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24 setembro, 2009

Cavaco Silva

Cavaco Silva - mau de mais para ser mentira

Tudo mal.
A história é, do princípio ao fim, uma coisa estranha e cheia de pontas soltas.

Surpreendeu meio mundo tal o inusitado da alegada situação, minou as já difíceis relações institucionais entre Presidente da República e primeiro-ministro e aniquilou esta campanha eleitoral, sobrepondo-se e abafando todos os outros assuntos que importava discutir. Isto por um lado. Por outro, mal se compreende a actuação do Presidente da República que, por mais voltas que dê, não se vê como possa sair desta situação sem nódoas no casaco, tal o lamaçal em que se transformou a questão. Se existia caso, haveria que, em tempo, dele tratar nos devidos termos. Se não existia e era apenas o produto de uma maquinação urdida por um assessor tão imaginativo quanto irresponsável, haveria que ter colocado fim à história e o assessor no olho da rua.

Calendários impossíveis.
Não é aceitável, não é compreensível, que tenha passado mais de um mês sobre a manchete do jornal "Público" acerca dos receios de Belém andar a ser escutado por S.Bento, sem que de Belém tivesse saído alguma declaração que fizesse luz sobre tão negra hipótese. Depois da primeira página do "DN", com a divulgação do procedimento que aparentemente terá dado azo à publicação desta matéria, eis que o Presidente vem a terreno apenas para dizer que vai tratar do assunto a partir de 28 de Setembro! Como se questões de segurança fossem compagináveis com arranjos de calendário.

Comunicação ao país.
No ano passado, tivemos a expectativa de uma comunicação ao país por parte do Presidente da República que depois se revelou ser sobre as suas preocupações quanto ao Estatuto dos Açores. Não tirando carga relevante à matéria, a verdade é que se se faz uma declaração ao país no ‘prime time' televisivo sobre uma matéria destas, mal se compreende que impere o silêncio sobre o caso das escutas que está a ensombrar o regular funcionamento das instituições, que matou uma campanha eleitoral e que colocou a confiança dos portugueses nos políticos no grau zero da escala.

Tanto tempo.
A gestão deste caso não tem pés nem cabeça e não se admite que o Presidente da República tenha permitido que o mesmo estivesse tanto tempo a fermentar permitindo que ganhasse um volume e uma substância que condiciona tudo e todos, levando-nos a questionar sobre se é possível que a acção política esteja a ser dominada por urdiduras e maquiavelismos de terceira categoria.

Preocupação.
O silêncio, num caso como este, não é de ouro. É veneno. E mata. E o que não se aceita é que o ‘timing' do Presidente, qualquer que ele seja, se possa sobrepor ao princípio basilar de esclarecer os cidadãos.
Há motivos bastantes para estarmos todos muito preocupados, tanto mais que o Presidente dá mostras de ter perdido sentido de oportunidade de intervenção. É mais uma coisa grave a juntar à gravidade da coisa toda.____
Rita Marques Guedes, Jurista