Vamos ficar por cá, para ver, se não será tudo isto, uma verdade.
"Os melhores dos melhores 1. Só quem nunca trabalhou na vida pode ignorar as dificuldades que a drástica redução do número de ministérios colocará à actuação do novo governo. Como se espera que alguém faça algo de útil se se coloca sob a sua responsabilidade a Economia, os Transportes e Comunicações, as Obras Públicas e o Trabalho? João Cravinho, uma pessoa de capacidades superiores, aceitou tomar simultaneamente conta de parte delas (Transportes e Obras Públicas) e o resultado não foi brilhante. O que Passos decidiu não passa de uma brincadeira de crianças.
2. Uma interminável procissão de sumidades empresariais e académicas debitou-nos durante anos do alto dos seus púlpitos mediáticos infalíveis soluções para curar a pátria infeliz. Chagada a hora, todas as desculpas valeram para se baldarem, sendo a mais vergonhosa a da necessidade de dar lugar a uma nova geração imberbe e inocente. Nuno Crato merece ser felicitado por ter tido a ousadia de, num momento crítico, submeter à prova do fogo as suas convicções. Mesmo que tudo lhe corra mal, terá a oportunidade de completar a sua educação sentimental.
3. Dirigir um ministério é uma função executiva. Consiste basicamente em traçar objetivos, tomar decisões, buscar apoios, liderar projetos, motivar pessoas e controlar resultados. Como é que uma vida de investigação e intriga académica, resguardada do escrutínio da opinião pública, pode preparar alguém para tais funções? É como pretender-se transformar um fabricante de tintas em pintor. Tal como Saramago foi uma revelação tardia, não é impossível que Gaspar e Santos Pereira tenham descoberto a meio das suas vidas uma nova vocação e que ela seja coroada de sucesso. Mas isso parece tão improvável como ganhar a sorte grande em duas semanas consecutivas.
4. Confirma-se que o CDS não tem existência real fora da televisão. Chegada a hora da verdade não conseguiu arrebanhar para o governo senão Cristas, que, revelando-nos uma nova faceta das Novas Oportunidades, vai aprender muito sobre Agricultura, e Mota Soares, um destacado chegamisso.
5. Macedo vai para a Saúde cortar custos. É sempre fascinante observar gestores bancários a cuidar de actividades mais terra a terra. Prevejo que descobrirá que cortes de custos sem uma estratégia conduzem no fim a surpreendentes aumentos de custos.
6. Deslumbrado com as câmaras de tv à chegada à Portela, o Ministro da Economia informa-nos que a Isabel ficou no Canadá a cuidar das crianças de oito, seis e quatro anos. Próximo passo: transmissão em direto das mudanças.
7. Moedas tem neste governo a missão de controlar de perto Gaspar por conta de Passos Coelho. A coisa promete.
8. Na sua primeira intervenção pública depois do anúncio da composição do novo governo, Cavaco Silva assumiu a postura de chefe do executivo. Mais um factor de instabilidade a acrescer aos restantes.
9. Num momento tão difícil, dir-se-ia que precisamos de gente com autoridade e experiência. Puro engano: o que se quer é leviandade e amadorismo."
"Os melhores dos melhores 1. Só quem nunca trabalhou na vida pode ignorar as dificuldades que a drástica redução do número de ministérios colocará à actuação do novo governo. Como se espera que alguém faça algo de útil se se coloca sob a sua responsabilidade a Economia, os Transportes e Comunicações, as Obras Públicas e o Trabalho? João Cravinho, uma pessoa de capacidades superiores, aceitou tomar simultaneamente conta de parte delas (Transportes e Obras Públicas) e o resultado não foi brilhante. O que Passos decidiu não passa de uma brincadeira de crianças.
2. Uma interminável procissão de sumidades empresariais e académicas debitou-nos durante anos do alto dos seus púlpitos mediáticos infalíveis soluções para curar a pátria infeliz. Chagada a hora, todas as desculpas valeram para se baldarem, sendo a mais vergonhosa a da necessidade de dar lugar a uma nova geração imberbe e inocente. Nuno Crato merece ser felicitado por ter tido a ousadia de, num momento crítico, submeter à prova do fogo as suas convicções. Mesmo que tudo lhe corra mal, terá a oportunidade de completar a sua educação sentimental.
3. Dirigir um ministério é uma função executiva. Consiste basicamente em traçar objetivos, tomar decisões, buscar apoios, liderar projetos, motivar pessoas e controlar resultados. Como é que uma vida de investigação e intriga académica, resguardada do escrutínio da opinião pública, pode preparar alguém para tais funções? É como pretender-se transformar um fabricante de tintas em pintor. Tal como Saramago foi uma revelação tardia, não é impossível que Gaspar e Santos Pereira tenham descoberto a meio das suas vidas uma nova vocação e que ela seja coroada de sucesso. Mas isso parece tão improvável como ganhar a sorte grande em duas semanas consecutivas.
4. Confirma-se que o CDS não tem existência real fora da televisão. Chegada a hora da verdade não conseguiu arrebanhar para o governo senão Cristas, que, revelando-nos uma nova faceta das Novas Oportunidades, vai aprender muito sobre Agricultura, e Mota Soares, um destacado chegamisso.
5. Macedo vai para a Saúde cortar custos. É sempre fascinante observar gestores bancários a cuidar de actividades mais terra a terra. Prevejo que descobrirá que cortes de custos sem uma estratégia conduzem no fim a surpreendentes aumentos de custos.
6. Deslumbrado com as câmaras de tv à chegada à Portela, o Ministro da Economia informa-nos que a Isabel ficou no Canadá a cuidar das crianças de oito, seis e quatro anos. Próximo passo: transmissão em direto das mudanças.
7. Moedas tem neste governo a missão de controlar de perto Gaspar por conta de Passos Coelho. A coisa promete.
8. Na sua primeira intervenção pública depois do anúncio da composição do novo governo, Cavaco Silva assumiu a postura de chefe do executivo. Mais um factor de instabilidade a acrescer aos restantes.
9. Num momento tão difícil, dir-se-ia que precisamos de gente com autoridade e experiência. Puro engano: o que se quer é leviandade e amadorismo."