19 setembro, 2015

passos coelho, mente.

«O debate é todo sobre o programa do Partido Socialista. Não houve uma única pergunta sobre o programa da coligação. (...) Passos Coelho falou com a assertividade que usa desde sempre para mentir.»

Pacheco Pereira, na Antena 1 (via Malou Delgado Raínho)



Eis um exemplo do que Pacheco Pereira disse ao comentar o debate de hoje nas rádios. Passos Coelho afirmou que o Governo de Sócrates apenas prometeu tornar obrigatória a escolaridade de 12 anos, mas que foi o seu governo que a levou a cabo. O alegado primeiro-ministro omitiu:

• Que a Lei n.º 85/2009, de 27 de Agosto, que estabelece a escolaridade obrigatória de 12 anos, foi aprovada na vigência do primeiro governo de José Sócrates;
• Que esse diploma estipula a sua aplicação progressiva a partir do ano lectivo 2012/2013;
• Que o PSD e o CDS se abstiveram na votação da proposta de lei que esteve na génese do diploma.

 

Coelho fora

14 setembro, 2015

paulo Portas entre as mulheres

 

 

 

APRE - Sessões debate da próxima semana

 

Informamos das iniciativas APRe na região Lisboa, esperando a presença dos que puderem e seus amigos ou familiares. 

 A APRe considera da maior importância a participação nas eleições legislativas, expressando a escolha de cada um, através de voto válido.

 Marília Martins

Núcleo Oeiras APRe

 

 

 

09 setembro, 2015

O Zé Povinho o que diz?

 

Passos Coelho e o Zé Povinho


Nicolau Santos - Anatomia e dissecação de um colossal falhanço. (Nota mm: Só quem não quiser ver, por fanatismo ou clubismo)

Ah Nicolau Nicolau, tens que voltar para a universidade (de verão dos citrinos laranjais)... não vês que andas desalinhado??? 

Ah Nicolau Nicolau... tens que ouvir melhor a versão actualizada dos pinóquios (um tal coelho e sua partenaire porteira)

mmd

 

(Nicolau Santos, in "Expresso")

1 A 4 de abril, Angela Merkel elogia os esforços do Governo português para combater a crise, através de um novo plano de austeridade, o PEC 4. Com o apoio da chanceler alemã e do presidente da Comissão Europeia havia a real possibilidade de Portugal conseguir um resgate mais suave, idêntico ao que Espanha depois veio a ter. O primeiro-ministro, José Sócrates, dá conta ao líder da oposição, Pedro Passos Coelho, do que se passa. Este, pressionado pelo seu mentor e principal apoio partidário, Miguel Relvas, recusa-se a deixar passar o PEC 4, dizendo que não sabia de nada e que não apoiava novos sacrifícios. O seu objetivo é a queda do Governo e eleições antecipadas (ver o livro "Resgatados", dos insuspeitos jornalistas David Dinis e Hugo Filipe Coelho). O Presidente da República, Cavaco Silva, faz um violento ataque ao Governo no seu discurso de posse, a 4 de abril, afirmando não haver espaço para mais austeridade. Os banqueiros em concertação pressionavam o ministro das Finanças. Teixeira dos Santos cede e coloca o primeiro-ministro perante o facto consumado, ao anunciar ao "Jornal de Negócios" que Portugal precisa de recorrer aos mecanismos de ajuda disponíveis. Sócrates é forçado a pedir a intervenção da troika. Merkel recebe a notícia com estupefação e irritação.

 2 O memorando de entendimento (MoU) é saudado por políticos alinhados com a futura maioria, por economistas de águas doces, por banqueiros cúpidos e por comentadores fundamentalistas e bastas vezes ignorantes, pois, segundo eles, por cá nunca ninguém conseguiria elaborar tal maravilha. Hoje, pegando nas projeções para a economia portuguesa contidas no MoU, é espantoso constatar a disparidade com o que aconteceu. Em vez de um ano de austeridade tivemos três. Em vez de uma recessão não superior a 4%, tivemos quase 8%. Em vez de um ajustamento em 2/3 pelo lado da despesa e 1/3 pelo lado da receita, tivemos exatamente o contrário: uma austeridade de 23 mil milhões reduziu o défice orçamental em apenas 9 mil milhões. Em vez de um desemprego na casa dos 13%, ultrapassámos os 17%. Em vez de uma emigração que não estava prevista, vimos sair do país mais de 300 mil pessoas. E em vez da recuperação ser forte e assente nas exportações e no investimento, ela está a ser lenta e anémica, assentando nas exportações e no consumo interno. A única coisa que não falhou foi o regresso da República aos mercados. Mas tal seria possível sem as palavras do governador do BCE, Mario Draghi, no verão de 2013, ou sem o programa de compra de dívida pública dos países da zona euro? Alguém acredita que teríamos as atuais taxas de juro se não fosse isso, quando as agências de rating mantêm em lixo a nossa dívida pública? Só mesmo quem crê em contos de crianças.

4 O ex-ministro das Finanças, Vítor Gaspar, e o primeiro responsável da troika, Poul Thomsen, negaram durante dois anos que houvesse um problema de esmagamento de crédito às empresas. Pelos vistos desconheciam que a esmagadora maioria das PME sempre teve falta de capital, funcionando com base no crédito bancário. Como os bancos foram obrigados a cortar drástica e rapidamente os seus rácios de crédito, milhares de empresas colapsaram, fazendo disparar o desemprego. Gaspar e a troika diriam depois terem sido surpreendidos com esta evolução. A sobranceria dos que se baseiam na infalibilidade do Excel, aliada à ignorância dos que pensam que a mesma receita funciona em qualquer lugar, tem estes resultados.

 5 Passos Coelho disse e redisse que as privatizações tornariam a economia portuguesa muito mais competitiva, levando os preços praticados a descer. Pois bem, a EDP foi vendida a muito bom preço porque as autoridades garantiram aos chineses da Three Gorges que os consumidores portugueses continuariam a pagar uma elevada fatura energética. E assim tem sido. Os franceses da Vinci pagaram muito pela concessão da ANA porque lhes foi garantido que poderiam subir as taxas sempre que o movimento aeroportuário aumentasse. Já o fizeram por cinco vezes. O Governo acabou com a golden share na PT e não obstou à saída da CGD do capital da telefónica. Depois assistiu, impávido e sereno, ao desmoronamento da operadora. A CGD foi obrigada pelo Governo a vender por um mau preço a sua participação na Cimpor. Hoje, a cimenteira é uma sombra do que foi: deixou de ser um centro de decisão, de competência e de emprego da engenharia nacional. Os CTT foram privatizados e aumentaram exponencialmente os resultados, à custa da redução do número de balcões e da frequência na entrega do correio.

 7 O programa de ajustamento fez Portugal recuar quase 15 anos. Perdemos centro de decisão e de competência e não apareceram outros. A classe média proletariza-se sob o peso dos impostos. Nos hospitais reaparecem doenças e epidemias há muito erradicadas. O investimento estrangeiro estruturante não veio, o perfil da economia e das exportações não se alterou, a aposta na investigação eclipsou-se. E tudo para se chegar a um ponto em que a troika nos continua a dizer que já fizemos muito mas que é preciso fazer mais — e os credores internacionais nos vão manter sob vigilância até 2035. Sob o manto diáfano da fantasia, a nudez forte da verdade mostra que este ajustamento não teve apenas algumas coisas que correram mal — foi um colossal falhanço. E, desgraçadamente, os próximos anos vão confirmá-lo.

 País desenvolvido não é onde o pobre tem carro, é onde os políticos usam transporte público (Enrique Peñalosa).

 

 

31 agosto, 2015

NOVO BANCO - nem os chineses o querem comprar


Paulo Rangel - In Vai e Vem




Paulo Rangel, deputado europeu e figura proeminente do PSD, fez hoje na universidade de verão do seu partido um ataque descabelado à justiça. Querendo atingir António Costa e o PS, saíu-lhe o tiro pela culatra. Ao perguntar aos jovens que o escutavam se “Alguém acredita que se os socialistas estivessem no poder haveria um primeiro-ministro sob investigação?”, Rangel diz várias coisas ao mesmo tempo:
que José Sócrates foi investigado e está preso porque o PSD (e o CDS) estão no governo. Logo, dá razão à tese do próprio Sócrates de que é um preso político;
que a justiça é controlada pelos governos e só investiga políticos quando os partidos a que pertencem não estão no governo;
que Passos Coelho não foi investigado nos casos Tecnoforma e dívidas à Segurança Social porque o PSD está no governo;
que Paulo Portas não foi investigado no “caso submarinos” porque o CDS está no governo;
que Miguel Macedo, ex-ministro do PSD, não foi ainda constituído arguido no caso “vistos gold” porque o PSD está no governo;
que Marco António Costa não foi ainda constituído arguido no caso Câmara de Gaia porque o PSD está no governo

Conclusões que podem ser extraídas das declarações de Paulo Rangel:
quando o PSD não estiver no governo Passos Coelho será investigado sobre os casos acima citados;
idem para Miguel Macedo;
idem para Marco António Costa;
quando o CDS deixar de estar no governo Portas será´investigado no “caso submarinos”.

E assim, de uma penada, Paulo Rangel faz de procuradores e juízes meros paus-mandados do governo que estiver em funções.

O que é que Passos Coelho tem a dizer à “lição” dada pelo seu ex-rival aos futuros quadros do PSD?

Daniel Oliveira - a teoria da ocupação política



O rearranjo da esquerda


(Daniel Oliveira, in Expresso, 29/08/2015)


Daniel Oliveira



A vitória do Syriza não foi apenas um epifenómeno grego. Foi um sinal. Também o foram a sua derrota perante Berlim e Bruxelas e sua divisão interna, que deu origem a um novo partido, mas que permitirá a Tsipras ocupar definitivamente o espaço do PASOK. Bem ou mal, a reconfiguração da esquerda grega desilude quem acreditava que estaríamos a assistir à sua radicalização. Na Europa, se isso está a acontecer é à direita, com a sua divisão em dois campos radicais: o ultraliberal, quase revolucionário, e o xenófobo, com uma agenda contra a modernidade. Dois campos que, em determinados contextos, até se podem aliar. Foi o que aconteceu na Finlândia, em que liberais, conservadores e nacionalistas, liderados por um milionário, começaram o processo de desmantelamento do exemplar Estado social do país.


A esquerda não se está a radicalizar, está a reconfigurar-se. O “modelo social europeu” foi abandonado pelos partidos socialistas e sociais-democratas, que aceitaram o fundamental das chamadas “reformas estruturais” para a desregulação e privatização das funções do Estado. Como a política tem horror ao vazio, esse espaço com um forte apoio social está a ser reocupado.

Na Grécia, por um Syriza em transfiguração. Em Espanha, através do aparecimento do Podemos. É verdade que caiu nas sondagens depois do que aconteceu com Tsipras e que não tem sido fácil gerir o seu discurso dúbio em relação a fenómenos como o do nacionalismo catalão, que vai a votos a 27 de setembro. Mas a vitória das listas de cidadãos que patrocinou em Barcelona e em Madrid e as alianças locais com o PSOE tornaram o movimento incontornável para um futuro governo à esquerda. O rearranjo do sistema partidário à esquerda por essa Europa fora não acontecerá apenas através do aparecimento de novas forças ou do crescimento e moderação de forças já existentes na esquerda radical. Ele pode resultar de revoluções internas dentro dos próprios partidos do centro-esquerda. A possibilidade de uma vitória de Jeremy Corbyn, socialista de todos os costados, na corrida interna à liderança dos trabalhistas britânicos está a deixar nervoso o establishment da decadência ideológica do partido e pode vir a ser tão ou mais relevante do que os resultados do Podemos ou do Syriza.

O Estado social português foi construído poucos anos antes de começar a ser posto em causa na Europa através de um acordo entre um PS sem implantação sindical e um PSD impossível de caracterizar ideologicamente. Tudo aqui é diferente e os efeitos do que está a acontecer na Europa vão demorar a sentir-se. Mas o espaço que, por cá, foi deixado vago pelo PS e em parte pelo PSD terá, também ele, de ser ocupado. Até porque a defesa do Estado social tem, ainda mais em Portugal, uma vocação claramente maioritária. A questão é saber quem terá unhas para começar a reconfigurar a esquerda nacional: os chamados jovens turcos do PS? Uma esquerda radical que ainda tenha massa crítica para se reposicionar e falar a um eleitorado mais moderado? Novas forças descomplexadas em relação aos ressentimentos do passado? Uma outra coisa qualquer que não estamos a ver? Depende muito do que for acontecendo na Europa e da qualidade dos protagonistas nacionais.

Apanhados