[Publicado por Vital Moreira] [Permanent Link]
O Ministério Público demorou duas semanas para vir assegurar publicamente que Sócrates não é suspeito e que nem sequer está a ser investigado. Nesse tempo, o primeiro-ministro foi frito a todo o gás, com base em "factos" alegadamente saídos do processo, perante o silêncio de quem o tinha à sua guarda.
O mal causado ao visado é em porventura irreparável.
Como sempre sucede, a responsabilidade não é gerada somente por acções mas também por omissões de quem tem o dever de agir...
José Sócrates «não está a ser investigado», confirma DCIAP
A directora do Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP) e procuradora-geral adjunta, Cândida Almeida, confirmou que o nome do primeiro-ministro, José Sócrates, consta do processo Freeport, mas «não está a ser investigado».
No programa «Grande Entrevista», na RTP1, quinta-feira à noite, a responsável garantiu que, até ao momento, «não há qualquer suspeita relativamente ao envolvimento» do actual chefe do Governo no caso.
Em causa, está uma carta anónima, enviada à Polícia Judiciária (PJ), em Setembro de 2004, sobre a existência de irregularidades na construção do outlet, referindo, «num parágrafo, o envolvimento de José Sócrates e da mãe», explicou.
Cândida Almeida adiantou, contudo, que, «nesta fase, suspeitos serão todos aqueles que poderão ter tido uma intervenção maior ou menor» no sentido de influenciar as decisões acerca do projecto, mas o processo «ainda não tem arguidos».
A investigação está a tentar descobrir provas de tráfico de influências, «que acontece quando uma pessoa se gaba de conhecer alguém que possa fazer alguma coisa e pede dinheiro por isso», e de corrupção, «que passa por dar um despacho em contrário das suas obrigações legais» em troca de dinheiro, esclareceu.
A directora do DCIAP garantiu ainda que vai investigar as quebras do segredo de justiça que têm marcado este caso, pedindo o empenho, nesta questão, da procuradora-geral adjunta Maria José Morgado.