31 outubro, 2014
30 outubro, 2014
Jornalistas preguiçosos
O problema dos jornalistas não é de modo algum o que criticam e investigam, mas sim o que omitem sobre determinados líderes e o acriticismo com que brindam determinadas causas.
“Tantos são preguiçosos. É verdade, preguiçosos”, disse este sábado Passos Coelho a propósito dos jornalistas, nas jornadas parlamentares do PSD/CDS. Terá dito mais. Falou de “inverdades como punhos” (um dos fenómenos mais estranhos do léxico político português foi o desaparecimento da límpida palavra mentira e a sua substituição pela retorcida inverdade.) Falou também o primeiro-ministro, aqui já, ao que parece, a propósito dos comentadores (quiçá dos comentadores filiados no PSD que aspiram a outros voos no ano de 2015), do espírito “Maria vai com as outras” de quem procura causar uma boa impressão. Mas não ficou por aqui. Foi mais longe questionando: “Porque é que aqueles que todos os dias informam os portugueses e informam mal não hão-de dar a mão à palmatória, não hão-de pedir desculpa e não dão aos portugueses um direito a ter uma informação isenta e rigorosa?”
Dizem as notícias que esta intervenção de Passos Coelho foi bastante aplaudida. Não admira: os sociais-democratas estão convencidos de que em geral a comunicação social não lhes é favorável. Pode dizer-se que isso em parte é verdade. Basta comparar as notícias sobre este governo com o respeitinho mostrado em relação ao PS ou com o doce fechar de olhos em relação ao PCP e ao BE para o poder dizer. Mas também se deve acrescentar que esta circunstância aparentemente penalizadora foi usada em proveito próprio e com grande sucesso por alguns sociais-democratas como Cavaco Silva ou Rui Rio, cujos eleitorados absolutamente convictos da parcialidade dos jornalistas em relação aos seus candidatos, se habituaram a desvalorizar e a desconfiar das notícias. E ficar imune às notícias (ou quase) durante uma campanha eleitoral é verdadeiramente estar em estado de graça.
A avaliar pelo teor da intervenção de Passos e pelas palmas ouvidas na sala do parlamento onde decorriam estas jornadas parlamentares do PSD/CDS, podemos concluir que este será um dos eixos da campanha eleitoral do PSD em 2015: nós fizemos mas os jornalistas não mostraram. A que naturalmente se seguirá não dito mas implícito: não mostraram porque querem favorecer António Costa.
Digamos que este é um argumentário com algum fundamento, mas é apenas uma parte da verdade: a boa imprensa, de que Costa inegavelmente gozou, torna-se frequentemente um presente envenenado. E no caso concreto do actual líder dos socialistas pode trazer-lhe mais problemas do que vantagens em 2015: habituado a declarar e não a debater, tendo vivido mediaticamente na redoma reservada às segundas figuras dos partidos e tendo sido geradas em torno de si expectativas redentoras para o dilema presente dos socialistas – é o socialismo compatível com a realidade? –, António Costa vai sofrer uma imensa pressão para explicar como governará de forma diferente de Passos e como será diferente de Hollande (e também de Sócrates mas esse é um outro assunto que nada tem a ver com ideologia mas sim com moral e poder).
Se Costa não for muito claro nestas matérias – e o enredo em que se enfiou em torno da discussão sobre a dívida não augura nada de bom –, arrisca-se a não se livrar dessa pressão antes da campanha eleitoral. Ora há poucos momentos mais perigosos para um político em campanha do que perder o estado de graça. Perdê-lo no poder como aconteceu a Passos faz parte do jogo. Perdê-lo em campanha pode determinar um resultado. Logo nem tudo o que parece é neste mundo das notícias dos e sobre os partidos e os governos.
Quem também não se pode dizer que sejam preguiçosos, mesmo que o pareçam, são os jornalistas. Haverá alguns que o são, mas a maior parte trabalha cada vez mais recebendo cada vez menos. Também não acho que tenham de pedir desculpas. Ou, como quaisquer outros profissionais, só terão de o fazer quando por negligência ou má-fé fizerem mal a alguém. E aí não são os políticos as principais vítimas. Ou quando o são isso acontece geralmente porque os aparelhos partidários deixaram cair alguém que lhes pode comprometer as ambições: lembram-se das notícias sobre o cansaço de Campos e Cunha numa fase em que o então ministro das Finanças começava a ser um obstáculo aos projectos megalómanos de Sócrates? E a hiper-atenção votada à pasta da Economia quando esta era ocupada pelo independente Álvaro Santos Pereira? E as notícias sobre a demissão de Nuno Crato sopradas por gente do PSD ansiosa por substituir o actual ministro por alguém que de educação nada saiba, mas que entregue o ministério à paz dos funcionários e dos sindicatos do sector? Os jornalistas têm as costas largas!
O que temos como elemento redutor e distorcivo de boa parte das notícias é uma outra coisa. Uma outra coisa que faz com que o problema não esteja no que escrevem sobre Passos, mas sim no que não escreveram sobre Sócrates. Ou que em algumas redacções tal só tenha acontecido por absoluta impossibilidade de evitar o assunto. Tal como o problema não é o que escrevem sobre os cortes nos salários, mas sim que em quarenta anos de democracia se contem pelos dedos das mãos as reportagens dignas desse nome sobre os sindicatos – de que vivem; quantos trabalhadores representam ou como são realmente escolhidos os seus dirigentes – ou sobre o mundo paralelo das empresas públicas.
O problema é acreditarem em qualquer maquete e fazerem invariavelmente equivaler o gasto do dinheiro dos contribuintes a políticas de crescimento. O problema é de cada vez que falam em pobreza colocarem a questão como se a pobreza se resolvesse invariavelmente com mais e mais subsídios. Em conclusão, o problema não é de modo algum o que criticam e investigam, mas sim o que omitem sobre determinados líderes e o acriticismo com que brindam determinadas causas. Aqui sim pode falar-se de um favorecimento não necessariamente da área da esquerda, mas sim de quem lhe usa o ideolecto.
Esse ideolecto que leva a que se escreva (e apenas para citar exemplos da passada semana) “ILGA relembra: Portugal não protege filhos de casais homossexuais” – desde quando é um dado adquirido que aquilo que a ILGA defende protege essas crianças? Ou que se conclua numa outra notícia: “Ferreira Leite arrasa Mota Soares e defende o Estado Social”. Portanto dá-se como adquirido que Ferreira Leite defende o Estado Social. Porquê? Porque defende a manutenção das prestações sociais mesmo quando estas ultrapassem o valor obtido a trabalhar? É isso defender o Estado Social? Esse ideolecto que leva ainda a que, na impossibilidade de ignorar um facto, ele seja noticiado de forma absolutamente tonta como sucedeu com o atentado que custou a vida a um bebé em Jerusalém – “Automóvel atropela transeuntes em Jerusalém”. Como se os atropelamentos no mundo fossem tão raros, mas tão raros, que o atropelamento de um bebé em Jerusalém ou noutra qualquer cidade fosse notícia por si mesmo.
Esta é aquela parte da História em que nas notícias não existem crimes mas sim desilusões – por exemplo, a descolonização portuguesa. Em que as velhas utopias de engenharia social se mantêm intactas mudando apenas de procedimento – agora são as barrigas de aluguer, no passado foram os jardins-de-infância alternativos. Em que entre nós e a felicidade está apenas o obstáculo de um papão – no passado o imperialismo ianque, agora a senhora Merkel.
Alguma vez deixará de ser assim? Não creio. Mas sempre nos resta o consolo de antecipadamente sabermos que alguns dos melhores textos dos jornalistas do amanhã serão sobre esta particular vontade de não ver dos jornalistas seus antepassados. ( Helena matos – Observador)
Passos Coelho - Carta a Passos Coelho
Portugal - cai 2 lugares
"Portugal é o 25.º país do mundo, e o 11.º entre os 28 da União Europeia, mais propício à actividade das empresas, segundo um ranking do Banco Mundial. A lista integra 189 economias e é encabeçada por Singapura, Nova Zelândia e Hong Kong. A Dinamarca, em quarto lugar, é o país europeu mais bem classificado." ( Publico)
Justiça - bode expiatório
Passos Coelho e os jornalistas
Nunca houve dúvidas, mas se as houvesse, aqui está mais um testemunho de que Sócrates foi "queimado" por uma grande maioria de jornalistas a mando de ... sabes-se lá por quem.
"A "preguiça" te fez, a "preguiça" te destruirá
Nicolau Santos e os Jornalistas preguiçosos
Durão Barroso - criticas a destempo
Este cavalheiro, agora é que vem com esta conversa?
Porque não te calas?
Arruma a trouxa e vem embora - para mal já basta assim.
"Durão Barroso está de saída da presidência da Comissão Europeia e no dia da sua despedida deixou duras críticas aos países que integram a zona euro, responsabilizando-os pelos erros cometidos durante as crise do euro. " (iiii)
ACP ao sabor da maré
29 outubro, 2014
Futebol - Espanha - jogadores investigados
Jogadores de futebol espanhóis investigados pelas Finanças
"Piqué, Ramos, Casillas, Xabi, Iniesta, Xavi… investigados por Hacienda"
Informático detido - Madrid
Em Espanha a coisa está de mal a pior... para alguns
Pedro Passos Coelho - de cabeça perdida
João Miguel Tavares no Público, escreve assim sobre *edro Passos Coelho
«Este fim-de-semana, o primeiro-ministro chamou-me "preguiçoso" e "patético". Parece que eu, e outros como eu, comentadores e jornalistas que se dizem "independentes", andámos por aí a proferir "inverdades como punhos", só para nos armarmos em "Maria vai com as outras" e assentarmos abundante traulitada nas fustigadas cruzes do Governo. A terrível "inverdade" de que somos acusados é esta: dizer que a despesa pública não caiu desde 2011 e que todos os sacrifícios foram inúteis.
Ironizou o primeiro-ministro: "É oficial, se ouvirmos as televisões, lermos os jornais, os cortes não existiram, os sacrifícios e a austeridade não existiram, os portugueses estão equivocados, estamos como estávamos em 2011." Eu diria que Pedro Passos Coelho, para além de se estar a preparar para engrossar o vasto pelotão das vítimas da comunicação social, está a fazer uma extrapolação entre o preguiçoso e o patético daquilo que tem sido escrito. "Todos os comentadores e jornalistas podem olhar para os números e saber o que eles dizem", afirmou o primeiro-ministro. Pois podem – e é esse exercício que proponho que façamos aqui hoje, para não sermos acusados de calacice e bandarreio.
A despesa pública diminuiu entre 2011 e 2014? Diminuiu. Contudo, convém ver de que tipo de despesa estamos a falar. Segundo os números da Ameco, já com extrapolação (possivelmente generosa) para o ano em curso, essa redução é de cerca de 4,8 mil milhões de euros (de 84,4 mil milhões, em 2011, para 79,6 mil milhões, em 2014), o que, em percentagem do PIB, dá 2,2 pontos percentuais. Mas a que se deve a parte de leão desse corte? Reorganização de serviços? Redução de funcionários? Dieta de custos intermédios? Não: corresponde a uma diminuição gigantesca no investimento público, que passou de 6,8 mil milhões em 2011 (4% do PIB) para 3,5 mil milhões em 2014 (2,1% do PIB). Ou seja, se aos 2,2 pontos percentuais de cortes na despesa retirarmos estes 1,9 de investimento, sobra-nos uns magríssimos 0,3 pontos percentuais de corte efectivo de despesa na estrutura do Estado.
Ora, se o ajustamento pelo lado da despesa foi feito praticamente à custa da diminuição do investimento, o que isso significa é que nada de realmente estruturante mudou quanto ao peso do Estado na economia nacional. Quando aparecer por aí um novo socialista a querer animar a economia à custa de comboios, estradas e aeroportos, voltamos à cepa torta num piscar de olhos, porque o Governo PSD/CDS-PP se limitou a fechar a torneira, e alguma poupança que efectivamente conseguiu, em sectores fundamentais como a Saúde ou a Educação, acabou por ser engolida pelas exigências crescentes da Segurança Social.
O problema da "inverdade" de Passos Coelho é que não há contradição nenhuma entre a despesa cair e o sacrifício de essa queda poder ser, em boa parte, inútil – tal como uma dieta pode, em vez de abater barriga, cortar na massa muscular. Perde-se peso? Sim. Mas no sítio errado. É por isso que Pedro Passos Coelho está neste momento a apanhar pancada de todos os lados. Um keynesiano lamenta os cortes no investimento. Um liberal lamenta que só tenha havido cortes no investimento. Tanto um como o outro acabam, inevitavelmente, por fazer um péssimo balanço destes três anos de austeridade. O primeiro-ministro não será patético, e muito menos preguiçoso, mas é líder de um governo que foi incapaz de fazer aquilo de que o país mais necessitava. E esta verdade vai acertar-lhe como um punho nas eleições de 2015.» [Público]
TECNOFORMA – a historia continua
Quando, em fins de 1996, aceitou ser presidente do Centro Português para a Cooperação (CPPC), uma ONG com ligação umbilical à empresa Tecnoforma, o seu único mecenas, Passos Coelho não perdeu tempo. Formulou os convites, todos bem sucedidos, para o conselho de fundadores, e explicou-os a Fernando Madeira, fundador e patrão da Tecnoforma: alguém próximo do então PR, Jorge Sampaio (seria Júlio Castro Caldas, à época bastonário da Ordem dos Advogados), do Governo de António Guterres (o deputado do PS Fernando de Sousa), da oposição (Marques Mendes, líder parlamentar do PSD), da Comunicação Social (Eva Cabral, na altura jornalista do Diário de Notícias e hoje assessora política do primeiro-ministro) e até um dirigente maçónico (coronel Oliveira Marques).
Em março de 1997, Passos Coelho já telefonava a Fernando Madeira, para lhe dizer: "Prepare-se que vamos a Bruxelas. O João de Deus Pinheiro vai receber-nos." Voaram em executiva, no dia 10, e o então comissário europeu deu-lhes uma indicação importante - havia verbas do Fundo Social Europeu (FSE) disponíveis para cursos de Função Pública em Cabo Verde e nos outros PALOP.
Outro exemplo: foi preciso obter de Isaltino de Morais, presidente da Câmara de Oeiras, uma "carta de interesse" para viabilizar um curso de costura no então bairro de barracas da Pedreira dos Húngaros, sobretudo habitado por cabo-verdianos, e subsidiado pelo FSE. Essa "carta de interesse" de Isaltino acabaria por chegar ao CPPC antes mesmo de o autarca receber em audiência formal a ONG, representada por Passos e Madeira.
Mas, claro, nem tudo foram rosas. Na verdade, é desconhecida a verba canalizada pelo FSE para o mencionado curso de costura. O Instituto do Emprego e Formação Profissional, após insistentes pedidos de consulta da VISÃO, acabou por responder que não encontrava o processo respetivo.
Fontes conhecedoras estimam que a Tecnoforma injetou no CPPC cerca de €225 mil, no conjunto de três anos - 1997, 1998 e 1999. É um montante muito acima das verbas inscritas nos mapas contabilísticos da ONG, arquivados no Instituto Camões e subscritos por um técnico oficial de contas, José Duro, que faleceu em 2004. Em teoria, o chamado Balancete Analítico é suposto ser mais pormenorizado e assertivo, mas parece que ninguém sabe onde tal documento se encontra. Até ver. ( http://visao.sapo.pt/os-dias-felizes-de-passos-na-ong-da-tecnoforma=f799147 )