A imprensa populista e a calúnia: um caso de estudo
As perguntas eram estas: quem pagou uma conta de 140 euros num restaurante no festival de Munique e mais 770 euros do hotel? A insinuação é que a conta teria sido paga por David Groenewold, um produtor de cinema, porventura a troco de favores suspeitos. Depois de vários artigos sobre o assunto, escritos sob a insistência feroz de Kai Diekmann, o editor do Bild, o Ministério Público decidiu abrir uma investigação por corrupção. Para isso, pediu o levantamento da imunidade do Presidente, com o cuidado de dar a notícia em primeira mão ao jornal. Wulff demitiu-se imediatamente.
Dois anos depois, a investigação tinha mobilizado 24 agentes que escrutinaram 45 contas bancárias, revolveram 5 terabytes de dados, escutaram 37 telefones e fizeram buscas em 8 casas. Tudo isto custou 5 milhões de euros. No fim, o juiz declarou que Wulff era inocente e o Ministério Público renunciou a apresentar qualquer recurso. Como disse então um dos adversários políticos de Wulff, a perseguição movida por aquela imprensa foi um instrumento de tortura.
Quanto mais se sobe, de mais alto se cai? Wulff caiu, aparentemente sem saber porquê. No entanto, o jornal que motivou o escândalo e os que o acompanharam não sofreram qualquer consequência, mesmo que a vida política do presidente tivesse terminado. Pelo contrário, a impunidade facilitou ou até estimulou a perseguição, porque as vendas foram confortáveis durante a novela. Assunto encerrado.
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