07 junho, 2011
CDS
Nunca vimos o CDS defender Sócrates em situações muito semelhantes ou ainda piores.
"A vice-presidente do CDS-PP Assunção Cristas considerou esta terça-feira “inadmissíveis”, “inqualificáveis” e de “baixo nível” as declarações da eurodeputada socialista Ana Gomes a propósito do líder democrata-cristão, Paulo Portas."
Ana Gomes parte a loiça
Bem ou mal, há verdades que tem que ser ditas, não são calúnias. Preto no branco
Para tantos que aceitaram que se dissesse tão mal e se caluniasse Socrates, agora já não estão a gostar do que se passa com Portas.
Pois é, o Freeport deu frutos durante anos.
Será que os submarinos os vão dar?
As "Felícia Cabrita" e outros tantos seus iguais, podem agora mostrar o que valem no jornalismo de investigação.
"O caso dos submarinos, explica Ana Gomes, ainda está em investigação. "Há aspectos que a justiça deverá esclarecer, como a aquisição de submarinos [que é] altamente lesiva para os interesses dos contribuintes português e que está com processos judiciais em curso por corrupção, facturas falsas, fraude evasão fiscal, lavagem de dinheiro, etc, do qual Portas era o principal responsável político". As responsabilidades de Portas, explica, estão ainda por esclarecer e "isso não pode ser ignorado por quem decide politicamente por quem quer formar uma coligação estável e inquestionável".
No caso Casa Pia, "há questões que toda a gente sabe, que vocês jornalistas sabem, por exemplo o papel que teve a central de desinformação junto do então ministro Paulo Portas no tratamento que a imprensa deu ao caso Casa Pia. É preciso que alguém fale e aqui estou a eu a dar a cara. E disponível para enfrentar as consequências do que estou a dizer", avisou a eurodeputada socialista."
União Nacional
Verdades que não podem ficar escondidas.
"Antes da dissolução do parlamento cada subida da taxa de juro da dívida soberana era festejada nas redacções dos jornais e nas sedes de alguns partidos, cada descida do rating da República dava lugar a um orgasmo colectivo, o que importava era que o país se estava a afundar e isso anunciava condições para antecipar eleições. Nem se podia ousar questionar o funcionamento dos mercados que Cavaco Silva se apressava a defender que deveríamos respeitar os especuladores, deveríamos ficar de bico caladinho." In "O Jumento"
9 Ministros mais um Vice
Eram 10 os ministros. Foi o prometido.
Aguardemos as pressões de Portas.
Passos irá começar já a pedir desculpa por não cumprir o que prometeu?
PCP e BE
Será de esperar para ver a actitude de cada um destes partidos num futuro muito próximo.
Depois da afronta sistemática, diária ao Governo e ao PS, talvez possa usar o argumento de estarem muito cansados para fazerem o mesmo ao novo Governo, ao PSD e ao PP.
Sabemos que esta "esquerda" não suporta ver o PS no Governo, dá-lhe muito mais jeito que seja a direita a ocupar esse lugar, mas vamos esperar para ver.
06 junho, 2011
Isaltino Morais – Ministro do Ambiente
O ambiente... futuro
É uma incógnita os tempos que aí vêm.
"Em termos ambientais espero um Ministério do Ambiente com peso e com acção e um verdadeiro ministro no desempenho do cargo que nada tenha a ver com a mediocridade dos últimos, não só os da área do PS ( Sócrates, Nunes Correia, Dulce Pássaro...) , mas também os da área do PSD e CDS, relembre-se os nomes de Nobre Guedes e de Isaltino Morais... sim , Isaltino Morais já foi Ministro do Ambiente... já se tinham esquecido ?"
Sócrates e PS – um louvor da Democracia
"Muitos ficaram felizes com a derrota de Sócrates mesmo muitos daqueles que antes o apoiaram. O pior mal não é a adversidade na luta por fazer vencer uma ideia é a ausência de ideias pelas quais valha a pena lutar. Um dia, mais tarde que cedo, se sentirá a sua falta. Adiante, por agora, pois chegará o tempo próprio para tentar entender o ódio que Sócrates suscitou em tanta "gente de bem".
Mas o futuro continua a precisar de ideias renovadoras, projectos mobilizadores e gestores ousados cuja acção convergente as exigências do Memorando de Entendimento não dispensa. A começar na própria reforma da democracia representativa pois não se pode desvalorizar o facto de ter sido a ABSTENÇÃO a grande vencedora destas eleições com 41,1% dos votos (mesmo com muitos eleitores fantasmas!).
Hoje, na hora da derrota, Sócrates deve ter sentido o velho sentimento da ingratidão que se apossa dos grandes lutadores quando perdem. Mas o seu discurso de derrota foi uma notável lição de política democrática, assumindo as responsabilidades pelo resultado, retirando as consequências e reafirmando, ao mesmo tempo, de forma positiva e inequívoca, os valores do único partido da esquerda democrática portuguesa – O Partido Socialista - quer seja chamado a exerçer funções de governo, quer seja chamado a ser oposição.
O PS é um partido nacional, fundador da democracia em Portugal e, seja qual for a sua futura liderança, desempenhará em tempo de oposição um papel central na política portuguesa. Ninguém pense que é possível fazer frente aos desafios que se perfilam no horizonte da vida nacional se o futuro governo de maioria, centro direita, assentar a sua orientação política na hostilização da esquerda derrotada nestas eleições e, muito menos, hostilizando o Partido Socialista. "
Manuel Catarino – subdirector (‘)
Quem assim pensa e escreve, não deixar que o considerem um labrego – acima de tudo, grosseiro e malcriado.
A raiva de dentes irá continuar por muitos e muitos anos.
Os inimigos e detractores do PS refinaram os seus principios e propósitos.
Talvez precise de um bom desinfectante para o corpo e para o espírito.
Que sorte este fulano não ser juiz ou polícia.
labrego (ê)
adj. s. m.
adj. s. m.
1. Rude, aldeão.
2. Fig. Grosseiro, malcriado.
s. m.
3. Arado que lavra fundo e é puxado por mais de uma junta.
4. Açor. Lobisomem; diabo.
05 junho, 2011
Socrates perdeu, mas muito o PS ganhou
Socrates a Presidente da República... será o nosso voto.
03 junho, 2011
Votos – os uteis e os inuteis
O BE e o PCP votaram útil o derrube do governo quando não aprovaram o PEC IV, tornando inútil o esforço do PS para garantir uma maioria de esquerda na nova legislatura que sairá das eleições de dia 5 de Junho .
A história reflete desde sempre, a vocação da esquerda do PS, que agindo contra este, mais não faz que entregar os seus votos à direita.
Sejam quais forem os resultados de Domingo próximo, uma vez mais, os ditos partidos da ala esquerda do PS vão ficar responsáveis por grande parte dos sacrifícios que o povo português vai ter que enfrentar nos próximos anos.
Não interessa muito a cor ou valor de cada voto.
A votação do dia 5 de Junho foi a que se efectuou no dia do derrube do Governo.
O BE e o PCP sabiam bem que tudo seria diferente a partir desse momento.
Estas duas remeniscências do comunismo, ofereceram numa bandeja a entrada do FMI e a possível governação do país mais à direita desde o 25 de Abril.
Quem combateu esta gente, desde o 1º de Maio, da Alameda, do Verão quente de 75 do 11 de Março e 25 de Novembro, nos sindicatos , nas empresas, comissões de moradores, sabe que eles não mudam.
Os seus votos são uteis para a direita, inuteis para a esquerda
Vila Fria – Pingolé e Escola Primária
Em 01 de Maio de 2007 era assim:
Cerca de 170 alunos frequentam actualmente a escola do primeiro ciclo José Canas e o infantário Pingolé, edificados sobre um terreno que a população de Vila Fria, na freguesia de Porto Salvo, garante ter-lhe sido doado por José Canas, um morador já falecido.
Recentemente, e após uma vistoria aos estabelecimentos, os serviços de Saúde da Câmara de Oeiras detectaram deficiências nas condições de higiene da cozinha e da despensa e aconselharam o encerramento das instalações.
De acordo com a Carta Educativa do concelho, a primária deverá ser desactivada até 2010/2011, após a construção de uma nova escola noutra localidade de Porto Salvo, prevendo-se a realização de obras no Pingolé, que deverá permanecer aberto pelo menos nos próximos três anos.
A solução não agrada, no entanto, à população, que, segundo Armanda Gonçalves, da comissão de moradores, não acredita nas melhorias e rejeita a transferência dos alunos para fora da localidade.
«Não podemos mandar as crianças daqui para fora porque não temos transportes nenhuns. Vila Fria não está no mapa», lamentou à Lusa, acrescentando que os estabelecimentos «podem não ter instalações de luxo», mas são «muito bem tratados» a nível de limpeza.
«Entra chuva lá dentro, há ratazanas, mas a culpa é da Câmara, que nunca nos deu mais do que indiferença. O Pingolé é provisório desde que foi construído com o nosso sacrifício, há 31 anos», acrescentou.
Armanda Gonçalves afirma não entender por que razão a autarquia não constrói uma nova escola primária no mesmo terreno, já que não poderá usá-lo para outro fim sem o consentimento dos moradores.
«O terreno é nosso e se a Câmara o roubou estamos dispostos a ir para tribunal», defende, apesar de o presidente do município, Isaltino Morais, ter garantido o contrário sexta-feira, em Assembleia Municipal.
Segundo o autarca, a Câmara disponibilizou-se para apoiar a Santa Casa da Misericórdia, gestora do Pingolé, na realização de obras de requalificação.
Quanto ao ensino primário, Isaltino Morais garante que as condições da nova escola de Porto Salvo irão «convencer» os moradores de Vila Fria.
«Queremos para este concelho escolas com refeitórios amplos, salas de computadores, para as associações de pais, para os professores, espaços para brincar, enfim, condições que os pequenos equipamentos escolares não podem dar», justificou.
O aumento da oferta pré-escolar e a requalificação do primeiro ciclo são os principais objectivos estratégicos da Carta Educativa de Oeiras, que prevê a construção de sete estabelecimentos e o encerramento de quinze até 2016.
A proposta da Divisão de Educação da Câmara de Oeiras, aprovada quinta-feira pelo executivo e que terá de ser submetida à votação da Assembleia Municipal, está avaliada em 20 milhões de euros e implica o aumento da capacidade de acolhimento do pré-escolar e do primeiro ciclo em 41 e 13 por cento, respectivamente.
O documento terá de ser posteriormente submetido a homologação do Ministério da Educação.
01 junho, 2011
TAP em greve 10 dias
Claro que este dinheiro não lhes faz falta.
Esquecem-se do mal que fazem ao país, aos das outras empresas e trabalhadores que vivem do turismo e de tudo o mais que circula como economia, ao redor dos transportes aéreos.
Há greves e greves. Algumas não deveriam de existir
Caso Freeport
O título da capa diz assim: Freeport. Ex-ministro de Guterres diz que Sócrates deveria ter sido arguido”.
A manchete refere-se a uma peça supostamente baseada na declaração de voto de Júlio Castro Caldas, o magistrado relator do processo disciplinar instaurado pelo Conselho Superior do Ministério Público (CSMP) aos procuradores que investigaram o Caso Freeport.
Embora não se conheça o texto integral da declaração de voto, verifica-se que certas frases retiradas da mesma e citadas no corpo da notícia não validam o sentido do título. Eis as frases:
“Não se mantém um cidadão sob suspeita sem que seja constituído arguido, para que se possa defender” (…) “Deixou-se para o fim a inquirição de um cidadão que estava sob suspeita, mesmo que esse cidadão fosse o primeiro-ministro.” (…) “havendo fundamentos para um juízo de suspeição, deveriam ter sido tomadas todas as precauções para se fazer a inquirição”. (…) ”Se fosse para arquivar mais tarde, justificava-se essa decisão. Caso contrário partia-se para uma acusação” (…) “Votei vencido. Mas não fiquei convencido.” (…) “É insuportável o prolongamento no tempo de uma investigação criminal, mantendo um suspeito sem ser constituído arguido” (…) “em tempo processualmente oportuno, ter convocado a perguntas todos os cidadãos, fossem eles chefes de governo ou ministros”.
É flagrante o desfazamento entre o sentido que o jornal imprimiu ao título e as palavras do magistrado contidas nos excertos da declaração de voto que o próprio jornal cita. Quem fez o título não parece ter lido a declaração de voto. Instrumentalizou uma frase, retirando-a do contexto e conferindo-lhe um sentido oposto àquele que se extrai dos elementos citados.
A estória do caso Freeport tem duas faces: uma jurídica outra jornalística. Da primeira, fala o processo judicial. Da segunda, falam as deliberações da ERC e as centenas de páginas em que as mesmas se baseiam, apenas lidas pelos directamente interessados. Dos testemunhos recolhidos nas diversas audições realizadas na altura emerge uma outra estória do Freeport que põe a nú as ligações perversas e promíscuas entre a justiça e o jornalismo.
Na altura, em Julho de 2010, deixei disso testemunho em declaração de voto que anexei à deliberação da ERC sobre a suspensão do Jornal Nacional de Sexta, da TVI:
1. A suspensão do Jornal Nacional de Sexta é inseparável da cobertura do “caso Freeport”, como mostra o relatório elaborado pela ERC para este processo.
2. Durante meses a fio - Janeiro a Julho de 2009 – o Jornal Nacional de Sexta foi um espaço de concentração de peças sobre o Freeport estruturadas em forma de narrativa sistemática de denúncia tendo como alvo o Primeiro-Ministro, José Sócrates.
3. O citado relatório revela que, nos meses de Abril e Maio de 2009, mais de metade do tempo dedicado ao Freeport em todos os blocos de informação da TVI ocorreu no Jornal Nacional de Sexta, atingindo esse caso também em Fevereiro e Julho valores próximos de 50% do tempo total que lhe foi dedicado pela TVI. Esses dados são ainda confirmados quando se compara o volume e a duração das peças sobre o Freeport emitidas pelo Jornal Nacional da TVI com as emitidas pelo Telejornal da RTP e pelo Jornal da Noite da SIC, ultrapassando a TVI, largamente, as suas congéneres.
4. No decorrer do presente processo apurou-se que, na sua fase inicial, a cobertura do “caso” Freeport partiu de uma estratégia concertada entre o Jornal Nacional de Sexta e o semanário SOL, mencionada à ERC pelos seus responsáveis, que consistia na antecipação pelo JN6 das notícias que seriam publicadas no dia seguinte pelo SOL.
5. Os depoimentos prestados à ERC revelam que fontes do processo procuravam os jornalistas da TVI, fornecendo-lhes elementos do processo em segredo de justiça, alimentando assim o Jornal Nacional de Sexta com um fluxo contínuo de notícias sobre o caso.
6. A demonstrar esse facto, um dos depoimentos recolhidos pela ERC refere que uma jornalista da equipa do JN6, ali identificada, “foi lá, chamada pelos procuradores” e que as fontes “arriscavam imenso“, reconhecendo que o Jornal Nacional de Sexta “tinha tanta informação” e “não era desmentido, porque aquela informação era verdadeira e as pessoas, quando a davam, estavam a arriscar“. Assumem assim os seus responsáveis que as peças sobre o Freeport dependiam de impulso de fontes interessadas (ligadas ao processo, segundo os próprios depoimentos) e não de “investigação própria”, como pomposamente vinha sendo referido.
7. A confirmar a dependência e a falta de equidistância do Jornal Nacional de Sexta face às fontes do processo Freeport, o relatório da ERC mostra que o arquivamento do caso em Inglaterra, pelo SFO, coincidiu com o abaixamento do número de notícias exclusivas na TVI.
8. Os depoimentos relatam que com a entrada da nova Direcção de Informação da TVI as fontes secaram, quebrando-se em grande parte o fluxo da informação provinda do processo. Veja-se este excerto de um depoimento: “a partir da altura em que (…) as coisas mudaram” as fontes “têm medo” e “o ritmo de difusão tem tido como consequência o afastamento gradual de fontes de informação“.
9. Fica claro nos depoimentos dos jornalistas responsáveis pela cobertura do “caso Freeport” que a suspensão do JN6 e a orientação conferida à informação da TVI pela nova Direcção de Informação, mais exigente na confirmação da informação sobre o Freeport – analisada “à lupa” segundo um depoente -, desencorajaram as fontes de procurarem os jornalistas, retirando visibilidade ao caso.
10. Os dados apurados na presente investigação revelam, tal como já o havia feito a primeira investigação realizada pela ERC sobre o JN6, uma violação sistemática de princípios nucleares da actividade jornalística, tais como o contraditório, a presunção da inocência, a defesa do bom nome e da reputação, no caso, do Primeiro-Ministro, alvo de graves acusações.
11. Exemplos da violação desses princípios podem ser verificados na documentação fornecida à ERC pela TVI, na qual se constata, por exemplo, que no dia em que foi divulgado no JN6 o DVD em que o Primeiro-Ministro era acusado de “corrupto” o seu gabinete foi contactado por e-mail apenas 19 minutos antes do início do Jornal para se pronunciar sobre esse DVD sem que a TVI lhe tivesse dado a conhecer o seu conteúdo.
12. O processo põe a descoberto uma tentativa, que viria a revelar-se frustrada, de demonstrar interferência do Governo na cessação do JN6, não se coibindo alguns dos depoentes de invocar rumores, conversas de corredor e conspirações que nunca foram capazes de concretizar. O mais concreto e relevante que a investigação conseguiu carrear para o processo sobre essa alegada interferência foram as declarações do Primeiro-Ministro no Congresso do seu Partido e na entrevista à RTP, como se um político não pudesse criticar quem repetidamente o caluniou sem lhe permitir defender-se, como se provou ser prática no JN6.
13. Muitos dos casos apontados como revelando interferências ou pressões do Primeiro-Ministro, por si ou por interpostas pessoas, foram relatados por vários depoentes como resultado de conversas mantidas entre si, sem que qualquer deles as tivesse testemunhado ou sequer pudesse indicar nomes ou pistas credíveis que levassem ao apuramento dos factos. Estão neste caso relatos de telefonemas para o Rei de Espanha, interferências de António Vitorino e jantares com assessores do Primeiro-Ministro. Esta constatação fragilizou os depoimentos dos seus autores, uma vez que não foram apresentadas provas – ou, sequer, indícios razoáveis – que permitissem validar, minimamente, os factos apontados e as acusações feitas.
14. Falharam, assim, as afirmações da equipa que cobria o “caso Freeport” de que a decisão de pôr fim ao Jornal Nacional de Sexta partira do Governo. De facto, o processo demonstra cabalmente que a decisão se inseriu num processo longamente amadurecido e partilhado por parte das administrações da TVI, da Media Capital e da Prisa, cuja concretização só não possuía data marcada.
15. Também os depoimentos dos membros dos conselhos de administração da TVI e da Media Capital nada de substancial trouxeram ao processo, para além de uma melhor explicitação do incómodo que lhes causava o modelo do Jornal Nacional de Sexta, quer quanto ao formato, quer quanto ao estilo da sua apresentadora, assumidamente agressivo para com o Governo, em particular para com o Primeiro-Ministro, como aliás, reconhece, um declarante.
16. Ficou claro, não apenas nos depoimentos à ERC de administradores da TVI mas também nas audições da Comissão Parlamentar de Inquérito, o desejo de fazer cessar o Jornal Nacional de Sexta, uma vez que a então direcção de informação não se mostrava disposta a alterar o seu figurino no sentido de uma informação isenta que respeitasse o estatuto editorial da TVI e as regras que orientam a actividade jornalística.
Em suma:
a) A suspensão do JN6 surge após largos meses de cobertura do “caso Freeport” que se traduziu em acusações difamatórias e crítica sistemática ao Primeiro-Ministro, patentes no número, duração, concentração e repetição de peças em que José Sócrates era directa ou indirectamente apontado como suspeito de corrupção, em atropelo a princípios básicos do jornalismo.
b) A investigação levada a cabo pela ERC mostra grave instrumentalização do Jornal Nacional de Sexta por parte de fontes ligadas ao processo Freeport, que lhe faziam chegar elementos em segredo de justiça, visando incriminar o Primeiro-Ministro, os quais, sabe-se agora, não foram validados pela investigação judicial.
c) Os depoimentos realizados no âmbito do processo revelam que a administração da TVI em diversas ocasiões manifestou ao então Director-Geral preocupação com a orientação conferida ao JN6, de que era responsável a sua própria mulher, nomeadamente, no que respeitava à cobertura do “caso Freeport” por poder pôr em causa o estatuto editorial da TVI, sem que o Director-Geral tivesse sido sensível a analisar a situação.
d) A cobertura do “caso Freeport “levada a cabo pelo Jornal Nacional de Sexta, constitui um dos exemplos mais negativos de instrumentalização de um espaço televisivo por parte de poderes que lhe são alheios, ao serviço de interesses que nada tinham a ver com jornalismo sério e isento.
e) Forçoso é, pois, concluir que a metáfora da “caça ao homem” usada pelo Primeiro-Ministro contra o JN6 ganha realidade quando se analisam os factos apurados na investigação realizada pela ERC
Lisboa, 29 Julho de 2010
Estrela Serrano
(vogal do Conselho Regulador da ERC)