25 abril, 2011
23 abril, 2011
Constança Cunha e Sá – Idiota…
Eu, "idiota útil de Sócrates", me confesso: na semana passada, por ausência de discernimento, cometi o erro – de que me penitencio, desde já – de criticar a escolha de Fernando Nobre para a Presidência da Assembleia da República. Percebo, agora, que perdi o meu tempo com um pormenor de somenos que, tendo em conta a situação do país, devia ter merecido, no máximo, uma pequena nota de rodapé. Afinal, que importância tem o facto de o maior partido da oposição anunciar que, pela parte que lhe toca, a segunda figura do Estado deve ficar entregue a um candidato populista que prima pela incoerência e pelo ataque à classe política e ao sistema partidário? Aparentemente, nenhuma. O dr. Passos Coelho até podia convidar o Jel dos Homens da luta que ninguém lhe levaria a mal por isso.
Dentro desta lógica, também me devia ter abstido de comentar o famoso telefonema que, de repente, se transformou num misterioso encontro entre o primeiro-ministro e o líder da oposição, com sms à mistura e declarações do dr. Relvas ainda por explicar. E, por maioria de razão, também não devo pronunciar-me sobre as declarações do cabeça-de-lista do PSD, por Viana de Castelo, que, em boa altura, decidiu dar um raspanete ao seu eventual futuro parceiro de coligação, acusando o CDS e Paulo Portas, em particular, de se terem metido em negócios obscuros como a compra dos submarinos (já cá faltava!) e outras trapalhadas afins que tanto prejudicaram o último Governo do PSD. Generoso, Carlos Abreu Amorim até admite que Paulo Portas possa ter aprendido com os erros ("da pior maneira possível") mas, pelo sim, pelo não, vai avisando que, a partir de 5 de Junho, quem vai mandar no Governo – o tal que o dr. Passos Coelho já tem na sua cabeça – são os independentes como ele – o que augura, como se imagina, tempos particularmente auspiciosos.
Naturalmente, também não posso falar de sondagens que, vá-se lá saber porquê, dão o PSD a descer, depois de o eng. Sócrates ser obrigado a accionar o pedido de ajuda internacional. Em suma, não posso falar de nada que indicie que tenho uma opinião própria, independente das agendas partidárias, sobre seja o que for, nomeadamente sobre a forma como está a correr a campanha eleitoral. Porque, nos tempos que correm, a análise política é, cada vez mais, um prolongamento da luta partidária que dispensa o sentido crítico e privilegia o espírito de barricada. Mal por mal, antes "idiota útil".
Fernando Nobre
Portas, Capucho e Campos e Cunha
Campos e Cunha, só lhe falta dizer que Sócrates é o responsável pelo terramoto no Japão.
Miguel Relvas
"Embaixada marroquina não gostou de ver país como exemplo de fraca produtividade.
Enquanto produzirmos como marroquinos não podemos gastar como alemães». A frase do social-democrata Miguel Relvas caiu mal na embaixada de Marrocos em Lisboa."
Eleições autárquicas
Se for eleita, haverá prostitutas grátis e a possibilidade de masturbação em público [entre a meia-noite e as 06h00]", garante. Saliente-se que a actriz, de 22 anos, que fundou o Partido do Desejo, participa nua em acções de campanha e deixa-se apalpar pelos possíveis votantes.
Roleta Russa
A poucos dias do anúncio das medidas, expectavelmente muito duras, que serão aplicadas como condição da ajuda externa, os hotéis do Sul estão, segundo as notícias, lotados. As habituais comemorações parlamentares da revolução, caracterizadas por discursos cerimoniais e pela distinção entre quem ostenta ou não o seu símbolo, o cravo, na lapela, foram canceladas devido à dissolução da Assembleia. E um dos seus "heróis" desdobra-se em declarações de arrependido, elogiando até a "inteligência" e "honestidade" do ditador Salazar ("Faz falta um político assim"). Qualquer passageiro de táxi reconhece o discurso, mas um recente estudo de opinião atribuía-o à maioria dos portugueses, que considerariam os tempos pré-revolução, apesar de todas as aparatosas (a maior fatia da dívida portuguesa deve-se ao consumo privado) evidências em contrário, como "melhores para viver".
Não, não é fácil perceber os portugueses. No início desta semana, 65% dos inquiridos numa sondagem consideravam o Executivo o grande responsável "pelo estado a que o País chegou", e 85% achavam que "devia ter reagido mais cedo à pressão dos mercados" (fazendo o quê, não dizem). Ontem, a mesma empresa divulgou outra sondagem em que, pela primeira vez no último ano, o partido do Governo ultrapassa a principal força da oposição - que cai 11 pontos no espaço de oito dias. E o PR, eleito em Janeiro e cujo discurso de posse, em Março, desencadeou a crise política que levou à marcação de eleições antecipadas, está com popularidade negativa.
Com 39% (e a subir) de indecisos na sondagem citada, está tudo em aberto. Tudo menos o programa do próximo governo, em grande parte definido nas condições do empréstimo externo. Não por acaso, os dois principais partidos entretêm-se com acusações mútuas de ausência de ideias e de responsabilidade pela crise, apostando nos casos e sentimentos e tardando nas propostas políticas. Sem nada de concreto a que se ater, o eleitorado é uma montanha-russa. E a roleta do mesmo nome: é que por mais que tente não consigo entender por que raio há-de alguém querer vencer estas eleições.
Fora isto, Lisboa é uma cidade muito bonita. Recomendo.
21 abril, 2011
Hora da verdade
1. Em poucos segundos um terramoto destrói uma cidade. E depois são cinquenta anos para a reconstruir. Se houver dinheiro.
Com os seus dois discursos da noite das eleições presidenciais e, depois, com o que proferiu na tomada de posse, Cavaco Silva abriu caminho para o acto mais irresponsável e mais irreparável que, em democracia, foi cometido em Portugal desde o 25 de Abril.
“Tivemos presidentes extraordinários e de grande capacidade para criar entendimenos, para chamar os diferentes partidos à razão no passado. Não o temos agora. É uma pena que tenhamos este Presidente neste momento”. Quem o disse ao DN foi o Professor Catedrático Boaventura Sousa Santos, doutorado em Yale e professor na Universidade de Coimbra e noutras universidades em França, Estados Unidos e Brasil.
2. Quando tudo se encaminhava para uma solução de ajuda da União Europeia a Portugal, quando todas as instituições e todos os líderes europeus elogiavam a forma como José Sócrates e Teixeira dos Santos tinham conduzido o processo, quando todos os países da UE se comprometiam a garantir a ajuda de que Portugal desesperadamente precisava, quando o Banco Central Europeu ia passar o cheque, todos os partidos da oposição – com especialíssimas responsabilidades para o PSD – tiraram o tapete ao Governo forçando Sócrates a pedir a demissão.
As terríveis consequências deste hara-kiri parlamentar na praça pública europeia, em directo e ao vivo, foram imediatas. As instituições internacionais, que acreditavam no compromisso de Sócrates, não eram capazes de entender esta irresponsável atracção pelo abismo revelada pelos partidos da oposição. A credibilidade política que Portugal foi conquistando junto da comunidade internacional por líderes como Mário Soares, Jorge Sampaio, António Guterres e José Sócrates, esvaíu-se num instante. Os juros da dívida dispararam para valores cada vez mais impensáveis e insuportáveis. E continuam a subir. E as agências de rating ficaram ainda mais livres para – sem decência, nem complacência – fazerem o upgrade do lucro para a usura.
Tudo isto podia ter sido evitado se os partidos da oposição – e o próprio Presidente da República – tivessem pensado duas vezes e tivessem colocado os interesses do País acima das suas vinganças contra PS.
Mas cometeram um erro de cálculo fatal: em vez de acertarem no PS, quase destruíam Portugal.
“Quem não sabe ser responsável na oposição, como poderá sê-lo um dia no governo?” (António Costa).
3. O que para trás ficou escrito não são palpites, nem opiniões: são factos. Irrefutáveis. Indesmentíveis. E contra factos não há argumentos.
Uma coisa é certa: as medidas do PEC 4 que a oposição chumbou, se comparadas com as do PEC que aí vem pela mão do FMI, são como a diferença que vai de uma dose pediátrica a um tratamento de choque.
E, por exclusiva culpa da oposição, Portugal não quis comprar por cem o que vai ser obrigado a pagar por mil.
4. Portugal tem agora perante si – e num prazo muito curto – dois momentos decisivos para o seu futuro: as negociações com a União Europeia e o FMI e as eleições de 5 de Junho.
Quanto à “ajuda externa” – que é a designação diplomática para não se falar de um empréstimo com juros altos – nem está ainda quantificada, nem se sabe o grau da sua violência.
Quanto às eleições, os Portugueses – sobretudo os que se assumem “de esquerda” – têm agora a última oportunidade de assegurar a continuidade do Serviço Nacional de Saúde, da Caixa Geral de Depósitos, do ensino público, da RTP, dos despedimentos só com justa causa.
E, ou percebem isto antes das eleições, ou, depois, já será tarde.
Em 1985, se Álvaro Cunhal não tivesse aconselhado o voto em Mário Soares, quem tinha sido presidente era Freitas do Amaral. Lembram-se?
20 abril, 2011
In “O Jumento”
Irão reabrir a materniade de Elvas?
Neste tempo de todas as crises, crise de dinheiro, crise de competitividade, crise de dignidade, crise de coerência, crise de valores, crise de orgulho nacional, crise institucional, apetece-me perguntar se vão reabrir a velha maternidade de Elvas. As vantagens são muitas, a cidade tem mais um serviço, útil num tempo em que se fala em "fechar" municípios, os portugueses deixam de ser espanhóis disfarçados, tudo fica mais barato e as mães não só têm de atravessar a rua para poderem parir.
Faço esta pergunta porque esta foi uma das muitas lutas emblemáticas dos últimos anos, mas poderia perguntar se vão recolher os Magalhães e vendê-los em segunda-mão em África, reabrir os velhos centros de saúde por cuja manutenção se bateram muitas manifestações populares, reabrir as escolinhas com meia-dúzia de alunos, criar SCUTS onde estas são reivindicadas por autarcas, regressar ao tempo em que não havia avaliação nas escolas e estas eram geridas por conselhos directivos "democraticamente" eleitos.
Em trinta anos de democracia só em dois pequenos períodos este país governou adoptando medidas consideradas necessárias e todos se calaram, bem, não foram todos, os irredutíveis do PCP sempre pensaram que era possível recorrer à alquimia e transformar o granito da Serra da Estrela para financiar o paraíso terrestre que sempre prometeram. Por duas vezes o FMI veio pôr ordem na casa, acordaram-nos do sonho e explicaram-nos que a realidade é um pesadelo. O mesmo vai voltar a suceder.
Se o FMI mandar fechar maternidades inúteis serão fechadas, se mandarem os trabalhadores do METRO deixar de fazerem greve dia sim, dia não estes trabalham, se exigir avaliação dos professores estes serão avaliados, se exigir a extinção de municípios estes serão extintos, se impuserem o fim das SCUT os autarcas meterão o rabo entre as pernas. O Mário Nogueira não vai organizar manifestações espontâneas para chamar nomes aos homens da troika e ainda lhes vai servir o chazinho na reunião com a CGTP, a av 24 de Julho não vai ficar atulhada de autocarros das câmaras municipais que carregaram os manifestantes que vieram a Lisboa convocados pela CGTP.
Falavam em asfixia democrática mas agora até descobriram que um governo em gestão podia negociar um acordo em que nem os limites constitucionais serão considerados, criticavam todos os orçamentos por não promoverem o crescimento mas agora aceitam as vantagens da recessão, defendiam a desbunda municipal com o argumento da proximidade das populações mas agora descobrem que há municípios a mais. Isto é, tudo o que os governos faziam estava mal, mas tudo o que a troika decidir é para engolir como se fosse uma aspirina.
A reforma da saúde ia no bom caminho mas não se podia fechar um serviço, a avaliação era necessária mas tinha muita burocracia, a reforma da segurança social foi positiva mas insuficiente, nada estava bem porque ao mau cagador até as calças empatam. Agora vêm cá quatro fulanos que ninguém conhece, reúnem com meia dúzia de poderosos do governo, das empresas e dos sindicatos e decidem o que bem entendem.
Parece que o lema de muitos dos nossos políticos é antes governar a mando do FMI e sem perguntar a vontade dos portugueses do que ser oposição construtiva. Até aqui o lema era mandar tudo abaixo, agora vai ser fazer tudo o que eles mandam.
Nobre
Percebemos que o país endoideceu de vez quando passa 15 dias seguidos a falar do dr. Nobre, Percebemos que o país endoideceu de vez quando passa 15 dias seguidos a falar do dr. Nobre, provavelmente a maior nulidade política que a democracia foi capaz de gerar.
provavelmente a maior nulidade política que a democracia foi capaz de gerar.
19 abril, 2011
18 abril, 2011
CRIL – obra inacabada de Cavaco Silva
Finalmente
"Vinte anos depois do início da construção da CRIL, o último troço da estrada abre hoje ao trânsito, estabelecendo um novo percurso de 3,6 quilómetros entre a Buraca (Amadora) e a Pontinha (Odivelas)."