10 janeiro, 2012

IMPRENSA HOJE


 Cada dia uma notícia - hoje já é diferente da de ontem.
 
Um atentado à inteligência da grande maioria dos portugueses.
Uma vergonha, a vergonha que este Governo não tem
Só estes?

Onde anda a arrogância de Jardim?

Só o Governo diz que não.

Não tem o direito de ofender os portugueses.


09 janeiro, 2012

Barcarena

GNR - não sabe guardar o que é seu

Não sabe quardar o que é seu, como pode guardar o alheio? Será que o ladrão não está em casa?
Responsabilidades?
 
"Desapareceu do posto da GNR de Quarteira o cofre onde estava guardado o dinheiro das multas de trânsito efectuadas durante o fim-de-semana, que ascendia a 1500 euros." (publico  )

CRISE-2013 em sessão continua

Não conseguem atinar com a tabuada da crise. Lá vamos ser roubados ainda mais.
Tem que haver uma maneira de por este governo na rua.
"Défice deste ano deverá ser de 5,4% devido à utilização do fundo de pensões da banca para pagar dívidas dos hospitais.
 Desvio irá obrigar a medidas adicionais." (economico  )

Um desmente o outro

Um daqueles meninos bem do norte, vestidos e com o penteado a rigor desmente  o seu chefe.
Tudo fica na mesma.
Assim funciona este Governo
 

A LOJA DO CHINES

OS AMIGOS SÃO PARA AS OCASIÕES
 
As nomeações para a EDP são um mimo. Catroga, Cardona, Teixeira Pinto, Rocha Vieira, Braga de Macedo... isto não é uma lista de órgãos societários, é a lista de agradecimentos de Passos Coelho. O impudor é tão óbvio nas nomeações políticas que nem se repara que até o antigo patrão de Passos, Ilídio Pinho, foi contratado.
As nomeações para a EDP são um mimo. Catroga, Cardona, Teixeira Pinto, Rocha Vieira, Braga de Macedo... isto não é uma lista de órgãos societários, é a lista de agradecimentos de Passos Coelho. O impudor é tão óbvio nas nomeações políticas que nem se repara que até o antigo patrão de Passos, Ilídio Pinho, foi contratado.

Estava a correr bem de mais... Um grande negócio para o Estado, uma privatização que reforça a EDP, a gestão reconduzida. Mas a carne é fraca. É sempre fraca. Só falta uma proposta na Assembleia Geral da EDP: mudar o nome de Conselho Geral e de Supervisão (CGS) para o de Loja do Governo.

É extraordinário como uma empresa em vias de total privatização se consome na absurda politização. E é surpreendente: a recondução de António Mexia fora uma demonstração de isenção de Passos Coelho: este Governo não gosta de Mexia nem do poder da EDP (basta ler a entrevista de hoje do secretário de Estado da Energia neste jornal) mas quando os chineses perguntaram se o queriam, Passos não se opôs - remeteu a decisão para os accionistas. Ingenuidade do primeiro-ministro? Não, ingenuidade nossa. A troca foi esta lista de famosos da política. Porquê?

Eis porquê: primeiro, os chineses concebem as estruturas de poder ancoradas no Estado, pelo que acharão normal a sofreguidão de emissários políticos; segundo, os chineses trabalham em ciclos longos, pelo que os próximos três anos de mandato são, como na anedota, um "deixa-os poisar" que deixará crer que não os novos donos não vêm controlar. Mas o mais importante é outra coisa: o CGS representa os accionistas da EDP e muitos, aflitos que estão, também querem vender aos chineses. O triângulo amoroso produziu esta aberração.

Para ser isto, o CGS da EDP devia ser extinto. Este órgão, criado para gerir o equilíbrio entre o Estado e privados, tornou-se numa loja de vendedores e vendidos. Paradoxalmente, o Conselho de Administração Executivo seria mais independente se o CGS fosse extinto e funções como as de auditoria e remunerações fossem transferidas.

António Mexia não é desta loja, ser convidado para um novo mandato é uma grande vitória sua, mas ele sai mais fraco: tem um Governo hostil, aceitou nomes na comissão executiva impostos pelos chineses e está apoiado em accionistas que estão de saída (BES, Mello, BCP).

Voltemos às nomeações. Podíamos dizer que não está em causa o mérito pessoal de cada uma destas pessoas, mas está. Porque o mérito que está a ser recompensado não é o técnico ou sentido estratégico, é o da lealdade e trabalho político. É Catroga (ainda assim, o único aceitável) ter suado por Passos como "ministro sombra", é Teixeira Pinto ter feito a proposta de revisão constitucional, é Braga de Macedo ter feito uma estratégia para a internacionalização que foi triturada por Portas.

É curioso, mas Miguel Relvas, tendo a fama de "apparatchik" que tem, está a fazer as coisas bem. Na RTP, manteve a administração de Guilherme Costa, que tem gente essencialmente próxima do PS. Já Passos reincide na fórmula tenebrosa da Caixa Geral de Depósitos, reforçando a dose: dois cavaquistas (Catroga e Rocha Vieira), dois passistas (Braga e Teixeira Pinto) e um CDS (Celeste Cardona, a mulher mais polivalente de Portugal, já foi ministra, banqueira e agora será conselheira na Energia).

Duas linhas para Ilídio Pinho: é um grande empresário, está ligado ao Oriente e não precisa deste cargo para nada. Precisam talvez as suas empresas. E é pouco recomendável ver metido nisto o accionista e membro dos órgãos da Fomentivest, onde trabalhava Passos Coelho. O próprio devia sabê-lo - e não aceitar.

Por esta lógica, ainda veremos Ângelo Correia ou José Luis Arnaut assomarem numa das próximas nomeações (a próxima é já a Portugal Telecom). O problema é que, enquanto isso, milhões de portugueses estão a perder salários, empregos, a pagar mais impostos, mais pelas rendas ou pela saúde. Estas nomeações são uma provocação social. Porque enquanto muitos tratam da sua vida, alguns tratam da sua vidinha.

As nomeações da EDP, como antes as da Caixa, são um mau sinal dentro da EDP e da Caixa, e são um mau sinal do País. Já não é descaramento, é descarrilamento. A indignação durará uns dias, depois passa, cai o pano sobre a nódoa. A nódoa fica. Quem é mesmo o macaquinho do chinês?   ( jornaldenegocios   )


Centro Comercial - um imenso, neste Portugal

Uma enorme chapelada para esta análise

Isto é um centro comercial

Anda por aí uma grande indignação por causa de uma loja, de repente, dir-se-ia que quase de chofre, os nossos impolutos jornalistas e honestíssimos comentadores jornalísticos descobriram que em Portugal há gente que não é virgem em malandrices. Reagiram como ayatollahs e organizaram uma verdadeira procissão em defesa da fé e da virgindade dos políticos.

Imaginem que uma instituição tão impoluta como as secretas, que estiveram sob a tutela de verdadeiros deuses protectores da democracia como o Dias Loureiro, foi dirigida por alguém de quem se diz que montou uma balcão de mercearia para vender segredos a retalho. Pior do que isso só se o merceeiros de enchidos de indiscrições se lembrasse de mudar o capital da família para Roterdão.

Compreende-se a reacção de indignação colectiva contra a loja do Amadeu, fazerem uma loja com nome de discoteca para depois venderem segredos em silêncio é uma ofensa à inteligência dos nossos jornalistas e dos seus apêndices comentadores, gente de alto gabarito onde estão catedráticos, ex-líderes partidários com problemas de nanismo intelectual e, imagine-se, cientistas em ciência política. Se queriam vender a vida íntima dos ex-maridos do pessoal da Ongoing deveriam ter escolhido um nome a condizer e convenhamos que para transaccionar segredos de sacristia faria mais sentido uma loja no centro comercial da Opus Dei do que no da Maçonaria. Por este andar ainda vamos a uma missa da obra e o coro é formado por meninas do Elefante Branco!

Já não há respeito pelas regras e nem a ASAE nos pode valer nesta selva dos mais diversos tráficos, o Vasconcellos é um comerciante sem escrúpulos, instala uma loja de segredos de alcofa na maçonaria e chama-lhe Mozart, publica o Povo Livre e chama-lhe Diário Económico, um dia destes ainda compra a RTP e paga como se fosse um ramo de coentros. Já com os chineses das três gargantas aconteceu mais ou menos o mesmo, compraram a EDP a preço de saldo e com mesmo de um quarto da empresa ficaram a mandar, mas quando menos esperavam tiveram que abrir uma loja do Instituto do Emprego especializada em vender tralha do PSD.

Assim não pode ser, quando se esperava que um sucateiro comprasse sucata andava a oferecer robalos, a EDP de que se esperava andar a vender EDP e, eventualmente, sucata ao sucateiro acaba por serem os chineses a pagarem pela sucata do PSD o que pouparam na EDP. Com tanta confusão não admira que este imenso centro comercial em que se transformou o país comece a parecer o centro comercial da Praça de Espanha ou a Chinatown do Martim Moniz.

Neste país há lojas para traficar de tudo e não há nem limites, nem datas para saldos e muito menos uma moeda corrente, trocam-se empregos por renováveis, empresas públicas por lugares no CC do PC Chinês, televisões por segredos. O mais escandaloso na Loja Mozart foi escolherem um nome tão provocatório, como se levassem tudo de borla e ainda queriam gozar com os portugueses dando-lhes música. In o Jumento

Paço de Arcos - Fontainhas com o Bugio ao longe

Banco Santander cumpre antes de tempo

Saiba onde colocar o seu dinheirinho, se o tiver.
" O banco espanhol Santander terminou 2011 com um rácio de capital principal de 9%, cumprindo assim seis meses antes do prazo as novas normas exigidas pela Autoridade Bancária Europeia (EBA), informou a entidade. " ( dinheirodigital)

GREVES pagas pelo Governo?

Também vai para pagar os prejuízos das greves.
Uma parte do dinheiro que me estão a roubar da minha pensão de reforma também aí vai, verdade?
 
"O Estado vai pagar um total de 127 milhões de euros à CP, Metropolitano de Lisboa e Refer relativos a indemnizações compensatórias pelo serviço público prestado em 2011.

Nos termos da resolução do conselho de ministros hoje publicada em Diário da República, a CP vai receber 38,16 milhões de euros, o Metropolitano de Lisboa 44,52 milhões de euros e a Refer – Rede Ferroviária Nacional 44,28 milhões de euros. "

SOCRATES em tribunal convocado pelos jornais?

Não deixam o homem em paz

 

"UNI: Sócrates desconhece convocatória mas diz-se disponível para depor


Depois da juíza do processo já ter revelado a existência de uma justificação genérica para a ausência do ex-primeiro-ministro, José Sócrates garantiu, em declarações ao Diário de Notícias, nada saber sobre a convocatória do tribunal para prestar declarações no âmbito do caso Universidade Independente, manifestando, inclusivamente, toda a sua disponibilidade para colaborar com a Justiça.

Em declarações ao matutino, Sócrates esclarece que tomou conhecimento na sexta-feira da possibilidade de poder ter de prestar declarações no Tribunal de Monsanto, embora garanta desconhecer a existência de qualquer convocatória, até porque, entende, o caso da licenciatura é, para si, caso encerrado – as explicações foram dadas há 4 anos, tendo o Ministério Público considerado, então, que o ex-primeiro-ministro não foi beneficiado.

No entanto, José Sócrates também assegura que, caso exista essa convocatória, «manifesto a minha total disponibilidade para colaborar com a Justiça», pedindo apenas, até pelo facto de estar ausente em Paris, para que lhe sejam concedidas pelo menos 48 horas para poder organizar a sua deslocação a Portugal." (diariodigital )

Crise - Rolls-Royce assinala recorde de vendas

Ora aqui temos o reflexo da crise... para uns, para outros, não!!!!!!!!

 ""Rolls-Royce assinala recorde de vendas de automóveis


A Rolls-Royce Motor Cars assinalou um recorde de vendas a nível global, apontado 3538 veículos em 2011, o que significa um crescimento de 31% sobre o ano anterior.
Em 2010 a marca tinha comercializado 2711 carros. As vendas de 2011 representam o melhor resultado de sempre, ao longo de 107 anos de actividade.
O recorde anterior era de 1978, em que a empresa tinha vendido 3347 unidades, na era do Silver Shadow II. "" ( dinheirodigital)

PORTUGAL - acorda

Acorda Portugal

Peço a cada destinatário deste e-mail que o envie a um mínimo de vinte
pessoas em sua lista de contatos, e por sua vez, peça a cada um deles
que faça o mesmo.

Em três dias, a maioria das pessoas neste país lerá esta mensagem.
Esta é uma idéia que realmente deve ser considerada e revista por
todos os cidadãos.

Alteração da Constituição de Portugal para 2012 para poder atender o
seguinte, que é da mais elementar justiça:

1. O deputado será pago apenas durante o seu mandato e não terá
reforma proveniente exclusivamente do seu mandato.

2. O deputado vai contribuir para a Segurança Social de maneira igual
aos restantes cidadãos. Todos os deputados ( passado, presente e
futuro) passarão para o actual sistema de Segurança Social
imediatamente. O deputado irá participar nos benefícios do regime da
Segurança Social exactamente como todos os outros cidadãos. O fundo de
pensões não pode ser usado para qualquer outra finalidade. Não haverá
privilégios exclusivos.

3. O deputado deve pagar seu plano de reforma, como todos os
portugueses e da mesma maneira.

4. O deputado deixará de votar o seu próprio aumento salarial.

5. O deputado vai deixar o seu seguro de saúde atual e vai participar
no mesmo sistema de saúde como todos os outros cidadãos portugueses.

6. O deputado também deve estar sujeito às mesmas leis que o resto dos
portugueses.

7. Servir no Parlamento é uma honra, não uma carreira. Os deputados
devem cumprir os seus mandatos (não mais de 2 mandatos), e então irem
para casa e procurar outro emprego.

O tempo para esta alteração à Constituição é AGORA. Forcemos os nossos
políticos a fazerem uma revisão constitucional.

Assim é como se pode  CORRIGIR ESTE ABUSO INSUPORTÁVEL DA ASSEMBLEIA
DA REPÚBLICA.

Se você concorda com o acima exposto, ENTÃO VÁ PARA A FRENTE. Senão,
PODE DESCARTÁ-LO.

Você é um dos meus 20 contatos. 
 (Recebido por email)

CRISE - opiniões

Uns dizem, sim...
 
"O presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, declarou este domingo em entrevista à imprensa que a Europa está, lentamente, a dominar a crise económica. "
 
Outros dizem,
 
O Fundo Monetário Internacional (FMI) perde todos os dias a esperança de a Grécia pagar as suas contas públicas e reduzir assim a sua dívida, garante a revista Der Spiegel segundo um relatório da instituição. " ( dinheirodigital)
 
Em que ficamos?

CRAVINHO - em Tribunal convocado pela Comunicação Social

Será que a comunicação social já e uma correia de transmissão de convocatórias da Justiça?


"UnI: Cravinho garante não ter sido notificado para estar em Tribunal

O antigo ministro das Obras Públicas João Cravinho garantiu não ter sido notificado para ser ouvido como testemunha no processo da Universidade Independente e disse ter tido sabido pela comunicação social que devia ser ouvido hoje.

João Cravinho falava aos jornalistas à entrada do Tribunal de Monsanto, em Lisboa, onde deverá ser ouvido como testemunha do antigo reitor da Universidade Independente Luíz Arouca.
O antigo ministro disse que pretendia esclarecer junto do coletivo de juízes o motivo desta convocação para ser ouvido em julgamento no caso da Universidade Independente (UNI), uma vez que não foi notificado. "( diariodigital )

MADEIRA - medicamentos a pronto pagamento

Alberto João, e agora? Os culpados são os "cubanos do contenente"?


"As farmácias da Madeira, reunidas hoje com representantes da direcção da respectiva Associação Nacional, confirmaram a decisão de suspender a venda a crédito aos beneficiários do Serviço Regional de Saúde." (.publico  )

DESIGUALDADES


Esforço? Deste Governo? Para aumentar as desigualdades, sim!!!

Lisboa


FADOS - 4 de Fevereiro - Vila Fria


Passos Coelho. emigre


Um pouco longo, mas vale a pena.
Muito bem escrito


Exmo Senhor Primeiro Ministro
 
Começo por me apresentar, uma vez que estou certa que nunca ouviu falar de mim. Chamo-me Myriam. Myriam Zaluar é o meu nome "de guerra". Basilio é o apelido pelo qual me conhecem os meus amigos mais antigos e também os que, não sendo amigos, se lembram de mim em anos mais recuados.
 
Nasci em França, porque o meu pai teve de deixar o seu país aos 20 e poucos anos. Fê-lo porque se recusou a combater numa guerra contra a qual se erguia. Fê-lo porque se recusou a continuar num país onde não havia liberdade de dizer, de fazer, de pensar, de crescer. Estou feliz por o meu pai ter emigrado, porque se não o tivesse feito, eu não estaria aqui. Nasci em França, porque a minha mãe teve de deixar o seu país aos 19 anos. Fê-lo porque não tinha hipóteses de estudar e desenvolver o seu potencial no país onde nasceu. Foi para França estudar e trabalhar e estou feliz por tê-lo feito, pois se assim não fosse eu não estaria aqui. Estou feliz por os meus pais terem emigrado, caso contrário nunca se teriam conhecido e eu não estaria aqui. Não tenho porém a ingenuidade de pensar que foi fácil para eles sair do país onde nasceram. Durante anos o meu pai não pôde entrar no seu país, pois se o fizesse seria preso. A minha mãe não pôde despedir-se de pessoas que amava porque viveu sempre longe delas. Mais tarde, o 25 de Abril abriu as portas ao regresso do meu pai e viemos todos para o país que era o dele e que passou a ser o nosso. Viemos para viver, sonhar e crescer.
 
Cresci. Na escola, distingui-me dos demais. Fui rebelde e nem sempre uma menina exemplar mas entrei na faculdade com 17 anos e com a melhor média daquele ano: 17,6. Naquela altura, só havia três cursos em Portugal onde era mais dificil entrar do que no meu. Não quero com isto dizer que era uma super-estudante, longe disso. Baldei-me a algumas aulas, deixei cadeiras para trás, saí, curti, namorei, vivi intensamente, mas mesmo assim licenciei-me com 23 anos. Durante a licenciatura dei explicações, fiz traduções, escrevi textos para rádio, coleccionei estágios, desperdicei algumas oportunidades, aproveitei outras, aprendi muito, esqueci-me de muito do que tinha aprendido.
 
Cresci. Conquistei o meu primeiro emprego sozinha. Trabalhei. Ganhei a vida. Despedi-me. Conquistei outro emprego, mais uma vez sem ajudas. Trabalhei mais. Saí de casa dos meus pais. Paguei o meu primeiro carro, a minha primeira viagem, a minha primeira renda. Fiquei efectiva. Tornei-me personna non grata no meu local de trabalho. "És provavelmente aquela que melhor escreve e que mais produz aqui dentro." - disseram-me - "Mas tenho de te mandar embora porque te ris demasiado alto na redacção". Fiquei.
 
Aos 27 anos conheci a prateleira. Tive o meu primeiro filho. Aos 28 anos conheci o desemprego. "Não há-de ser nada, pensei. Sou jovem, tenho um bom curriculo, arranjarei trabalho num instante". Não arranjei. Aos 29 anos conheci a precariedade. Desde então nunca deixei de trabalhar mas nunca mais conheci outra coisa que não fosse a precariedade. Aos 37 anos, idade com que o senhor se licenciou, tinha eu dois filhos, 15 anos de licenciatura, 15 de carteira profissional de jornalista e carreira 'congelada'. Tinha também 18 anos de experiência profissional como jornalista, tradutora e professora, vários cursos, um CAP caducado, domínio total de três línguas, duas das quais como "nativa". Tinha como ordenado 'fixo' 485 euros x 7 meses por ano. Tinha iniciado um mestrado que tive depois de suspender pois foi preciso escolher entre trabalhar para pagar as contas ou para completar o curso. O meu dia, senhor primeiro ministro, só tinha 24 horas...
 
Cresci mais. Aos 38 anos conheci o mobbying. Conheci as insónias noites a fio. Conheci o medo do amanhã. Conheci, pela vigésima vez, a passagem de bestial a besta. Conheci o desespero. Conheci - felizmente! - também outras pessoas que partilhavam comigo a revolta. Percebi que não estava só. Percebi que a culpa não era minha. Cresci. Conheci-me melhor. Percebi que tinha valor.
 
Senhor primeiro-ministro, vou poupá-lo a mais pormenores sobre a minha vida. Tenho a dizer-lhe o seguinte: faço hoje 42 anos. Sou doutoranda e investigadora da Universidade do Minho. Os meus pais, que deviam estar a reformar-se, depois de uma vida dedicada à investigação, ao ensino, ao crescimento deste país e das suas filhas e netos, os meus pais, que deviam estar a comprar uma casinha na praia para conhecerem algum descanso e descontracção, continuam a trabalhar e estão a assegurar aos meus filhos aquilo que eu não posso. Material escolar. Roupa. Sapatos. Dinheiro de bolso. Lazeres. Actividades extra-escolares. Quanto a mim, tenho actualmente como ordenado fixo 405 euros X 7 meses por ano. Sim, leu bem, senhor primeiro-ministro. A universidade na qual lecciono há 16 anos conseguiu mais uma vez reduzir-me o ordenado. Todo o trabalho que arranjo é extra e a recibos verdes. Não sou independente, senhor primeiro ministro. Sempre que tenho extras tenho de contar com apoios familiares para que os meus filhos não fiquem sozinhos em casa. Tenho uma dívida de mais de cinco anos à Segurança Social que, por sua vez, deveria ter fornecido um dossier ao Tribunal de Família e Menores há mais de três a fim que os meus filhos possam receber a pensão de alimentos a que têm direito pois sou mãe solteira. Até hoje, não o fez.
 
Tenho a dizer-lhe o seguinte, senhor primeiro-ministro: nunca fui administradora de coisa nenhuma e o salário mais elevado que auferi até hoje não chegava aos mil euros. Isto foi ainda no tempo dos escudos, na altura em que eu enchia o depósito do meu renault clio com cinco contos e ia jantar fora e acampar todos os fins-de-semana. Talvez isso fosse viver acima das minhas possibilidades. Talvez as duas viagens que fiz a Cabo-Verde e ao Brasil e que paguei com o dinheiro que ganhei com o meu trabalho tivessem sido luxos. Talvez o carro de 12 anos que conduzo e que me custou 2 mil euros a pronto pagamento seja um excesso, mas sabe, senhor primeiro-ministro, por mais que faça e refaça as contas, e por mais que a gasolina teime em aumentar, continua a sair-me mais em conta andar neste carro do que de transportes públicos. Talvez a casa que comprei e que devo ao banco tenha sido uma inconsciência mas na altura saía mais barato do que arrendar uma, sabe, senhor primeiro-ministro. Mesmo assim nunca me passou pela cabeça emigrar...
 
Mas hoje, senhor primeiro-ministro, hoje passa. Hoje faço 42 anos e tenho a dizer-lhe o seguinte, senhor primeiro-ministro: Tenho mais habilitações literárias que o senhor. Tenho mais experiência profissional que o senhor. Escrevo e falo português melhor do que o senhor. Falo inglês melhor que o senhor. Francês então nem se fale. Não falo alemão mas duvido que o senhor fale e também não vejo, sinceramente, a utilidade de saber tal língua. Em compensação falo castelhano melhor do que o senhor. Mas como o senhor é o primeiro-ministro e dá tão bons conselhos aos seus governados, quero pedir-lhe um conselho, apesar de não ter votado em si. Agora que penso emigrar, que me aconselha a fazer em relação aos meus dois filhos, que nasceram em Portugal e têm cá todas as suas referências? Devo arrancá-los do seu país, separá-los da família, dos amigos, de tudo aquilo que conhecem e amam? E, já agora, que lhes devo dizer? Que devo responder ao meu filho de 14 anos quando me pergunta que caminho seguir nos estudos? Que vale a pena seguir os seus interesses e aptidões, como os meus pais me disseram a mim? Ou que mais vale enveredar já por outra via (já agora diga-me qual, senhor primeiro-ministro) para que não se torne também ele um excedentário no seu próprio país? Ou, ainda, que venha comigo para Angola ou para o Brasil por que ali será com certeza muito mais valorizado e feliz do que no seu país, um país que deveria dar-lhe as melhores condições para crescer pois ele é um dos seus melhores - e cada vez mais raros - valores: um ser humano em formação.
 
Bom, esta carta que, estou praticamente certa, o senhor não irá ler já vai longa. Quero apenas dizer-lhe o seguinte, senhor primeiro-ministro: aos 42 anos já dei muito mais a este país do que o senhor. Já trabalhei mais, esforcei-me mais, lutei mais e não tenho qualquer dúvida de que sofri muito mais. Ganhei, claro, infinitamente menos. Para ser mais exacta o meu IRS do ano passado foi de 4 mil euros. Sim, leu bem, senhor primeiro-ministro. No ano passado ganhei 4 mil euros. Deve ser das minhas baixas qualificações. Da minha preguiça. Da minha incapacidade. Do meu excedentarismo. Portanto, é o seguinte, senhor primeiro-ministro: emigre você, senhor primeiro-ministro. E leve consigo os seus ministros. O da mota. O da fala lenta. O que veio do estrangeiro. E o resto da maralha. Leve-os, senhor primeiro-ministro, para longe. Olhe, leve-os para o Deserto do Sahara. Pode ser que os outros dois aprendam alguma coisa sobre acordos de pesca.
 
Com o mais elevado desprezo e desconsideração, desejo-lhe, ainda assim, feliz natal OU feliz ano novo à sua escolha, senhor primeiro-ministro
 
e como eu sou aqui sem dúvida o elo mais fraco, adeus
 
Myriam Zaluar, 19/12/2011