Hollande na Alemanha
"Retardada por um raio - que talvez venha a ser muito evocado daqui a anos, à hora do balanço - a Merkollande (os franceses preferem Homer, dá-lhes a primazia e é mais curto) foi ontem inaugurada. A conservadora Merkel e o socialista Hollande portaram-se como os seus homólogos gregos e souberam ser responsáveis: desejaram que a Grécia não saia do euro. Dito isso, logo transpareceu a divergência aguardada. Hollande anunciou ir falar das eurobonds no próximo Conselho Europeu, já para a semana. Como o previsto, ela mais austeridade, ele mais crescimento. Pode ser sinal fecundo, os pares que melhor se encaixam não são idênticos. Ontem ainda não se falou, mas a China vai ser assunto de polémica no par. Num livro lançado já a seguir às presidenciais francesas, La Victoire Empoisonnée ("A Vitória Envenenada"), o autor, Eric Dupin, revelava uma conversa recente com Hollande, ainda candidato, em que este dizia: "O problema é chinês. Eles fazem batota com tudo." Ora, a China e a Alemanha, como ontem lembrava o Le Monde, são a simbiose quase perfeita, uma precisando da tecnologia e a outro de mercados. Um Hollande crítico sobre o Império do Meio pode colocar a Europa, no seu todo, como interlocutor da China, papel até agora só da Alemanha. O que transformaria meros negócios em relação mais forte. Estes dias de mudanças têm disto, dão esperanças." ( Ferreira Fernandes - DN)
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