Comentário a um comentário.
Temos muita razão em ter muita pena dos professores.
Vamos comentar apenas o comentário na parte que reporta o número de horas de trabalho semanais. Dizemos trabalho.
Pois então, são 35 horas semanais.
Entre um "velhinho" e um "novato", a diferença está no "trabalho", melhor, componente lectiva.
Assim, para um "velhinho" são 14 horas de trabalho semanal, na função mais digna e trabalhosa - componente lectiva - dar aulas. As restantes 21 horas são da componente não lectiva.
Assim, para uma semana de segunda a sexta-feira, não chegam 3 horas diárias da componente lectiva.
Pois, então na componente não lectiva, "poderão estar" incluidas as diversas tarefas que no comentário são criteriosamente enunciadas.
Responsabilidade nos departamentos - será que todos os professores tem essas responsabilidades atribuidas? E os que não têm?
Conselhos de Turma - devem ser diários e prolongar-se-ão até de madrugada.
Conselho Pedagógico - igualmente, para todos os professores e com reuniões diárias e morosas.
Reuniões - sempre necessárias e muito participativas, em especial para discutir as greves, as avaliações, etc. etc.
Direcção de turma - pelos vistos, todos os professores pertencem à direcção de turma e com reuniões tambem diárias
Atendimento a encarregados de educação - serão diárias ou uma vez por semana?
Onde se esgotam aqui as 21 horas dos mais antigos ou até as 13 horas dos novatos?
Sobre a preparação das aulas de que os professores tanto falam para justificar o injustíficável da maioria deles.
Será que um professor de Informática, de Educação Musical, de Educação Fisica, Aerea de Projecto, de Portugues, Francês ou Inglês perdem todos eles, todo esse tempo a preparar as lições do dia seguinte?
Será por isso que não se vêm professores no futebol, na praia, no cinema ou a cavaquear com os amigos saboreando um café ou uma bebida?
Mas que horas sono perdem os professores, com o emprego e o salário certo no dia 22 ou 22 de cada mês?
Pode adquirir-se que em muitos casos, a profissão pode ser desgastante, mas exagerar, não.
O anónimo terá maioria de razão em muito do que escreveu
«Caro anónimo, poderia obtê-la através de um qualquer sindicato dos professores que lhe indicaria também a legislação inerente à questão. Mas já que não o fez, dir-lhe-ei, com muito gosto, que o horário de um professor em final de carreira é exactamente o mesmo de um professor em início de carreira, ou seja: 35 (trinta e cinco) horas semanais, fora as que não são contabilizadas por serem dadas gratuitamente aos sábados e domingos em casa, sem se poder ir ao cinema, visitar a família, ou simplesmente dormir, compensando as horas de sono em falta.A diferença entre um docente com trinta e tal anos de serviço e um com dez, apenas, reside na componente lectiva. Este terá, pelo menos, 22 horas lectivas e 13 não lectivas, enquanto aquele poderá ter 14 horas lectivas e 21 não lectivas. Nas não lectivas poderão estar incluídas aulas de apoio e substituições de colegas. As restantes correspondem à responsabilidade com determinados departamentos, conselhos de turma, conselho pedagógico, reuniões, direcção de turmas, atendimento a encarregados de educação, tutorias, para além da preparação de aulas em função da diferenciação das turmas que cada docente tem, pois não há turmas iguais nem alunos iguais, nem aulas iguais.O professor não é uma máquina que um qualquer operário habilitado acciona e acompanha. Tal como os alunos não são pares de sapatos nem calças de ganga produzidos em série, nem tijolos assentes a metro, nem hortaliça...Penso que já chega.»