09 novembro, 2011

Isaltino convida

Longe vai o tempo em que...



A trapeira do Job

Isto que eu vou dizer vai parecer ridículo a muita gente.

Mas houve um tempo em que as pessoas se lembravam ainda, da época da infância, da primeira caneta de tinta permanente, da primeira bicicleta, da idade adulta, das vezes em que se comia fora, do primeiro frigorífico e do primeiro televisor, do primeiro rádio, de quando tinham ido ao estrangeiro.

Houve um tempo em que, nos lares, se aproveitava para a refeição seguinte o sobejante da refeição anterior, em que, com ovos mexidos e a carne ou peixe restante se fazia "roupa velha". Tempos em que as camisas iam a mudar o colarinho e os punhos do avesso, assim como os casacos, e se tingia a roupa usada, tempos em que se punham meias solas com protectores. Tempos em que ao mudar-se de sala se apagava a luz, tempos em que se guardava o "fatinho de ver a Deus e à sua Joana".

E não era só no Portugal da mesquinhez salazarista. Na Inglaterra dos Lordes, na França dos Luíses, a regra era esta. Em 1945 passava-se fome na Europa, a guerra matara milhões e arrasara tudo quanto a selvajaria humana pode arrasar.

Houve tempos em que se produzia o que se comia e se exportava. Em que o País tinha uma frota de marinha mercante, fábricas, vinhas, searas.

Veio depois o admirável mundo novo do crédito. Os novos pais tinham como filhos, uns pivetes tiranos, exigindo malcriadamente o último modelo de mil e um gadgets e seus consumíveis, porque os filhos dos outros também tinham. Pais que se enforcavam por carrões de brutal cilindrada para os encravarem no lodo do trânsito e mostrarem que tinham aquela extensão motorizada da sua potência genital. Passou a ser tempo de gente em que era questão de pedigree viver no condomínio fechado e sobretudo dizê-lo, em que luxuosas revistas instigavam em couché os feios a serem bonitos, à conta de spas e de marcas, assim se visse a etiqueta, em que a beautiful people era o símbolo de status como a língua nos cães para a sua raça.

Foram anos em que o campo se tornou num imenso ressort de turismo de habitação, as cidades uma festa permanente, entre o coktail party e a rave. Houve quem pensasse até que um dia os serviços seriam o único emprego futuro ou com futuro.

O país que produzia o que comíamos ficou para os labregos dos pais e primos parolos, de quem os citadinos se envergonhavam, salvo quando regressavam à cidade, vindos dos fins de semana com a mala do carro atulhada do que não lhes custara a cavar e, às vezes, nem obrigado.

O país que produzia o que se podia transaccionar esse ficou com o operariado da ferrugem, empacotados como gado em dormitórios e que os víamos chegar, mortos de sono logo à hora de acordarem, as casas verdadeiras bombas relógio de raiva contida, descarregada nos cônjuges, nos filhos, na idiotização que a TV tornou negócio.

Sob o oásis dos edifícios em vidro, miragem de cristal, vivia o mundo subterrâneo de quantos aguentaram isto enquanto puderam, a sub-gente.
Os intelectuais burgueses teorizavam, ganzados de alucinação, que o conceito de classes sociais tinha desaparecido. A teoria geral dos sistemas supunha que o real era apenas uma noção, a teoria da informação substituía os cavalos-força da maquinaria industrial pelos megabytes de RAM da computação universal. Um dia os computadores tudo fariam, o ser humano tornava-se um acidente no barro de um oleiro velho e tresloucado, que caído do Céu, morrera pregado a dois paus, e que julgava chamar-se Deus, confundindo-se com o seu filho ungénito e mais uma trinitária pomba.

Às tantas os da cidade começaram a notar que não havia portugueses a servir à mesa, porque estávamos a importar brasileiros, que não havia portugueses nas obras, porque estávamos a importar negros e eslavos.

A chegada das lojas dos trezentos já era alarme de que se estava a viver de pexibeque, mas a folia continuava. A essas sucedeu a vaga das lojas chinesas, porque já só havia para comprar «balato». Mas o festim prosseguia e à sexta-feira as filas de trânsito em Lisboa eram o caos e até ao dia quinze os táxis não tinham mãos a medir.

Fora disto, os ricos, os muito ricos, viram chegar os novos ricos. O ganhão alentejano viu sumir o velho latifundário absentista, trocado pelo novo turista absentista com o mesmo monte mais a piscina e seus amigos, intelectuais claro, e sempre pela reforma agrária e vai um uísque de malte, sempre ao lado do povo e já leu o New Yorker?

A agiotagem financeira essa ululava. Viviam do tempo, exploravam o tempo, do tempo que só ao tal Deus pertencia mas, esse, Nietzsche encontrara-o morto em Auschwitz. Veio o crédito ao consumo, a conta-ordenado, veio tudo quanto pudesse ser o ter sem pagar. Porque nenhum banco quer que lhe devolvam o capital mutuado quer é esticar ao máximo o lucro que esse capital rende.

Aguilhoando pela publicidade enganosa os bois, que somos nós todos, os bancos instigavam à compra, ao leasing, ao renting ao seja como for desde que tenha e já, ao cartão, ao descoberto autorizado.

Tudo quanto era vedeta deu a cara, sendo actor, as pernas, sendo futebolista, ou o que vocês sabem, sendo o que vocês adivinham, para aconselhar-nos a ir àquele balcão bancário buscar dinheiro, vender-mo-nos ao dinheiro, enforcar-mo-nos na figueira infernal do dinheiro. Satanás ria. O Inferno começava na terra.

fazear arrear, puxando-os pelos fundilhos, quantos treparam para o mando, querem a canalha contente. E o circo do consumo, a palhaçada do crédito servia-os. Com isso comprávamos os plasmas mamutes onde eles vendiam à noite propaganda governamental, e nos intervalos, imbelicidades e telefofocadas que entre a oligofrenia e a debilidade mental a diferença é nula. E contentes, cretinamente contentinhos, os portugueses tinham como tema de conversa a telenovela da noite, o jogo de futebol do dia e da noite e os comentários políticos dos "analistas" que poupavam os nossos miolos de pensarem, pensando por nós.

Estamos nisto.

Este fim de semana a Grécia pode cair. Com ela a Europa.

Que interessa? O Império Romano já caiu também e o mundo não acabou. Nessa altura em Bizâncio discutia-se o sexo dos anjos. Talvez porque Deus se tivesse distraído com a questão teológica, talvez porque o Diabo tenha ganho aos dados a alma do pobre Job na sua trapeira. O Job que somos grande parte de nós.

Publicado por José António Barreiros

FEIRA

Rabo ao léu, para quem será?

NOTAS

O CM deixou hoje em paz José Sócrates, passou a Duarte Lima

Isaltino continua em lume brando

 Sempre temos algo maior que todos os outros - água salgada em forma de onda gigante

Como Sócrates não aparece na Primeira Página, a Face Oculta está em tamanho reduzido no CM


Cavaco Silva

De malas aviadas para mais uma viagem comercial- objectivo a venda da imagem de um país credível
Fica por saber quanto vai custar a viagem, pois são muitos os acompanhantes que normalmente vão de braço dado com Cavaco Silva


Apesar da muita chuva, a XXXVI Feira Nacional do Cavalo, XIII Feira Internacional do Cavalo Lusitano e tradicional Feira de S. Martinho iniciou-se  na sexta-feira, dia 4, na Golegã. Ponto de encontro para criadores e aficionados, entre 4 e 13 de Novembro, a Golegã será a capital do mundo equestre, onde não faltarão as tradicionais tasquinhas, a água-pé e a castanha assada.



GOVERNO I
Basicamente uns vigaristas
Três dias depois de ter dito que o Governo estava aberto a negociar a “reposição” de um dos subsídios (de férias ou de Natal), Miguel Relvas vem dar o dito por não dito¹ — socorrendo-se de dois argumentos falsos: (In Corporações)

GOVERNO II
Relvas, hoje sim, amanhã não.
Continua a saga agora com a "dança da almofada", já esteve disposto para rever o ataque ao bolso dos contribuintes, mas agora... não.
Continuamos à espera das explicações do "buraco colossal"

MADEIRA

Vamos esperar por hoje ao fim da tarde, com o início de mais um baile mandado pelo mestre-sala Alberto João.
Agradecendo a quem nele votou deu, em tempo de crise, um bónus de fim de tarde para os madeirenses ouvirem e verem com atenção o seu discurso de tomada de posse.
Esperemos por cobardia ou arrogância

UNIVERSIDADE DE VERÃO o que isto vai dar

08 novembro, 2011

Face Oculta

A trapalhada neste processo, passou ao domínio público a partir de hoje. Sabemos que em privado e para a venda ao desbarato, muito do processo que deveria estar em segredo de justiça, anda por aí nas bocas do mundo.
Não será difícil adivinhar o futuro deste processo.
Em resumo - vai acontecer o mesmo que tem acontecido nestes últimos tempos. Milhares de acusações para dezenas de arguidos que em final de julgamento e depois de  recursos e mais recursos, não irão dar em nada.
Anda toda a gente a trabalhar ou a fingir que trabalha, mas mesmo assim, mal muito mal o trabalho feito.
Talvez uma reciclagem para muitos destas "trabalhadores da justiça" nas Novas Oportunidades não seria mau para aprenderem a rentabilizar o trabalho executado e a racionalizar os gastos que suportam esse trabalho.
Vamos esperar, calmamente, pelo final desta peça teatral.

Isaltino na cadeia - sim ou não?

A Juiza do Tribunal de Oeiras, tem em mãos o mandado de detenção a Isaltino Morais. Sim ou Não?
Vamos aguardar mais uns folhetins desta tristissima, mas empolgante novela, em vários actos e em muitos palcos em simultâneo e  que se chama: A Justiça Portuguesa

"O Tribunal da Relação de Lisboa rejeitou o pedido de Isaltino Morais para afastar do processo em que está acusado de corrupção a juíza que ordenou a sua prisão há cerca de um mês."

Carla Bruni - La vie en rose

Rui Rio tem razão

Este Governo, este Partido, diga-se PSD faz tudo e de tudo uma trapalhada - não acerta uma.
Será que quem descontou de acordo a ter os seus subsídios tem obrigação agora de contribuir desta forma?

"Depois de Cavaco e Seguro é mais uma voz de peso a considerar "extraordinariamente injusto" o corte só na Função Pública.
O presidente da Câmara do Porto, Rui Rio, apelou hoje ao Parlamento para substituir a eliminação dos subsídios de Natal e férias aos funcionários públicos e pensionistas por uma taxa equitativa que abranja todos os trabalhadores.

"Entendo que aquela norma de cortar subsídios de Natal e de férias só aos pensionistas e funcionários públicos é uma medida extraordinariamente injusta. Penaliza só alguns e ainda por cima os mesmos que, já este ano, levaram cortes que outros não levaram", considerou Rio, em entrevista à Agência Lusa.
Para o autarca, "era bom que a AR melhorasse o OE no sentido de pôr os pagamentos e sacrifícios de forma mais equitativa. Da maneira que está, um funcionário público que ganhe 1.000, 1.300 euros por mês vai levar um corte de mais de 14% no rendimento anual. Imagine alguém que ganha 10 mil, 20 mil euros mensais, que só por não trabalhar na função pública não paga nada".
Admitindo que "numa situação dificílima do país é evidente que não é possível fazer um Orçamento que dê novidades positivas às pessoas" e que "não há possibilidade nenhuma de as pessoas ficarem contentes com ele", sublinhou que "há possibilidade de o fazer da forma mais justa e equitativa".
"O pensionista e o funcionário público que já este ano contribuíram unilateralmente, vão fazê-lo outra vez. Acho que era isto que o Presidente da República dizia que não é equitativo - e manifestamente não é. Pode haver aqui alguma questão até do foro ideológico, mas acho isto tão óbvio que é difícil encontrar alguém que não defenda que, num momento destes, devemos todos pagar e que deve pagar um pouco mais quem ganha mais.
"Um rol de injustiças horríveis"
Da maneira que está, quem ganha mais não paga e quem ganha menos paga tudo, e pela segunda vez", frisou. Rui Rio alertou que "medidas nestes termos geram todo um rol de injustiças horríveis, mesmo dentro da Função Pública, porque depois diz-se que dentro dela o Banco de Portugal, a TAP e, eventualmente, a CGD não são afectados".
"A única forma justa, correta e equitativa, diria mesmo prudente, de agir será criar uma sobretaxa em que pagam todos um pouquinho. Em vez de poucos pagarem tudo, esse tudo é dividido por toda a gente. E, sendo progressivo, quem ganha mais paga mais. Parece-me lógico que quem ganhar 40 ou 50 mil euros deve pagar um bocado mais do que quem ganha 1.100 ou 1.300", considerou. O autarca sublinhou que o seu apelo "é à AR toda, não só à maioria. É verdade que governo e maioria têm mais responsabilidade, a proposta é deles, mas não vi ainda PCP, BE, PS ou mesmo sindicatos a pedirem a ponderação que estou a pedir: todos a pagar um bocadinho, em vez de pôr uns a pagar tudo".
O que eles dizem mais à esquerda é: não se pode cortar. Isso é demagógico e significa atirar o país para o buraco. O que eles não pedem é uma distribuição equitativa. É uma questão de gestão do seu eleitorado: não querem ser antipáticos em relação àqueles que neste momento nada pagam", criticou.
Rui Rio sublinhou existirem a seu favor "argumentos de constitucionalidade", já que aprovar assim o OE pode levantar "problemas de constitucionalidade em que é pior a emenda do que o soneto". "Mas vou só pela justiça: o respeito pelas pessoas que trabalham e ganham pouco deve ser suficiente, não é preciso falar da Constituição. A AR tem todas as condições para em conjunto, sem tentar produzir manchetes de que o governo recua ou anda para o lado, mudar isto. Referindo-se à "ideia recente do PS", Rio considerou que "é melhor cortar um [subsídio] do que dois, mas mesmo assim é possível agir de forma mais justa. Cortar um subsídio equivale a pouco mais de 7% no rendimento anual. Pois que seja 2% a toda a gente".

CONTRIBUINTES ALVO DE ASSALTO

07 novembro, 2011

Cavaco Silva - pai do monstro

Quando oiço Cavaco Silva dizer, como o disse hoje: «só a união de todos pode atenuar os sacrifícios que se pedem aos portugueses», ou «os próximos tempos podem ser insuportáveis para alguns dos nossos concidadãos», quando antes, para derrubar o anterior governo, disse precisamente o contrário: «há limites para os sacrifícios que se exigem aos portugueses», até me dá arrepios. Salta-me a tampa, literalmente.Cavaco Silva não tem moral para dizer nada sobre sacríficios a pedir aos portugueses. Cavaco Silva é o principal responsável pelo momento que Portugal atravessa. Porque está há mais de 20 no poder. Porque moldou o rumo do país no pós-integração na EU, quando o dinheiro chegava a rodos. Porque deixou atrás de si um rasto de colaboradores a contas com a justiça, com acusações das mais diversas. Porque não faz um único sacrífio pelo país, chegando ao ponto de viajar para o Paraguai com uma comitiva de 23 acompanhantes (Populismo? - uma treta!). Porque nunca se norteia pelo sentido de Estado, nem de interesse nacional, mas por interesses pessoais e comezinhos. Cavaco Silva não é um Presidente da República, é o coveiro-mor desta choldra kafkiana. 
in (http://hojehaconquilhas.blogs.sapo.pt/1291526.html)

Justiça

Acabamos de ouvir o bastonário da Ordem dos Advogados falar sobre o estado da nosso justiça, melhor sobre o processo Face Oculta. Com toda a razão falou da cumplicidades das polícias e da justiça com os orgãos de informação, o que origina uma sentena antecipada em cada processo, dada pela opinão pública e antes da dos tribunais, o que é muito grave.
Recordamos o processo Casa Pia, processo Isaltino, e tantos outros, cuja sentença ditada pelos "media" ia sendo ditada dia a dia e gota a gota.
Hoje, ainda alguns jornais, continuam a fazer manchetes diárias com notícias sobre e da justiça.
A procura do lucro abre mão de todos os meios para produzir os seus fins.
Todavia, na maioria destas situações não é  a "informação" que está em causa.

TRANSPORTES SELECTIVOS

05 novembro, 2011

Francisco Louçã não aprende

O mesmo acontece com o avô boca doce - Jerónimo continua  no mesmo caminho de Loução.

"Francisco Louçã é um típico troca-tintas político. Contribuiu para o derrube do governo socialista. Agora diz que está no poder a «direita pura e dura». Esqueceu-se de acrescentar: está lá com o meu voto contra o PEC IV. Fez toda a campanha eleitoral arrumando o PS ao CDS-PP e ao PSDD – os partidos de direita. Ontem, na Moita, dirigindo-se ao PS, disse: «a esquerda devia votar contra a proposta de OE». E gastou meio discurso a criticar os socialistas – a sua grande obsessão. Não aprendeu nada com os resultados eleitorais de Junho. Segue feliz para o próximo desastre."

MEALHEIRO EM GREVE DE FOME

04 novembro, 2011

Alberto João Jardim "O Desaparecido"

Que se passa com o Rei da Madeira?
De tanto falar, cansou-se, desapareceu.
Para quem gosta tanto de falar, de se ouvir e de gritar, não se estranha que ande sem dar acordo ou rasto de si?
Passos Coelho deu-lhe uma ajudinha nas eleições.  Não andaram de braço dado nos comícios (à conta do Orçamento), lá isso não. Mas, Passos Coelho sempre lhe fez o favor de não apresentar publicamente o programa de austeridade para 2012 antes das eleições, como tinha prometido.
Não admira que numa das tantas cambalhotas que Passos Coelho é exímio, lhe possa dar mais uma abertura e lhe perdoar parte da dívida ou dar abertura para mais endividamento.
O que está a passar com as Câmaras Municipais, não é bom presságio - Passos Coelho a pedido do Rei das Câmaras vai deixar que estas se endividem mais que  o que estava prometido.
De abertura em abertura, o colossal buraco afinal ainda está para vir.

Passos Coelho

"O logro colossal

O Passos Coelho do livrinho, da revisão constitucional e das negociações do OE 2011 é muito diferente do Passos Coelho do programa eleitoral do PSD e ainda mais diferente do actual Passos Coelho defensor do empobrecimento colectivo. Não está em causa questionar até que ponto Passos Coelho foi mentiroso pois já é evidente que o actual primeiro-ministro destronou Sócrates em poucos dias do estatuto de governante mentiroso. Também não está em causa o facto de se terem ganho eleições enganando os portugueses porque infelizmente isso começa a estar em causa.
O que está em causa é o facto de em poucos meses Passos Coelho ter mudado de opções de política económica três vezes, ainda que o modelo de capitalismo que defende seja tendencialmente o mesmo. Poder-se-ia dizer que a mudança de circunstâncias justificariam tal mudança de posições, mas em Portugal não sucedeu nada de substancialmente novo, a dívida soberana não resultou de nenhum cataclismo natural, a falta de competitividade da economia é endémica e a crise financeira internacional começou já vai para tês anos.
Passos Coelho tem poucos conhecimentos de política económica, a sua concepção da economia é um somatório de bitaistes que vai lendo aqui e acolá, começa a ser mais ou menos evidente que o pensamento económico de Passos Coelho é fortemente influenciado pelas suas companhias. Quando se fazia acompanhar de Ângelo Correia pensava de uma forma, quando começou a ser visto ao lado de Nogueira Leite ou João Duque começou a pensar de outra forma e desde que anda com o Vítor Gaspar temos um Passos Coelho totalmente diferente dos anteriores.
Este pensamento errático de Passos Coelho coloca dois problemas: o da legitimidade política e o de saber quem manda em Portugal. É evidente que é Passos Coelho que se reúne semanalmente com Cavaco Silva, que aparece nas fotos de família dos Conselhos Europeus ou que faz as comunicações dramáticas a informar os portugueses de que vai tirar o escalpe aos burgueses dos funcionários públicos, mas também é cada vez mais evidente que num governo que vive para a dívida e para o orçamento quem manda mesmo é o ministro das Finanças.
O fundamentalismo liberal que preside apolítica económica é de Vítor Gaspar, é o ministro das Finanças que inventa desvios para justificar os seus exageros, é ele que decidiu desvalorizar os trabalhadores portugueses, é ele que decide a quem se corta direitos e rendimentos. Passos Coelho serve apenas para dar a cara no pressuposto de que é ele que consegue os votos. Vítor Gaspar está para o governo de Passos Coelho como Salazar estava para o governo saído das eleições de Carmona em 1928, tal como sucedeu na ocasião Gaspar quer superar a crise em dois anos e detém o controlo sobre a despesa de todos os ministérios, uma exigência que Salazar também fez a Carmona.
Isto coloca um problema de legitimidade, o país está a ser governado com base numa política que foi escondida dos cidadãos quando estes foram chamados a pronunciar-se em eleições legislativas, e está a ser mandado por alguém que nem conhecia nem foi proposto para primeiro-ministro.

Justiça assim, não

Não está em causa o cidadão Isaltino, está em causa a Justiça, com os seus atalhos sinuosos, as operações manhosas que aceita a apadrinha, com a cobertura que dá aos poderosos e indinheirados, etc, etc.
Isto não se pode chamar Justiça, quando um condenado reclama porque alguns dos crimes que cometeu já prescreveram, quando interpõe recurso atrás de recurso para dilatar o tempo de espera até vir a ser encarcerado,  ou não, pela prescrição dos crimes que foi acusado.
Uma vergonha
Nada disto tem a ver com o apertar do cinto, tem sim a ver, com todos aqueles que fazem a Justiça a seu modo e fazem da Justiça a sua profissão.
Mal daquele que sem dinheiro ou poder cai nas mãos Dela

CRATO - ensina os "meninos"