Alto) Um grupo de civis armados e comandados por 2 militares atacam o emissor do Rádio Clube Português, interrompendo a emissão desta estação em onda média.
Os atacantes faziam-se transportar em 2 helicópteros seguindo num o major Silva Marques, António Simões de Almeida, João Alarcão Carvalho Branco e José Carlos Champalimaud e no outro o 1°tenente Nuno Barbieri, José Maria Vilar Gomes, Eurico José Vilar Gomes, António Ribeiro da Cunha e Miguel Champalimaud.
O general Spínola tenta aliciar, pelo telefone, o major Jaime Neves, comandante do Batalhão de Comandos nº 11, que lhe responde só obedecer à hierarquia a que está sujeito, o COPCON, com quem aliás já tinha estado em contacto. O general Spínola procura, ainda, falar com o tenente-coronel Almeida Bruno que está presente, mas que se esquiva.
Pouco antes ou depois desta diligência o general Spínola estabelece contacto com o tenente-coronel Ricardo Durão tentando obter por via deste e do capitão Salgueiro Maia, a adesão da E.P.C. O capitão Salgueiro Maia não atende este telefonema.
13:10: (Lisboa) A Emissora Nacional interrompe a sua programação normal e passa a transmitir directamente do Centro de Esclarecimento de Informação Pública da 5.a Divisão do E.M.G.F.A., aconselhando a população de Lisboa a manter-se calma e vigilante em união com o M.F.A. e seus órgãos representativos
13:20: O major Rosa Garoupa telefona para o major Casanova Ferreira comandante da P.S.P. de Lisboa, a pedir-lhe a ocupação do Rádio Renascença e que pusesse "no ar" esta Emissora (na altura em greve) com o fim de emitir comunicados dos revolucionários, acções que se não concretizam.
13:30: (Lisboa) É transmitido pela E.N. o primeiro comunicado da 5.a Divisão.
13:50: (Tancos) Descola um helicóptero Allouette III, pilotado pelo tenente-coronel Quintanilha o qual se desloca com o major Cóias à B.A.5, seguido por dois aviões Aviocar transportando pára-quedistas. Aí tenta garantir a neutralidade da base, ameaçando, inclusivamente, que os pára-quedistas a ocupariam. Em seguida, quando alguns sargentos, alertados por camaradas de Lisboa, tentam prender o tenente-coronel Quintanilha, este evade-se no helicóptero acompanhado pelos Aviocar com pára-quedistas que, entretanto, se tinham mantido sobrevoando a base de Monte Real. As três aeronaves regressam então a Tancos.
14:45: É transmitido o primeiro comunicado emanado do Gabinete do Primeiro-Ministro do seguinte teor:
"Esclarece-se a população terem-se verificado hoje, de manhã, incidentes envolvendo forças militares reaccionárias em tentativa desesperada de travar o processo revolucionário Iniciado a 25 de Abril. Tais incidentes consistiram numa tentativa de ocupação do R.A.L.1, envolvendo meios aéreos e terrestres. A situação encontra-se sob controle, pelo que se apela para que a população se mantenha calma, sem abrandar contudo a sua vigilância. A aliança entre o Povo e as Forças Armadas demonstrará, agora como sempre, que a revolução é irreversível".
15:00: (Tancos) Soldados e sargentos da B.A.3 amotinam-se contra os conspiradores e arrombam as viaturas civis utilizadas pelos elementos estranhos donde retiram armamento.
15:15: A grande maioria dos pára-quedistas que atacaram o R.A.L.1 depõem as armas e juntam-se aos militares desta Unidade. O brigadeiro Otelo Saraiva de Carvalho dá conta ao País da normalização da situação.
17:15: O primeiro-ministro, brigadeiro Vasco Gonçalves, dirige, pela TV e Rádio, uma alocução ao povo português na qual denuncia a acção como tendo sido "um golpe contra-revolucionário"
19:00: (Badajoz) O general Spínola, acompanhado de sua mulher, chega à Base Aérea de Talavera la Real.