12 setembro, 2012
11 setembro, 2012
Exmo. Senhor Primeiro Ministro
Hesitei muito em dirigir-lhe estas palavras, que mais não dão do que uma pálida ideia da onda de indignação que varre o país, de norte a sul, e de leste a oeste. Além do mais, não é meu costume nem vocação escrever coisas de cariz político, mais me inclinando para o pelouro cultural. Mas há momentos em que, mesmo que não vamos nós ao encontro da política, vem ela, irresistivelmente, ao nosso encontro. E, então, não há que fugir-lhe.
Para ser inteiramente franco, escrevo-lhe, não tanto por acreditar que vá ter em V. Exa. qualquer efeito — todo o vosso comportamento, neste primeiro ano de governo, traindo, inescrupulosamente, todas as promessas feitas em campanha eleitoral, não convida à esperança numa reviravolta! — mas, antes, para ficar de bem com a minha consciência. Tenho 82 anos e pouco me restará de vida, o que significa que, a mim, já pouco mal poderá infligir V. Exa. e o algum que me inflija será sempre de curta duração. É aquilo a que costumo chamar "as vantagens do túmulo" ou, se preferir, a coragem que dá a proximidade do túmulo. Tanto o que me dê como o que me tire será sempre de curta duração. Não será, pois, de mim que falo, mesmo quando use, na frase, o "odioso eu", a que aludia Pascal.
Mas tenho, como disse, 82 anos e, portanto, uma alongada e bem vivida experiência da velhice — a minha e da dos meus amigos e familiares. A velhice é um pouco — ou é muito – a experiência de uma contínua e ininterrupta perda de poderes. "Desistir é a derradeira tragédia", disse um escritor pouco conhecido. Desistir é aquilo que vão fazendo, sem cessar, os que envelhecem. Desistir, palavra horrível. Estamos no verão, no momento em que escrevo isto, e acorrem-me as palavras tremendas de um grande poeta inglês do século XX (Eliot): "Um velho, num mês de secura"... A velhice, encarquilhando-se, no meio da desolação e da secura. É para isto que servem os poetas: para encontrarem, em poucas palavras, a medalha eficaz e definitiva para uma situação, uma visão, uma emoção ou uma ideia.
A velhice, Senhor Primeiro Ministro, é, com as dores que arrasta — as físicas, as emotivas e as morais — um período bem difícil de atravessar. Já alguém a definiu como o departamento dos doentes externos do Purgatório. E uma grande contista da Nova Zelândia, que dava pelo nome de Katherine Mansfield, com a afinada sensibilidade e sabedoria da vida, de que V. Exa. e o seu governo parecem ter défice, observou, num dos contos singulares do seu belíssimo livro intitulado The Garden Party: "O velho Sr. Neave achava-se demasiado velho para a primavera." Ser velho é também isto: acharmos que a primavera já não é para nós, que não temos direito a ela, que estamos a mais, dentro dela... Já foi nossa, já, de certo modo, nos definiu. Hoje, não. Hoje, sentimos que já não interessamos, que, até, incomodamos. Todo o discurso político de V. Exas., os do governo, todas as vossas decisões apontam na mesma direcção: mandar-nos para o cimo da montanha, embrulhados em metade de uma velha manta, à espera de que o urso lendário (ou o frio) venha tomar conta de nós. Cortam-nos tudo, o conforto, o direito de nos sentirmos, não digo amados (seria muito), mas, de algum modo, utilizáveis: sempre temos umas pitadas de sabedoria caseira a propiciar aos mais estouvados e impulsivos da nova casta que nos assola. Mas não. Pessoas, como eu, estiveram, até depois dos 65 anos, sem gastar um tostão ao Estado, com a sua saúde ou com a falta dela. Sempre, no entanto, descontando uma fatia pesada do seu salário, para uma ADSE, que talvez nos fosse útil, num período de necessidade, que se foi desejando longínquo. Chegado, já sobre o tarde, o momento de alguma necessidade, tudo nos é retirado, sem uma atenção, pequena que fosse, ao contrato anteriormente firmado. É quando mais necessitamos, para lutar contra a doença, contra a dor e contra o isolamento gradativamente crescente, que nos constituímos em alvo favorito do tiroteio fiscal: subsídios (que não passavam de uma forma de disfarçar a incompetência salarial), comparticipações nos custos da saúde, actualizações salariais — tudo pela borda fora. Incluindo, também, esse papel embaraçoso que é a Constituição, particularmente odiada por estes novos fundibulários. O que é preciso é salvar os ricos, os bancos, que andaram a brincar à Dona Branca com o nosso dinheiro e as empresas de tubarões, que enriquecem sem arriscar um cabelo, em simbiose sinistra com um Estado que dá o que não é dele e paga o que diz não ter, para que eles enriqueçam mais, passando a fruir o que também não é deles, porque até é nosso.
Já alguém, aludindo à mesma falta de sensibilidade de que V. Exa. dá provas, em relação à velhice e aos seus poderes decrescentes e mal apoiados, sugeriu, com humor ferino, que se atirassem os velhos e os reformados para asilos desguarnecidos, situados, de preferência, em andares altos de prédios muito altos: de um 14º andar, explicava, a desolação que se comtempla até passa por paisagem. V. Exa. e os do seu governo exibem uma sensibilidade muito, mas mesmo muito, neste gosto. V. Exas. transformam a velhice num crime punível pela medida grande. As políticas radicais de V. Exa, e do seu robôtico Ministro das Finanças — sim, porque a Troika informou que as políticas são vossas e não deles... — têm levado a isto: a uma total anestesia das antenas sociais ou simplesmente humanas, que caracterizam aqueles grandes políticos e estadistas que a História não confina a míseras notas de pé de página.
Falei da velhice porque é o pelouro que, de momento, tenho mais à mão. Mas o sofrimento devastador, que o fundamentalismo ideológico de V. Exa. está desencadear pelo país fora, afecta muito mais do que a fatia dos velhos e reformados. Jovens sem emprego e sem futuro à vista, homens e mulheres de todas as idades e de todos os caminhos da vida — tudo é queimado no altar ideológico onde arde a chama de um dogma cego à fria realidade dos factos e dos resultados. Dizia Joan Ruddock não acreditar que radicalismo e bom senso fossem incompatíveis. V. Exa. e o seu governo provam que o são: não há forma de conviverem pacificamente. Nisto, estou muito de acordo com a sensatez do antigo ministro conservador inglês, Francis Pym, que teve a ousadia de avisar a Primeira Ministra Margaret Thatcher (uma expoente do extremismo neoliberal), nestes termos: "Extremismo e conservantismo são termos contraditórios". Pym pagou, é claro, a factura: se a memória me não engana, foi o primeiro membro do primeiro governo de Thatcher a ser despedido, sem apelo nem agravo. A "conservadora" Margaret Thatcher — como o "conservador" Passos Coelho — quis misturar água com azeite, isto é, conservantismo e extremismo. Claro que não dá.
Alguém observava que os americanos ficavam muito admirados quando se sabiam odiados. É possível que, no governo e no partido a que V. Exa. preside, a maior parte dos seus constituintes não se aperceba bem (ou, apercebendo-se, não compreenda), de que lavra, no país, um grande incêndio de ressentimento e ódio. Darei a V. Exa. — e com isto termino — uma pista para um bom entendimento do que se está a passar. Atribuíram-se ao Papa Gregório VII estas palavras: "Eu amei a justiça e odiei a iniquidade: por isso, morro no exílio." Uma grande parte da população portuguesa, hoje, sente-se exilada no seu próprio país, pelo delito de pedir mais justiça e mais equidade. Tanto uma como outra se fazem, cada dia, mais invisíveis. Há nisto, é claro, um perigo.
De V. Exa., atentamente,
25 agosto, 2012
Generais e Almirantes
Guerra de África, mais generais no Exército que Regimentos, mais
Almirantes que vasos de guerra e mais Generais aviadores que aviões de
combate.
"Correio da Manhã - O Governo aprovou o corte de 11 oficiais--generais
no quadro de efectivos das Forças Armadas. A que se deve esta redução?
Loureiro dos Santos - O Governo português, tal como os governos
europeus e até o dos Estados Unidos, estão a tentar tornar mais
rentáveis as Forças Armadas. E isso passa, particularmente, pela
racionalização dos comandos, das direcções e dos estados-maiores das
forças. Neste momento, julgo que é isso que se está a passar, e que se
fizeram estudos nesse sentido por orientação do ministro da Defesa,
sem diminuir o produto operacional. É assim que o interpreto. Porque
nem sequer o número é significativo.
-Portanto, era inevitável.
- Eu não digo que seja uma inevitabilidade. Mas, como disse, perante a
situação generalizada no Ocidente, tem havido essa preocupação. Foi
onde os chefes militares, se calhar, concluíram que era possível
manter o nível de eficiência das estruturas.
- A Inspecção-Geral das Finanças concluiu que havia excesso de generais em 2011.
- A meu ver, não tem competências para fazer essa avaliação. Essa
avaliação foi feita no âmbito do Ministério da Defesa e teve, com
certeza, a participação dos vários ramos."
16 agosto, 2012
Hospital Militar até que enfim...
Mas bem, ainda foi no tempo de Sócrates que se iniciou e bem a reunificação e transformação em apenas dois polos hospitalares a enormidade de hospitais a que os miliatres tinham acesso.
TAP - mais prejuizos
Zita Seabra
Pois bem.
Zita Seabra é um dos muitos exemplos do oportunismo político que prolifera na nossa política.
Não só mudou de opinião, antes porém, virou camaleão.
Porque não fica calada.
Quem a viu e quem a vê.
Passos Coelho e o regabofe
15 agosto, 2012
Mario Crespo regressou de férias
António Capucho
Justiça à Portuguesa para politicos e não só
O GSC fez o preço de 712 milhões de euros mais 133 milhões em logística. Total: 845 milhões?... Não. Portas pede desconto. A logística diminui para 57 milhões. Total: 769 milhões?... Sim e não.
O Estado procura financiamento. Um consórcio do BES e do Credit Suisse First Boston avança mas, na verdade, o Estado paga, afinal, 1001 milhões de euros face às condições desse empréstimo.
Com o GSC o Governo, entretanto, negociara contrapartidas no valor de1210 milhões de euros a realizar até este ano. Os alemães, segundo o JN, só cumpriram cerca de 31,5% dessa parte do contrato. Se não o fizerem pagarão ao Estado apenas 121 milhões de euros, o que, na realidade, é 700 milhões de euros mais barato do que assegurar as contrapartidas em falta.
Na Alemanha dois gestores de uma das empresas do consórcio GSC confessam-se culpados, em troca de uma pena suspensa, de terem subornado responsáveis em Portugal e na Grécia na obtenção de vários negócios. O DN noticiou que no processo judicial alemão os corruptores confessos disseram que entregaram a Jürgen Adolff, cônsul honorário português em Munique (entretanto corrido),1,6 milhões de euros. Jürgen contou às autoridades alemãs que manteve encontros com Durão Barroso, Paulo Portas e um assessor deste para discutir o tema. Os visados negaram ao DN esses contactos.
O Ministério Público português abriu investigação, liderada pela inevitável Cândida Almeida, em agosto de 2006. Do processo principal, seis anos depois, ela informa que espera resposta de cartas rogatórias enviadas para a Alemanha. Há três anos que ela espera.
De outro processo resultará um julgamento de burla e fraude fiscal que acusa sete portugueses e três alemães. Nenhum poderoso.
De um processo lateral, instaurado a um advogado que assessorou o negócio, resultou o arquivamento e a conclusão, escrita em despacho citado pelo JN, de que desapareceram documentos do Ministério da Defesa relativos à intervenção da equipa de Paulo Portas no negócio.
O departamento de Cândida Almeida, que se saiba, ainda não manifestou interesse em ouvir o atual ministro dos Negócios Estrangeiro ou o presidente da Comissão Europeia. É coerente. Afinal, também nunca quis ouvir Jose Sócrates sobre o caso Freeport. Fiquemos, portanto, descansados. (Pedro Tadeu - DN)
14 agosto, 2012
Marcelo e os retoques
Este professor está a passar os limites da decência política.
O homem que mesmo ser Presidente da República a todo o custo.
Já conhece alguns recantos de Belém por ser chamado de quando em vez ao palácio cor de rosa nas funções de Conselheiro de Cavaco Silva e então aproveita sempre as oportunidades que as televisões lhe dão para as suas alfinetinadelas á esquerda e à direita.
Pelo que se soube esta semana, sobre Sócrates, como tendo sido um PM muito melhor, na boca do povo, do que o sempre tem siso apregoado pela comunicação social, não custa nada a perceber que perderia para aquele, se ambos optassem pelo caminho de Belém.
Marcelo já deve ter "escola" suficiente para perceber que uma grande parte do Zé, o Povinho, não é assim tão parvo que aceita os seus sermões dominicais sem se questionar.
Uns retoques?
Num Governo que não governa, que aplica e mal a cábula que a troika de vez em quando lhe manda.
Professor, o senhor também precisa de uns retoques. Não será?
07 agosto, 2012
Moita Flores - as anedotas
"Nem só de chalaças sobre a licenciatura de Miguel Relvas vive o anedotário nacional. Em Santarém circula uma piada em jeito de adivinha acerca do presidente da câmara com mandato suspenso por razões de saúde e literárias que reza assim:
Pergunta: Como é que o debilitado Moita Flores conseguiu estar na mesma noite num jantar de despedida com amigos na Póvoa de Santarém e pouco depois numa assembleia de militantes do PSD em Oeiras?
Resposta: Foi transportado num helicóptero do INEM." (O Mirante)
06 agosto, 2012
Marcelo
Domingo
Olimpiadas
Que maravilha, ficar sem saber se Marcelo, aquele professor que depois de ter nadado nos esgotos do Rio Tejo em Lisboa quando candidato à autarquia da capital e que não conseguiu vencer, mantem uma maratona à Presidência da Republica a cobertou de programas de TV, se falou ou não falou?
Meliante morto
A esse meliante, já não vão os contribuintes pagar a " cama, roupa e comida" com os seus impostos, enquanto estivesse na cadeia e pelos vistos, pois já teria andado a contas com a justiça, mais situações de risco para quem voltasse a atacar e roubar.
Se houver outra vida... talvez se possa regenerar.
"Ontem, iam três tipos a assaltar gente. Pela hora, sete da manhã, e o local, o comboio de Sintra, as vítimas deviam ser gente modesta - o que me comove mais, haver polícias a proteger desapossados de tanta coisa, até de segurança. Esperei que os polícias tivessem sido enérgicos e eficientes. E eles foram, apanharam dois dos assaltantes. Olhem um facto simples: profissionais que fizeram o que deviam. O terceiro assaltante, fugindo pela estação de Campolide, foi baleado por um polícia e morreu. Este já não é um facto simples. Isto é, parte de uma verdade simples: ninguém pode ser morto por ninguém, nem mesmo um assaltante. E que ainda é mais verdade para um polícia, a quem damos o privilégio de andar com uma arma. Ponto final sobre o assunto, culpa do polícia? Não, porque pode haver justificações para o tiro. É que a realidade atrapalha a verdade simples: o polícia podia estar em perigo de vida, o polícia podia ter caído e disparado sem querer... Há que tirar o facto a limpo. Mas, ontem, as caixas de comentários dos jornais encheram-se de certezas incivilizadas, aplaudindo o tiro. Eu digo o que é civilização, também vinha ontem nos jornais. Em Gao, Mali, os islamistas que ocuparam a cidade anunciaram o corte da mão de um ladrão. A população ocupou a praça e impediu a execução: "Eles não vão cortar a mão à nossa frente." Se pode haver gente civilizada numa cidade ocupada, como há tantos incivilizados nas nossas cidades?" ( dn )
FDP - mas que Justiça!
"Cá vamos nós cantando e rindo, num país em que uma parte significativa dos cidadãos mergulhou na miséria, num país em que os políticos passam a vida a falar de reformas estruturais mas em que nunca muda nada na justiça. Neste país a lei não é o mais importante, o mais importante é o poder que está nas mãos de procuradores, jornalistas e juízes." ( dn)