06 janeiro, 2020
03 janeiro, 2020
Norberto Barroca - faleceu - foi professor na Emídio Navarro
Foi professor e o organizador duma representação da Emídio Navarro num cortejo em Almada
Poucas figuras atravessaram como Norberto Barroca o teatro português dos últimos 70 anos em todas as suas encarnações, do espectáculo declaradamente popular (Um Cálice do Porto, que criou para a Seiva Trupe, foi o seu grande blockbuster, mas também se aventurou no Parque Mayer) às sinuosas construções ficcionais de um autor de vanguarda como Fernando Arrabal (teve em 1969 com Fando e Lis a sua consagração crítica), das aventuras fundadoras do teatro universitário no Portugal censurado da década de 50 a grandiosas encenações comunitárias como A Lenda de Gaia, que marcou uma fase já terminal da sua carreira, nos 12 anos, entre 1998 e 2009, em que foi director artístico do Teatro Experimental do Porto (TEP).
Natural da Marinha Grande, onde nasceu em 1937, foi em Lisboa, quando ali rumou para estudar Arquitectura, que Norberto Barroca se iniciou no teatro. Há muito, porém, que essa era a sua “fixação”. Frequentava as mais populares salas da capital desde miúdo, por causa de uma lesão de nascença num braço que obrigava a família a deslocar-se regularmente a Lisboa para consultas médicas, contou em 2013 à revista Sinais de Cena: “Eu vinha a Lisboa ao médico (...) e como o meu pai gostava muito… Íamos ao teatro. A minha primeira memória do teatro será de 1944. Foi no Teatro Variedades, uma comédia com a Maria Matos que se chamava Os Anjinhos. Normalmente eram espectáculos ligeiros (...), entre o Parque Mayer e o Teatro Avenida. Vi o Estêvão Amarante, a Mirita Casimiro no auge da sua carreira, o Vasco Santana, o António Silva, a Irene Isidro...”. Norberto Barroca, que esta quinta-feira morreu em Lisboa, aos 82 anos, na sequência do agravamento de uma pneumonia que o mantinha hospitalizado há já várias semanas, não saiu incólume desse percurso tão diverso em que não virou a cara a nenhum tipo de teatro. “Infelizmente, creio que ele pagou o preço desses espectáculos ditos populares que fez na década de 80 com a Seiva Trupe, sucessos de bilheteira que fizeram muito pela formação de públicos e com os quais ficou irremediavelmente conotado. Os júris dos concursos do então Instituto das Artes fizeram-lhe uma perseguição permanente”, lamenta Júlio Gago, que com ele trabalhou diariamente durante 12 anos à frente do TEP. Durante esse período, recorda ao PÚBLICO, o encenador, que também foi actor, cenógrafo e figurinista (formou-se aliás como arquitecto na Escola Superior de Belas Artes de Lisboa), conseguiu conciliar clássicos como Shakespeare, Ibsen e Tchékhov e temporadas recordistas (a sua montagem de Felizmente Há Luar, de Luís de Sttau Monteiro, manteve-se em cena por mais de dez anos e “ultrapassou largamente os 200 mil espectadores”). E ainda teve tempo, acrescenta Júlio Gago, para completar a tese de mestrado em História na Faculdade de Letras da Universidade do Porto, sobre um tema igualmente mal amado, A Opereta em Portugal. Da ditadura militar ao Estado Novo.
O espectáculo que mais o fascinava nesses anos, contudo, e que para sempre o marcou, era outro, o do labor dos operários do vidro: “Cresci junto da fábrica dos Stephens, e, desde sempre me habituei a ouvir os apitos para chamar os operários (...). Todos esses sons me ficaram na memória e também os cheiros dos fumos das chaminés”, lembrava na mesma entrevista.
Foi nesses anos de formação que começou a brincar ao teatro, na cave de casa, onde montou “um palcozinho que tinha pano de boca e tudo”. A Arquitectura surgiria mais tarde como alternativa, perante a exigência familiar de uma formação académica convencional. “Não podia dizer ao meu pai que a minha finalidade era o teatro [risos]. Embora ele gostasse muito de teatro”, explicava ainda à Sinais de Cena, sublinhando como a sua prática teatral, que tantas vezes o levou a acumular as tarefas de encenador e cenógrafo, sempre foi uma experiência eminentemente espacial. As primeiras maquetes que fez, de resto, foram os teatrinhos de papel que montou na adolescência: “Fiz um teatrinho, com um caixote, e depois fazia os cenários. O Mário Viegas costumava dizer que tinha um teatrinho, mas eu também tinha. Eram as figuras que recortava do jornal, as caricaturas das peças de teatro, depois punha-lhes um arame em cima e movimentava-as.”
Após completar os estudos liceais em Lisboa, Norberto Barroca ingressou nas Belas Artes, onde se cruzou, como parecia inevitável, com o teatro universitário. Ali chegou através de colegas como Herlander Peyroteo e Manuel Amado (1938-2019), cujo pai, o encenador Fernando Amado, dirigiu entre 1952 e 1958 o Teatro Universitário de Lisboa. “No primeiro ano”, recordou às investigadoras Maria Helena Serôdio e Eunice Tudela de Azevedo na mesma entrevista da Sinais de Cena, fui ponto da peça do Almada [Negreiros], Antes de Começar, que era interpretada por dois pintores, a Lourdes Castro e o Luís Filipe Abreu”. Sucederam-lhe papéis já como actor em Óleo, de Alexandre O'Neill, e O Guarda do Túmulo, de Kafka.
Estrear-se-ia profissionalmente com o mesmo encenador, num espectáculo com que o Centro Nacional de Cultura assinalou, em 1960, o 25.º aniversário da morte de Fernando Pessoa: “Um dia, a subir o Chiado, encontrei o Fernando Amado, que me convidou a ir para o Centro Nacional de Cultura, onde ele estava a ensaiar um grupo. E eu fui (...). Deu-me um poema para eu ler. Era o Aniversário, do Álvaro de Campos. Agarrei no poema e li-o com simplicidade, muito diferente da maneira mais empolgada do Villaret, por exemplo. Gostaram e fiquei logo ‘contratado’”. E seria ainda com Amado que viveria uma aventura fundadora do teatro moderno em Portugal, a Casa da Comédia, financiada por um industrial de móveis de escritório, João Osório de Castro, que tinha uma paixão pelo teatro e dinheiro para a concretizar. Falhou o primeiro espectáculo do grupo porque estava a dar aulas de desenho em Almada, mas protagonizou o segundo, Deseja-se Mulher, de Almada Negreiros, com Manuela de Freitas, em 1963. A actriz Fernanda Lapa, que tal como Maria do Céu Guerra se estreou profissionalmente nesse espectáculo, lembrou esta tarde esse primeiro encontro com Norberto Barroca num post publicado no Facebook: “Era um Homem BOM. Foi o meu galã no Deseja-se Mulher, a minha peça de estreia na Casa da Comédia. Aí, trabalhei mais uma vez com ele e mais tarde na extinta Companhia do São Luiz. Nunca o esquecerei.”
Texto retirado da Internet
Texto retirado da Internet
01 janeiro, 2020
Carcavelos - primeiro banho do ano 2020
Narciso António dos Santos, de 95 anos, um veterano destes mergulhos gelados "Faz hoje 77 anos que venho sempre tomar o primeiro banho do Ano Novo à praia de Carcavelos", disse Narciso dos Santos é um dos oito fundadores do grupo "Narciso", que criou a iniciativa, lembrando que os outros sete morreram
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